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Alison

"Vês? Não precisaste de me carregar para fora do avião, desta vez." – declaro, com as mãos nas ancas e um olhar convencido na cara.

"Linda menina, mereces um rebuçado." – Will diz e bate-me com a ponta do dedo no nariz.

Faço uma cara de zangada.

"Ei, não sou nenhuma criança." – digo e baixo o tom de voz. – "Prefiro um cupcake."

Will ri-se e oferece-me o braço, ao qual aceito. Agarramos nas nossas malas e percorremos a pista de aterragem. Está um frio de rachar e, pela primeira vez, sinto falta do calor de Sydney. Sinto os meus braços descobertos arrepiarem-se e, enquanto esperamos que uma carrinha com passageiros passe à nossa frente, retiro um casaco de lã da mala, vestindo-o de seguida. Muito melhor.

Poucos segundos depois, já nos encontramos no interior do aeroporto. Num gesto involuntário, o meu olhar dirige-se para aquele banco no qual me sentei uma semana antes – e onde o meu colar estava, uma semana antes. Os meus pés moveram-se naquela direção, mas antes que pudesse dar mais algum passo, sinto Will puxar-me o braço.

"Estão ali os teus tios, Ali!" – sigo o seu olhar e encontro-os de braços no ar, a acenarem-nos. Um pouco mais à frente, vejo Chloe correr para mim. Largo as minhas malas e agacho-me à altura dela, apanhando-a pouco tempo depois e levantando-a no ar, enquanto as suas pequenas mãos se agarram ao meu pescoço.

"Olá, Ali. Pensei que não vinhas mais." – ela murmura, fitando-me com os seus olhos verdes arregalados e fazendo beicinho.

"Eu disse-te que não demorava muito tempo, não disse?" – questiono e ela assente com a cabeça.

Para minha surpresa, vejo-a afastar-se e lançar os braços para Will. Este arregala os olhos, com a mesma surpresa que eu, mas logo pega na menina. Chloe esconde o rosto no seu pescoço e depois deixa um beijo na sua bochecha. O rapaz faz o mesmo e põe-na outra vez no chão. Parece que as divergências entre eles acabaram – ou melhor, as divergências que Chloe tinha em relação a ele.

Entretanto, os meus tios já se encontravam à nossa beira. Esmago a minha tia num abraço – bastante – apertado e depois faço o mesmo a Sebastian.

Enquanto estou nos braços do meu tio, ouço a minha tia falar com Will.

"Tomaste conta dela, William?" – desfaço o abraço e fito a minha tia com os olhos semicerrados. Percebo que Will está a controlar-se por não se rir. Só por isso, riu-me eu.

"Claro que sim, Lauren." – ela observa-o por algum tempo (ou melhor, examina-o de alto a baixo) e acaba por o abraçar também. Reviro os olhos ao drama que aquela mulher faz.

"Tia, eu sei tomar conta de mim."

"Sim eu sei, mas o Will prometeu que não te ia deixar sozinha. Só estava a confirmar."

O rapaz desleixa-se e começa-se a rir. Acabo por me rir com ele, e Chloe, que não faz a mínima ideia do que se está a passar, começa-se a rir também.

A minha tia suspira fundo e vira-se para o seu marido com um olhar suplicante. Este encolhe os ombros e diz:

"Está tudo bem, Lauren. Não te preocupes."

"Alison, Alison!" – dirijo a minha atenção para a pequena rapariga que me chamava. – "Não te estás a esquecer de nada?"

"Estou?" – faço uma expressão confusa – "De quê, Chloe?"

Ela lança-me um olhar indignado. Do que é que eu me esqueci?

"Tu disseste à mamã que me levavas a comer um pupcake quando chegasses!" – abro a boca num "o" perfeito. Ela assustou-me, pensei que fosse uma coisa pior.

photograph » luke hemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora