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Alison

Acordo com o som de uma bateria a tocar.

Levanto-me da cama e afasto as cortinas, abrindo a persiana de seguida.

Os raios de sol batem no quarto aquecendo-o ainda mais do que o que ele já estava. Olho para o meu despertador: 11h06. Nem acredito que dormi tanto.

O som da percussão ainda era ouvido e perguntei-me quem estaria a tocar. Will ou Simon, certamente. Will nunca me dissera que tocava bateria, ao que imagino que o barulho fosse produzido pelo irmão mais novo.

Dirijo-me à casa de banho e tomo um duche rápido para afastar vestígios de sono do meu corpo. Tenho o pescoço dorido; devo ter dormido com o braço por baixo da cabeça – a minha mãe costumava avisar-me sempre quando me via dormir assim; já sabia que quando eu fosse acordar me iria queixar de dores. Parece que se fechar os olhos ainda a consigo ver sentada a meu lado na cama a abanar-me ligeiramente para eu acordar. Mordo o lábio inferior, impedindo as lágrimas de caírem. Apesar de os anos que passaram as poucas recordações que a minha mente ainda guarda dos meus pais magoam-me quando vêm à deriva.

Enrolo uma toalha à volta do corpo e encaminho-me de novo até ao meu quarto. Procuro por roupa interior na gaveta da mesinha de cabeceira e retiro um vestido azul do guarda fatos.

Já vestida, faço a cama rapidamente, guardo o pijama que tinha anteriormente vestido – que na verdade são apenas uns calções velhos e um t-shirt já rota – e coloco as toalhas utilizadas no cesto da roupa suja.

Seco o meu cabelo o máximo possível, mas o calor que irradiava do secador tornava-se insuportável, por isso deixei-o húmido, apenas de maneira a que as pontas não pingassem.

O som da bateria ainda era ouvido por toda a casa. Não era - de maneira nenhuma – profissional, mas não haja dúvida de que o rapaz se estava a divertir. Ouço Kate gritar da cozinha para que ele parasse, ou então eu acordaria com o barulho. Não sabe que já me levantei.

Saio do quarto e desço as escadas dando de caras com Will que se encontrava estatelado no sofá a rir-se de uma série qualquer - Friends, se não me engano.

"Bom dia." – digo e o rapaz do cabelos escuros levanta a cabeça e apoia-se num cotovelo, lançando-me um sorriso de seguida.

"Quase boa tarde! Não conhecia essa tua faceta de dormir até a estas horas." – diz com uma gargalhada.

"E não tenho. Foi definitivamente uma vez sem exemplo." – declaro com um sorriso trocista e o rapaz senta-se no sofá e dá uma palmadinha do lugar a seu lado convidando-me a sentar.

"Vou buscar alguma coisa para comer, já volto."

Entro na cozinha e cumprimento Kate e Julian; hoje é Sábado por isso eles não foram trabalhar.

Pego numas tostas e barro-as com geleia de morango colocando-as depois num prato para as levar para a sala. Deito um pouco de sumo de maçã num copo e dirijo-me até à divisão onde me encontrava há momentos.

"O teu irmão toca bateria?" – pergunto a Will, quando já estou sentada no sofá. Coloco o prato na mesa de centro e ofereço-lhe algumas tostas, mas esta recusa, desculpando-se de que já tinha tomado o pequeno-almoço.

"Não propriamente. É mais uma distração. Eu tenho um amigo que é baterista e uma vez o Simon viu-o tocar; ficou meio que apaixonado por aquilo. No aniversário dele o meu amigo ofereceu-lhe uma bateria velha que ele tinha lá para casa. O Simon ficou maravilhado com aquilo e desde então tem tido umas "aulas" com ele."

"Quem sabe um dia não se torna um baterista famoso, do tipo Charlie Watts ou Phill Rudd?" – questiono e Will dá um sorriso de canto.

"Eu acho que o Simon vai ser mais de trabalhar na Toys R Us." – gargalho, sem deixar de discordar com o rapaz. – "Mas sim, quem sabe."

"Will, vens comigo à casa dos vizinhos não vens?" – pergunto um pouco receosa de que ele tenha mudado de ideias.

"Claro que sim, Alison. Não te vou deixar sozinha não te preocupes." – ele diz fitando-me e eu dou um suspiro de alívio. – "Já agora, eu hoje à noite vou ter com uns amigos a bar, queres vir comigo? E não digas que não vais porque não conheces ninguém! Vais ver que te vais dar bem com eles. E podes conhecer o "professor" do Simon; acho que ele vai lá estar. Ele costuma ir lá tocar com a banda dele."

"Está bem? Não prometo que vá gostar. Não sou uma pessoa de pessoas." – Will ri-se.

"Também não, Alison, acredita."

"Ah! Mas vocês não se vão embebedar pois não? Olha que se vocês começarem a fazer figuras tristes eu venho-me logo em..." – sou interrompida pelas gargalhadas do rapaz ao meu lado. A sua cabeça estava inclinada para trás e a sua maçã-de-adão estava mais saliente do que nunca. Desvio o olhar para os seus olhos azuis quando volta à posição normal.

"Claro que não, Ali! – Ali. Ali. Ali. – "Apenas vamos conversar, ouvir música e passar um bom bocado. Já te disse que não precisas de te preocupar."

"Hum... Tudo bem." – digo ainda meio receosa de me encontrar com aquelas pessoas que não conhecia de lado nenhum.

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"Ainda não acredito que os vizinhos não tenham nenhuma informação sobre o Luke. Como é que eu o vou encontrar agora?" – pergunto a Will que se encontrava a conduzir o carro.

"Não sei Alison. Não sei mesmo." – o rapaz diz e fita-me por uns segundos, desviando depois o olhar para a estrada à sua frente. São 21:34 e dirigimo-nos para o tal bar onde vão estar os amigos dele. Will dissera-me que a viagem era de cerca de 20 minutos já que o bar era no centro de Sydney. Durante todo o tempo só consegui roer as unhas com o nervosismo. Nunca estive num sítio tão movimentado. E as não muito animadoras novidades dos vizinhos de Will entristeceram-me. Não tenho mais nenhuma pista sobre o paradeiro de Luke.

Passados 5 minutos dou conta do carro parar. Olho pela janela e vejo um pequeno letreiro com luzes néon que dizia: Bar do Andy.

Muito original, penso.

"Preparada?" – Will questiona fitando-me.

"Sim, não, talvez."

Saio do carro e Will acompanha-me até ao interior do bar. O tempo está quente, mas o vento bate-me nas pernas nuas e faz-me arrepiar. Devia ter trazido um casaco.

O interior do espaço é muito mais acolhedor do que o que eu pensava que iria ser. Não estava muito cheio e a música que passava era bastante boa. Will deve ter percebido que eu estava confortável e lança-me um olhar do género «Eu disse-te.». Reviro-lhe os olhos e ele ri-se.

"Olha, estão ali os meus amigos!" – Will exclama e segue até ao balcão. Vou atrás dele e observo os rapazes que lá estavam. Só lá estava uma rapariga que aparentava estar enjoada; não sei é porquê. Eu pensava que eu era baixa mas a rapariga tinha menos uns 10 centímetros do que eu. Os seus grandes cabelos dourados estavam presos com um elástico e os olhos pretos pareciam examinar tudo o que passava por ela. Tinha um ar misterioso; gosto dela. Um dos rapazes – o mais alto provavelmente – tinha uns cabelos castanhos encaracolados e olhos cor de avelã; era bonito, mas não tanto quanto Will. Os outros dois eram gémeos; eram um conjunto de cabelos louros e olhos verdes. Todos pareciam simpáticos e ficaram eufóricos quando viram Will. Até a rapariga deu um meio sorriso.

"Will!" – o rapaz dos cabelos encaracolados exclama. – "Porque é que não me disseste que tinhas namorada?!"

Demoro alguns segundos a perceber que ele se referia a mim. Sinto o rubor nas minhas faces e dirijo o meu olhar para Will que não se mostra muito surpreendido. Já deveria suspeitar que lhe iam perguntar isso.

"Ela não é mim namorada. É uma amiga de Brooklyn que veio passar uns tempos a minha casa." – ele declara e os gémeos trocam um olhar cúmplice que não consigo decifrar.

Will apresenta-me aos amigos. A rapariga de que gostei chama-se Charlotte e os gémeos são o Thomas e o Scott. O rapaz de olhos cor de avelã ficou para último.

"Alison, este é o Ashton."

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photograph » luke hemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora