Luke
Nem consigo acreditar no frio que se faz aqui.
Eu sabia que o Inverno em Nova York não era igual ao de Sydney, mas para mim isto mais parece a Antártida.
Visto um casaco castanho que se encontrava numa das malas e percorro o curto caminho que separa a pista de aterragem do interior do aeroporto. Era difícil encontrar a porta com o nevoeiro cerrado que estava e tinha de estar bastante atento para não ir contra as pessoas que passavam em sentido contrário.
Quando já me encontro dentro do recinto encaminho-me até um pequeno bar e peço um café. A comida do avião era boa, mas os cafés e os chás eram horríveis. Quando já tenho o meu pedido sento-me nuns bancos acolchoados pretos e olho ao redor enquanto dou pequenos tragos na minha bebida.
Nunca tinha estado na América e como primeira impressão, as pessoas de cá parecem ser mais agitadas do que as de Sydney. Vê-se muita gente a correr de um lado para o outro com as bagagens a deslizarem por trás deles; muitas crianças a serem empurradas pelos pais que já estão atrasados para os voos por causa das brincadeiras deles e ainda pessoas a fazerem pequenas compras de última hora – revistas, livros, filmes.
Dou um último trago no meu café e coloco o pequeno copo de plástico na mesinha à minha frente.
Levanto-me do banco e ouço algo cair no chão. Agacho-me e procuro pela fonte do barulho; um fio prateado com um pingente em forma de meia-lua. Era um colar muito bonito – de mulher, certamente.
Dirijo-me ao balcão do bar e pergunto ao homem que se encontrava do outro lado se tinha reparado em alguma rapariga que se tivesse sentado ali, mostrando-lhe o colar de seguida. Este respondeu-me que desde que abriu o estabelecimento hoje, já muitas pessoas, inclusivamente mulheres, se tinham sentado naquele banco.
Agradeço e encaminho-me até ao exterior do aeroporto (acabando por levar o fio prateado comigo), sentindo o frio de Nova York entrar-me na pele. Procuro por um táxi e quando avisto um, levanto o meu braço e o taxista traz o carro até junto de mim. O homem – que acabei por descobrir chamar-se Marvin – ajudou-me a colocar a bagagem na mala do táxi e depois de já estarmos dentro do automóvel indico-lhe a morada do hotel para onde me quero dirigir.
Marvin avisa-me de que a viagem ia ser de cerca de 45 minutos e por isso encosto a cabeça à janela e aprecio a vista da cidade que nunca dorme. Deixamos o centro de Nova York e infelizmente não passamos pela Times Square, mas espero que tenha tempo para a ir visitar um dia.
"Então, vieste sozinho para a Nova York, rapaz? Pareces demasiado novo para andares nesta cidade sem ninguém contigo." – Marvin decide começar uma conversa. Penso nas imensas histórias que aquele homem já deve ter ouvido; muita gente gosta de desabafar enquanto anda de táxi – é uma espécie de psicólogo barato.
"Pode chamar-me Luke. Fiz 18 anos a semana passada. E não vou estar por muito tempo."
"Bom, desejo-te toda a sorte do mundo, Luke." – ele diz olhando-me pelo retrovisor.
Agradeço-lhe com um aceno de cabeça e pergunto-lhe com um sobrolho carregado:
"Isto aqui é sempre tão frio?"
"Bem, no Inverno pelo menos. De onde vens, mesmo?"
"Sou de Sydney." – respondo e Marvin arregala os olhos.
"Oh! Agora percebo a pergunta! Com certeza não estás habituado a este clima." – ele diz mais para si próprio do que propriamente para mim.
A conversa acabou por ali.
Passados 15 minutos o táxi para e olho pela janela; um pequeno hotel encontra-se do outro lado. Marvin sai do carro e dirige-se até à mala deste. Saio também do automóvel e ajudo-o a retirar a minha bagagem. Sem eu contar, o homem abraça-me.
"Sabes, fazes-me lembrar um filho meu, quando ele era mais novo. E repito o que disse há bocado: desejo-te a maior sorte do mundo, Luke." – e com isto entra de novo no carro e faz-se à estrada. Só segundos depois me dou conta que nem sequer paguei pela viagem.
Decido desviar os últimos momentos da minha cabeça e dirijo-me ao interior do hotel.
Percebia-se que não era nenhum hotel de luxo; mas para o que é, sem dúvida que serve.
Encaminho-me até ao balcão existente na entrada e reservo um quarto para uma semana – se por acaso precisar de mais tempo, na altura reservarei outro.
A mulher que se encontra do outro lado do balcão entrega-me umas chaves e um cartão de acesso ao meu quarto e diz-me para seguir pelo corredor da direita. Agradeço-lhe e sigo pelo caminho que ela me indicou.
Encontro o meu quarto a meio do longo corredor, do lado esquerdo. Abro a porta do quarto nº135 e percorro o mesmo com o olhar. Uma cama de solteiro ocupa toda a parede do lado direito do quarto e uma mesinha de cabeceira encontra-se ao lado desta. Na parede oposta está uma secretária de madeira e a seu lado existe uma porta que dá, certamente, para a casa de banho.
Desfaço as minhas malas e coloco as roupas quentes no armário com portas de correr que está situado ao longo da parede onde se encontra a porta de entrada.
Depois de tudo guardado, desbloqueio o telemóvel e ligo à minha mãe, apenas para lhe dizer que o voo tinha corrido bem e que já estava instalado num hotel.
Terminada a chamada, atiro-me para cima da cama e decido descansar pelo resto do dia. Amanhã começaria a "investigação".
Desvio o meu olhar até à mesinha de cabeceira. Quando cheguei pousara ali o colar que encontrara no aeroporto.
Pego nele e examino-o à espera de encontrar algum tipo de letra, nome ou marca que pudesse identificar a dona do mesmo; não havia nada, apenas o fio prateado que já se encontrava um pouco enferrujado dava a impressão de que o colar já teria alguns anos.
Fecho os olhos e fico a pensar que rapariga teria perdido um acessório tão bonito no meio de um aeroporto, enquanto sinto a presença do mesmo na palma da minha mão.
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photograph » luke hemmings
Fanfiction"we keep this love in a photograph we made these memories for ourselves where our eyes are never closing our hearts were never broken and time's forever frozen still so you can keep me inside the pocket of your ripped jeans holding me close until ou...