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Alison

O teto branco do quarto de hóspedes parece a coisa mais interessante de sempre.

Acordei às 4:30 da manhã e, desde aí, a minha mente não acalmou o suficiente para o sono me atingir outra vez. O pior é que adormeci mais tarde do que o normal e sinto-me cansada – ainda assim, não consigo voltar a dormir. Até pensei em ir para a sala ver um filme, mas não queria acordar ninguém, por isso mantive-me aqui.

Agora, passada 1 hora, não consigo fazer outra coisa senão remexer-me na cama e fitar o teto.

Decido ir tomar um duche para clarear as ideias. Espero que o barulho da água a correr não acorde Will, que está a dormir no quarto ao lado.

Dispo o pijama do corpo e sinto o suor das minhas costas esfriar. Devia de dormir de roupa interior, penso. Ainda não me habituei a este calor de Sydney e durante a noite os cobertores da cama passam horrores comigo – apesar de não aguentar com a temperatura, também não consigo deixar de dormir tapada. É complicado.

Deixo a água correr até ficar morna e vou buscar uma roupa para usar durante o dia. Hoje o Ashton vai passar aqui por casa para falarmos sobre a única coisa que me trouxe aqui: Luke. Ainda não acredito que eles se conhecem! Ontem, quando o rapaz me contou fiquei a olhar para ele com cara de parva. Não estava, de todo, à espera da novidade. Will teve de aguentar com a minha esteria pelo resto da noite.

Ontem, Ashton não me deu grandes informações a cerca de Luke; pediu para que falássemos hoje. Senti-o um pouco apreensivo quando soube de que eu andava à procura dele – não percebi porquê e, na verdade, não pensei muito nisso. Mas fiquei um pouco desconfiada quando ele disse «Não acredito que não percebi antes.». Não percebeu o quê? Faço uma nota mental para não me esquecer de lhe perguntar sobre isso.

Abro o guarda-fatos e pego numas calças de ganga quaisquer e na primeira t-shirt que me aparece à frente; não me preocupo sequer em se combinam ou não, mas a estas horas da manhã, ninguém se importa com isso.

Escolho uma roupa interior da primeira gaveta da mesinha de cabeceira e estendo todas as peças em cima da cama.

Volto para a casa de banho e entro na cabine depois de retirar o resto da roupa que ainda me cobria o corpo.

A água morna relaxa-me os músculos e deixo-me estar debaixo do chuveiro por algum tempo aproveitando a sensação. Coloco a água um pouco mais fria ao fim de alguns minutos e retiro os vestígios de sono que ainda restavam.

Ouço algo a cair no quarto ao lado e percebo que, provavelmente, acabei mesmo por acordar Will.

Depois de me sentir completamente limpa, desligo a água e enrolo-me numa toalha, voltando para o quarto de seguida. Abro um pouco a porta do mesmo apenas numa frincha e espreito lá para fora; Will acabou de sair do quarto e está a descer as escadas. Sem dúvida que acordou há pouco tempo – quase que tropeça nos degraus e apetece-me rir devido à sua figura. Contenho-me e fecho de novo a porta.

Visto rapidamente a roupa que tinha escolhido antes do duche e escovo o cabelo, deixando-o molhado, já que não estava com paciência para o secar.

Passo o meu olhar pelo despertador e vejo que passei quase meia hora debaixo do chuveiro: eram 6:00.

Em bicos de pés, deixo o meu quarto e desço as escadas. Ouço barulhos vindos da cozinha e logo sei que é Will.

Encosto-me à ombreira da porta e vejo o rapaz preparar uma torrada e a fazer um sumo de laranja natural. Estava tão entretida em ver o que ele fazia que não dei conta que se encontrava em tronco nu. Dou por mim a fitar a maneira de como os músculos das suas costas de mexiam enquanto ele preparava o pequeno-almoço. Sinto um rubor nas faces e repreendo-me a mim própria por ser tão estúpida.

Depois de o calor no meu rosto desaparecer e percebendo que Will não vai dar pela minha presença tão facilmente, acabo por ser eu a falar:

"Bom dia." – o rapaz assusta-se, dá um pequeno salto e solta um pequeno grunhido de que não percebo a razão.

"Alison!" – Will acaba por dizer e vira-se para mim. Uma das mãos encontra-se bastante vermelha e aí percebo a razão da sua interjeição.

"Queimaste-te?" – pergunto, alarmada, e aproximo-me dele. – "Oh meu Deus, desculpa não te queria assustar! Muito menos magoar! Senta-te naquela cadeira. Desculpa mesmo."

"Não faz mal. Calma, não é nada de mais. E fala um pouco mais baixo, ainda é cedo e não quero acordar os meus pais e o Simon." – ele diz, sentando-se na cadeira que lhe tinha indicado.

"Sim, desculpa." – falo mais baixo, mas ainda assim Will coloca o indicador à frente da boca. Ok, eu tenho a certeza de que agora falei baixo.

"São seis da manhã e já me pediste desculpa três vezes. Está tudo bem." – dá uma deliciosa risada e olha para a mão queimada. – "Podes ir à casa de banho comum e trazer a caixa dos primeiros socorros, por favor? Tem lá um creme para queimaduras. Acho que está na prateleira ao lado do espelho."

"Sim, claro. Já volto."

Volto a subir as escadas e entro na casa de banho comum. Como Will dissera, a caixa encontrava-se na prateleira. Levo-a comigo até ao piso de baixo e sento-me na cadeira ao lado da do rapaz.

Abro a caixa e procuro pelo creme; quando o encontro viro-me para Will.

"Hum... Queres que eu ponha? Não te deve dar jeito com a mão esquerda..." – eu às vezes devia mesmo de calar a boca.

"S...Sim, obrigado."

Aceno com a cabeça, um pouco insegura em relação a isto. Não tem nada de mal espalhar o creme na mão dele. Qualquer pessoa faria isso.

Desatarraxo a tampa da embalagem e faço um pouco de pressão, deixando um pouco do creme na ponta dos dedos.

Agarro levemente no pulso de Will e, suavemente, passo os meus dedos pela pele vermelha do rapaz. Este treme devido à diferença de temperatura e espero um pouco até que se habitue ao frio do produto.

Quando percebo que este já se encontra bem, espalho o creme pela palma queimada da sua mão. Sinto o olhar de Will suspenso em mim e controlo-me para não começar a tremer.

Passados alguns segundos a mão de Will já se encontra mais rosada devido à ação do creme e eu paro de o espalhar. Um pouco relutante, levanto a cabeça e sustento o olhar de Will. Sinto os seus olhos azuis perscrutarem-me o rosto e, antes que o possa prever ou impedir, os seus lábios pressionam-se contra os meus.

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photograph » luke hemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora