47

1.9K 173 37
                                    

Luke

Andava às voltas pela Target a ver se alguma coisa captava a minha atenção. Ainda tinha duas horas até o voo dos meus pais aterrar.

Paro na zona da livraria e procuro um livro de que a Alison possa gostar. Encontro uma prateleira com livros a metade do preço; todos eles romances de Nicholas Sparks. Posso não conhecer muito bem os seus gostos de agora, mas lembro-me de que em pequena a Alison detestava lamechices. Vou pelo instinto de que isso não mudou e deixo os descontos para trás. 

Dou uma vista de olhos na banca dos thrillers e leio o resumo de um dos bestsellers da atualidade. Decido levá-lo - espero que goste.

Não que esteja a tentar fazer frente a Will. De maneira nenhuma. Gosto demasiado de ambos para fazer isso. Ele até apoia a mesma equipa de futebol que eu! E gosto de ver a Alison feliz. Só namoram há dois dias, mas consigo ver a diferença no sorriso dela; agora já se notam as covinhas de que sempre tive inveja quando criança.

Apenas me sinto um pouco culpado por ter encostado o ouvido à porta quando ouvi a pergunta de Will. Apesar de não ter ouvido resposta, imaginei que ela tivesse aceitado. Mas antes que pudesse ter ouvido mais alguma coisa, um grito no piso de baixo tinha-me chamado à realidade. A Chloe tinha-se cortado nuns cacos de vidro que estavam no chão. A Alison ficou devastada, porque a culpa fora dela, dissera-me; esquecera-se de os apanhar depois de ter ajudado a prima a procurar a Agatha (seja ela quem for).

Agora a menina anda com uma ligadura no pé, que lhe faz imensa confusão, não porque lhe magoe, mas sim porque dessa forma não pode calçar as sapatilhas novas devido ao enchimento. 

Vou até à secção da tecnologia e afins, e procuro por uns auriculares novos. Os meus decidiram deixar de funcionar de um dia para o outro. Encontro uns iguaizinhos aos meus, que tinha também comprado na Target, mas em Sydney, e coloco-os no cesto completamente desnecessário, já que apenas tinha dois objetos lá dentro. 

Dirijo-me até à fila de caixas, colocando-me logo na primeira que não estava muito cheia. 

Quando chega a minha vez, retiro a carteira do bolso e pago o devido à mulher do outro lado da caixa.

Deixo o estabelecimento e viro na primeira esquina à direita, sabendo que lá existirá uma paragem de táxis. Ainda vou gastar o meu dinheiro todo nestas viagens. 

Depois de indicar ao taxista que me deixasse no aeroporto, encosto a cabeça na janela e fecho os olhos por momentos.

#########

"Olá, mãe." - digo, enquanto relutantemente a abraço. Depois afasto-me e olho para Andrew. - "E, hum, olá pai."

"Então filho dá cá um abraço, tive saudades!" - ele declara com um sorriso (que, apesar de tudo, sei que não é falso). Aproximo-me e deixo-o entrelaçar os braços à volta do meu tronco. 

"Vamos?" - questiono, depois de cumprimentar Andrew. 

"Não nos vais dizer o que se passa?" - a minha mãe pergunta e eu apenas aceno negativamente com a cabeça. Ela suspira e segue-me, juntamente com o marido e com a bagagem. 

Desta vez era Dennis que nos ia levar a Brooklyn. Deu-me umas palmadinhas nas costas em forma de cumprimento, depois de ajudar os meus pais a guardar as malas. Sinto o coração palpitar-me cada vez mais depressa no peito. Espero bem que ele não mencione a história que me contou; não quero que os meus pais descubram assim - ou que eu descubra assim. Embora tenha 99,9% de certezas de que os protagonistas de tudo aquilo sejam eu, a Alison e as nossas famílias, ainda tenho esperanças de que exista algum pormenor escondido. 

photograph » luke hemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora