Alison
As escadas pareciam ter o dobro dos degraus do que na verdade tinham. Estava a ver tudo a dobrar, aliás. Só as consegui descer com a ajuda de Will – sem ele teria ficado no avião. Com uma das suas mãos no meu ombro direito e a outra na minha cintura ele lá me ia guiando dizendo uma vez ou outra «Alison, tens de pousar o pé.», ou «Não olhes para a frente, olha para os degraus.», e ainda se tinha de virar para trás e desculpar-se às pessoas que também queriam descer: «Peço desculpa, ela não se está a sentir muito bem.». Alguns resmungavam, mas a maior parte deles compreendia e até se ofereciam para ajudar.
A viagem foi tranquila. Depois de levantarmos voo e de o avião estabilizar não houve quaisquer problemas. Vimos filmes durante quase todo o tempo e Will ia dizendo uma anedota de vez em quando para me tirar os nervos. Apesar de longa, passamos bem a viagem; e o meu receio de a comida não ser boa era completamente desnecessário. Se eu pudesse comia todos os dias as refeições que me serviram na viagem.
A única coisa de que não dispensei foi, de que quando tinha de ir à casa-de-banho, Will ficar sempre do lado de fora da porta, não fosse o avião cair durante o pequeno percurso lugar/casa-de-banho, casa-de-banho/lugar e de não conseguir chegar junto dele a tempo de pelo menos me despedir. Que idiota que eu sou.
Mas, quando o avião começou a descer entrara em pânico. Olhava pela janela e via as luzes das casas e das ruas ficarem cada vez mais próximas e pensava que, àquela velocidade, o avião se iria enterrar no solo. Mesmo quando já tínhamos pousado na pista me sentia como se um buraco negro me fosse engolir.
Então, quando Will me dissera que já estávamos parados, a única coisa que consegui fazer foi ficar estática no meu banco, enquanto ele me agarrava e levantava deste.
E aqui estou neste momento, já em solo firme, com Will a agarrar-me os ombros e a explicar-me que já tudo tinha acabado, enquanto eu me tentava concentrar nas suas palavras, mas o meu olhar atraiçoava-me, fitando a maneira de como os seus lábios carnudos se moviam à medida que ele falava.
Fechei os olhos, inspirei fundo, e voltei a abri-los, sentido sempre o olhar de Will em mim.
Já recuperada, abraço Will, sentindo-o retesar-se, mas logo de seguida os seus braços rodeiam a minha cintura e eu aspiro o aroma da sua colónia, enquanto lhe agradeço por tudo o que tem feito por mim nos últimos dias e, principalmente, durante a viagem.
Desfaço o abraço e arranjo os óculos que tinham ficado tortos por ter encostado a cabeça no ombro de Will. Reparo que do meu lado direito várias pessoas embarcavam noutro avião. Desejo-lhes toda a sorte do mundo e que não tenham nenhuns ataques como os meus.
A sua camisa axadrezada que anteriormente envergava, estava agora atada à volta da sua cintura e em vez desta, era possível observar uma t-shirt cinzenta com o logótipo dos The 1975. No seu braço direito estava gravada uma tatuagem de uma data: 2004-11-23. Desviei o olhar quando dei por mim a observar os seus músculos.
Retirei o meu casaco de malha quando senti o calor de Sydney invadir o meu corpo. Estava uma noite bastante abafada e os cabelos da minha nuca começavam a encaracolar-se devido ao suor.
Estava em Sydney. Uma sensação de alegria súbita apoderou-se de mim. Agora podia encontrar-me com Luke e explicar-lhe quem era – se ele não soubesse, ou lembrasse.
Durante a viagem contei toda a história a Will. Ele ouviu-me atentamente fazendo algumas perguntas ao longo do discurso. Prometeu ajudar-me a tentar encontrar Luke. Pediu-me até que lhe mostrasse a morada - ele era de Marrickville, podia conhecer a localização da casa -, mas tinha-a escrito um papel que deixei numa das malas de viagem. Mostrar-lha-ei quando chegarmos a casa.
"Os meus pais devem estar à nossa espera!" – Will exclama enquanto nos dirigíamos para o interior do aeroporto. Os seus olhos percorriam todo o espaço à procura de sinais dos seus progenitores. A única coisa que eu sei é que a mãe se chama Kate e o pai Julian. Tinha também um irmão chamado Simon. Will dissera-me que era mais parecido com o pai do que com a mãe; os seus olhos azuis e o rosto anguloso eram todos do pai, só os cabelos escuros eram da mãe.
"Will!" – uma voz masculina vinda do outro lado do aeroporto exclama e direciono o meu olhar até lá, encontrando um homem alto de cabelos louros acompanhado por uma mulher que nos acenava e por um rapaz com os seus 10 anos, que vinha a correr na nossa direção.
Will largou as suas malas e pegou no rapaz – Simon, muito provavelmente. –, que lhe tinha acabado de saltar para cima enquanto exclamava «Tive muitas saudades tuas!».
Entretanto, os pais de Will tinham-nos alcançando e ambos abraçavam-no, fazendo-me desviar o olhar devido à intimidade do momento.
O aeroporto era ainda maior do que o de Nova York. Ou então era só impressão já que este não se encontrava tão cheio como o outro; afinal já era quase meia-noite.
"E tu deves ser a Alison." – dirijo o meu olhar até à mulher que se encontra à minha frente. Os seus olhos eram verdes e os seus cabelos pretos caíam-lhe pelos ombros em ondas imperfeitas.
"Sim... Sim sou eu. Muito prazer em conhecê-la, senhora Wesley."
"Trata-me por Kate, por favor, querida." – ela diz e aponta para o pai de Will. – "Este é o meu marido, Julian."
"Bem-vinda a Sydney, Alison!" – ele exclama, lançando-me um sorriso acolhedor.
"Olá Alison!" – Simon, um rapaz muito parecido com o irmão, diz e dá-me um abraço inesperado, mas ao qual correspondo logo de seguida.
"Olá, Simon." – o rapaz olha para mim com as sobrancelhas arqueadas.
"Como é que sabes o meu nome?"
"Tenho os meus contactos." – Simon dá uma risada devido ao meu comentário e volta para a beira do irmão.
"Bem, vamos para casa?" – Julian pergunta e todos anuímos, seguindo depois o pai de Will até ao carro.
Colocamos a nossa bagagem na mala do automóvel e entramos neste sentando-nos nos bancos de trás. Simon sentou-se entre Will e eu e durante a viagem mostrou-me alguns sítios que gostava de visitar e que se tivéssemos tempo me levaria lá um dia.
Sem dar pelo tempo passar, dei conta que o carro parara.
Estávamos em frente de uma casa com 3 andares – o último parecia o sótão -, de uma cor escura e de um estilo que me agradou.
Depois de retirarmos tudo do carro, dirigimo-nos à entrada da moradia, que estava rodeada de um colorido jardim, onde se podia avistar um velho escorrega e baloiço de cor amarela.
"Alison, qual é a morada que querias procurar?" – Kate pergunta-me e eu imagino que ela já está a par da história.
"Hum, é esta..." – eu retiro o papel de uma das malas e mostro-lhe.
"Alison!" – a mãe de Will exclama um pouco alto, sobressaltando-me. – "Esta é a morada de nossa casa."
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photograph » luke hemmings
Fanfiction"we keep this love in a photograph we made these memories for ourselves where our eyes are never closing our hearts were never broken and time's forever frozen still so you can keep me inside the pocket of your ripped jeans holding me close until ou...