Luke
O nevoeiro dava um ar ainda mais sinistro à casa. Várias das telhas tinham caído ou voado com o vento, algumas janelas estavam partidas e tapadas por teias de aranha, o que anteriormente foi um jardim estava totalmente estragado; ainda existem vestígios de flores, mas à primeira vista apenas é possível observar ervas daninhas.
O que eu temia aconteceu e uma chuva miudinha começou a cair. Coloquei o carapuço da minha sweatshirt preta e abri o pequeno portão de acesso ao jardim que rodeava a casa. A pequena porta de madeira rangeu mal eu lhe toquei e, quando fiz um pouco mais de pressão, esta partiu-se e caiu no chão, a meus pés.
O caminho de terra que dava para a porta de entrada da casa encontra-se lamacento e amaldiçoo-me a mim próprio por ter decidido calçar umas sapatilhas brancas.
Rodo a maçaneta ferrugenta da porta e esta abre-se com um estalido, dando-me então acesso ao interior da casa.
Um cheiro a mofo um tanto desagradável sente-se aqui dentro. Dou um espirro quando a poeira levanta devido ao vento que vem de lá de fora. Encosto a porta – ou tento pelo menos – e observo o espaço à minha frente.
A casa tem dois pisos. No que me encontrava, o de baixo, existiu uma sala de estar e uma cozinha. Agora só existiam vestígios do que o que um dia foi um espaço agradável. Não estavam mobilados a não ser uma estante no sítio onde foi a sala e uma banca na cozinha feita de granito que já se encontrava estalado. Testei a torneira, mas, como esperava, não havia água. Uma única parede feita de tijolo separava as duas divisões. Esta não parecia ter muita estabilidade; dava a impressão que se me encostasse a ela, iria acabar entalado debaixo dos tijolos.
Procurei por alguma coisa nas velhas gavetas da cozinha, mas não havia absolutamente nada a não ser destroços. Uma única cadeira encontrava-se a um canto, entre a bancada e uma porta que descobri dar acesso à despensa. Lá ainda existia uma máquina de lavar louça cheia de pó e tapada por telhas caídas; algumas vassouras e detergentes já há muito fora de validade estavam pousados numa estante que com o tempo foi inclinando. Do teto – que se encontrava cheio de humidade – pingavam grossas gotas de água. Embora saiba que ninguém lá entrará coloco um balde já meio partido lá por baixo. Sei que não valerá a pena; quando ele estiver completo a água transbordará, mas ao menos sei que não haverá nenhuma inundação durante o tempo que ali estiver.
Deixo a despensa e dirijo-me às escadas de acesso ao andar de cima. Tenho até medo de as subir; aquilo vai ceder com o meu peso. Alguns degraus já nem estavam lá. Os que ainda se aguentavam tinham o centro mais fundo dando a entender as vezes que subiram e desceram aquelas escadas. Quantas vezes a Alison subiu e desceu aquelas escadas.
Com cuidado subo um degrau de cada vez tentando distribuir o meu peso por todo o corpo. O ranger que se ouvia mal eu pousava o pé assustava-me; já tinha subido cinco degraus – faltavam seis. Havia agora dois degraus em falta; tive de impulsionar a minha força na perna direita e tentar chegar rapidamente com a esquerda ao degrau seguinte. Ao realizar o ato ouço um baque surdo. E, de repente sinto as minhas pernas ao penduro e só os meus braços se agarravam à madeira. O degrau onde estava anteriormente tinha caído. A queda não era de maneira nenhuma fatal; nem um tornozelo eu partiria se desse o salto como deve ser. O problema é que depois não iria conseguir subir as escadas com três degraus seguidos em falta. Ouço um parafuso saltar e cair, e depois outro e ainda outro segundos mais tarde. Bastava saírem mais três parafusos e estatelava-me no chão. Agarro-me ao corrimão do meu lado direito e arrasto-me até ao cimo das escadas – e, apesar de não estar com grande confiança não caí.
Dei um suspiro de alívio quando senti os meus pés em solo firme – ou não tão firme assim. O chão rangia por baixo de mim. Ia mas era acabar por dar um tombo ainda maior do que o que podia dar há momentos. Tentei andar o mais levemente possível enquanto inspecionava o piso de cima.
Existiam 4 portas. Quartos, muito provavelmente. Abri a porta mais perto de mim – a primeira à minha direita - e encontrei um quarto que anteriormente deveria ter sido de casal: era espaçoso e existia um grande janelão paralelamente à porta. Os vidros deste, apesar de não estarem partidos, já se encontravam estalados e a caixilharia parecia não aguentar com o peso do material. Não me atrevi a abrir os vidros que davam para a varanda. Podia não ser muito estável e ainda caía levando-me consigo. Aquele quarto não tinha absolutamente nada. Não estava mobilado, nem mesmo a casa de banho que se encontrava enquadrada no mesmo.
Passei ao próximo quarto do outro lado do corredor. Era exatamente igual ao outro. Provavelmente o quarto de hóspedes ou assim – ou o primeiro é que poderia ser o quarto de hóspedes.
A outra porta era uma casa de banho comum, onde ainda existia uma banheira, mas que estava toda partida e cheia de pó.
Abri a última porta e encontrei outro quarto. Este era mais pequeno e ainda tinha uma estante. As janelas estavam abertas convidando o vento e a chuva a entrar. Fechei-as devido à corrente de ar que me atingia atrapalhando-me com as teias de aranha que as cobriam. Dirigi-me até à estante e lá encontrei algumas molduras e porta-retratos. Numa delas estava ela. Apesar de a foto estar muito maltratada reconheci-a de imediato. Os grandes olhos verdes tapados pelos óculos não me enganam. Tinha provavelmente a mesma idade da foto onde estamos juntos. Estava acompanhada por dois adultos: eram os pais. Tenho a ligeira memória das suas caras, mas se não soubesse que eram Delilah e Henry não chegaria lá.
Havia outra fotografia da Alison, também ela ainda pequena. Estava na praia com uns óculos de sol demasiado grandes para ela. Deviam de ser da mãe.
Uma moldura meia inclinada, quase a cair da estante, encontrava-se no canto da prateleira. Peguei nela e observei-a. Também tinha uns 6 anos nesta. Reparo que em todas as fotos ela tem a mesma idade, por isso imagino que ela saiu desta casa ainda pequena. Será que foi na altura em que não apareceu em Sydney? Será que nesse verão lhe tinha acontecido alguma coisa? Teria mudado de país? Tantas perguntas, nenhuma resposta.
Observo melhor a foto. Ela está com dois adultos, mas não são os pais. Estão a tirar uma foto em frente da entrada do...
Do Prospect Park.
Tenho a certeza que aquele é o Prospect Park. Reconheceria aquele parque de longe. Pesquisei muito sobre ele; cheguei até a fazer um trabalho para a escola onde o mencionei.
Aqueles não eram os pais dela, poderiam ser amigos? Família?
Não sei... Só sei que ela não estava em Queens naquela foto.
Talvez ela só estivesse de visita ao parque. Mas não interessa, é um ponto de partida.
Ela estava em Brooklyn.
E, com sorte, ainda lá está.
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hey, hey :)
desculpem não publicar desde quinta, mas não tive tempo :(
espero que esta semana não haja impedimentos. Se tudo correr bem publico todos os dias!
adoro-vos,
inês ^^
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photograph » luke hemmings
Fanfiction"we keep this love in a photograph we made these memories for ourselves where our eyes are never closing our hearts were never broken and time's forever frozen still so you can keep me inside the pocket of your ripped jeans holding me close until ou...