Alison
Tenho saudades do frio de Brooklyn. Detesto o calor abrasador de Sydney.
Will teve até de me levar a um centro comercial para eu poder comprar alguma roupa; o vestuário que trouxe não era suficiente fresco. Will disse-me que aquelas roupas eram para o verão de Nova York e não para o verão de Sydney. Não consegui discordar dele.
Agora – já com roupa mais leve – arrasto-me até à cozinha, pego numa maçã e dou umas trincas na mesma. Estava sozinha em casa; Kate e Julian estavam a trabalhar, Simon tinha ido a uma festa de anos e Will foi a um minimercado que existia ali perto comprar umas pizzas congeladas para o jantar.
Durante a tarde estive a ver um filme num canal qualquer e encontrava-me bastante ensonada por ter estado o tempo todo deitada no sofá.
Decido ir dar uma volta pelo jardim. Saio por uma porta existente na cozinha que dava acesso ao exterior e semicerro os olhos devido aos raios de sol que se lançaram na minha direção. Entro de novo em casa e procuro pelos meus óculos escuros. Coloco-os depois de os encontrar na minha mala e dirijo-me de novo até ao jardim, pela mesma porta de há pouco.
O dia já ia quase no fim e o sol começava a pôr-se, apesar de a luminosidade continuar forte.
Dou mais umas trincas na maçã enquanto caminho por entre as plantas do jardim.
Dou por mim a pensar no que vou perguntar à família da casa ao lado quando a for visitar amanhã. Apenas vou ser direta e perguntar pela família de Luke. Talvez eles até tenham algumas fotografias ou lembranças que tenham ficado lá e que não tiveram oportunidade de devolver. Peço a todos os santos que eles tenham informações sobre o meu amigo e sua família; não viajei até aqui para sair sem novidades. Por outro lado tenho medo dessas novidades... Espero que Luke não tenha saído de Sydney, ou ainda pior, ter saído da Austrália.
Desvio estes pensamentos da cabeça e deixo o nervosismo para amanhã. Will já me prometera que iria comigo e por isso conseguia estar um pouco mais aliviada – só um pouco mesmo.
Avisto o velho escorrega amarelo e os baloiços da mesma cor no outro lado do jardim.
Encaminho-me até eles e sento-me num dos baloiços. Ouço o ranger das cordas de ferro devido à idade que estas aparentavam ter e, com medo de que aquilo me caísse em cima, levanto-me e sento-me num dos degraus de acesso ao escorrega – pareciam ter maior estabilidade.
Continuo a saborear a minha maçã, enquanto observo o pôr-do-sol. Este lançava tons de rosas, roxos, azuis e laranjas para o céu. Era um bonito sítio para o observar já que não existia nada a obstruir a visão.
"Hey! Esse é o meu sítio para pensar!" – uma voz vinda de trás de mim soa. Era Will.
"Não mo deixas roubar-te por mais 2 minutos? Só até acabar de comer a maçã, depois é todo teu." – digo, fitando a sua figura enquanto esta se aproxima de mim.
"Estamos combinados." – o rapaz sorri e senta-se na relva de frente para mim. Não trazia os sacos com as pizzas consigo o que me fez pensar que já os teria guardado na cozinha sem eu dar conta. – "Então e estavas a pensar em quê?"
"Neste momento só estava a observar o pôr-do-sol."
"É lindo não é? Costumo vir muitas vezes para aqui a esta hora. Ou costumava, antes de ir para Brooklyn. Do meu apartamento não é possível observar um pôr-do-sol tão bonito quanto este." – Will dá uma pequena risada e desvia o seu olhar para o chão à sua frente.
"Ainda assim tenho saudades da minha cidade." – admito e ele dá um sorriso de canto. Fita-me de novo.
"Sabes... Nunca me disseste o significado daquele colar. Quer dizer, não precisas de contar se não quiseres. Percebo se for demasiado pessoal para ser revelado."
Até me tinha esquecido do meu fio. Ontem tinha pedido à minha tia que o procurasse no aeroporto e ela prometeu-me que iria passar lá num dia da semana. Apesar das asas de anjo que Will me dera, continuava a sentir o vazio do seu lugar na cavidade da minha garganta. Abano a cabeça e digo:
"Bem... Como já sabes, os meus pais morreram. Aquele colar pertencia à minha mãe. Ela costumava dizer que a meia-lua representava os seres humanos: a parte que se via representava o exterior de uma pessoa; o que qualquer um conseguia ver... representava a opinião das pessoas. Enquanto que a parte escura, o que não se conseguia ver, representava a nossa essência; a nossa personalidade, a nossa alma, aquilo que só nós mesmos conseguimos decifrar. Esse é o significado do colar e por isso é tão importante para mim. Para mim aquele colar representava um pouco da parte escura da minha meia-lua."
"Isso é muito bonito Alison. Quase tão bonito quanto aquele pôr-do-sol. E concordo com a tua mãe. Fico muito feliz por não te incomodares em partilhar isso comigo." – os olhos de Will estavam mais brilhantes que nunca e pensamentos que nunca tinha vivido irromperam a minha mente. O seu sorriso era capaz de iluminar um cidade inteira. Era até capaz de me iluminar, tanto por dentro como por fora. Nunca tinha sentido isto com alguém; sentido que alguém me compreendia.
Abro a boca para falar, mas sou interrompida pelo barulho da garagem a abrir e pelo carro dos pais de Will a estacionar nesta. Poucos segundos depois, Simon sai do carro com o balão agarrado ao pulso. Não consigo controlar o sorriso quando vejo o rapaz de 10 anos naqueles modos. Will dissera-me que ele era mais criança do que o que parecia; sem dúvida que aquele era o melhor momento para o comprovar.
Volto o meu olhar de novo para Will. Os seus olhos azuis estavam pousados em mim o que me faz perguntar se ele me fitara o tempo todo. Acabo com a conversa de há momentos:
"Confio em ti, Will."
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photograph » luke hemmings
Fanfiction"we keep this love in a photograph we made these memories for ourselves where our eyes are never closing our hearts were never broken and time's forever frozen still so you can keep me inside the pocket of your ripped jeans holding me close until ou...