Alison
Sinto falta da minha meia-lua. Sinto-me pela metade sem ela. Era uma maneira de sentir a minha mãe sempre perto de mim; assim é como se ela se tivesse ido embora. Encurtei o colar que Will me oferecera no meu aniversário, de maneira a que as asas batessem na cavidade da garganta, para tentar acabar com o vazio que lá ficara – sem grande resultado; não é a mesma coisa. Aquele sítio já se habituou de tal maneira meia-lua que a sua forma quase podia lá ficar gravada.
Não consigo acreditar que não me vou sentir preenchida outra vez; o colar foi-se. Consigo imaginar uma mulher qualquer com ele ao pescoço – como se alguma vez fosse ter para ela o significado que tem para mim.
Não tenho sorte nenhuma; perco tudo... Seja de que maneira for, perco tudo.
Quem me dera que a minha vida fosse um livro. Onde eu podia fazer o que quisesse sem ser julgada. Onde eu podia simplesmente fazer com que tudo o que eu desejasse, acontecer. Como num livro que li há alguns meses: a rapariga tinha um colar com um pingente em forma de anjo, e quando ela estava em perigo, este transformava-se num verdadeiro anjo e a salvava do que quer que fosse. Se eu fosse uma personagem de um livro, podia fazer com que as minhas asas ganhassem vida e me ajudassem quando precisasse.
Mas acho melhor não pensar em coisas que não vão acontecer – coisas que nunca vão acontecer.
Pego numa maçã do cesto da fruta e vou dar uma volta pelo jardim.
Hoje o dia está quente, mas o céu está nublado; apenas alguns raios de sol conseguem penetrar por entre as nuvens cinzentas. Com sorte ainda vai cair alguma chuva durante a tarde. Ou talvez as nuvens dispersem mais para o fim da manhã.
É segunda-feira, pelo que só eu, Will e Simon nos encontramos em casa. Os rapazes estão a dormir; ainda é bastante cedo para eles. Só daqui a cerca de hora e meia é que eles acordam. Por incrível que pareça consegui dormir quase toda a noite. Pela primeira vez as insónias não me incomodaram.
Esta noite descobri que Simon é sonâmbulo. Acordei com ele a bater-me à porta do quarto; na altura pensei que fosse Will (apesar de não haver motivo aparente para ele aparecer no meu quarto de madrugada), mas quando abri a porta, dei de caras com um Simon meio adormecido. Ele não disse nada e apenas entrou no meu quarto, deitando-se de seguida na minha cama e puxando os lençóis por cima dele. Quando cheguei junto do rapaz, este já tinha adormecido. Não sabia o que fazer por isso chamei Will e lembro-me da sua cara de divertimento quando lhe contei o sucedido; pelos vistos, Simon tem a mania de se deitar nas camas dos outros, ou até em sítios estranhos – uma vez deram com ele a dormir em cima da máquina de lavar loiça. Acabou por ficar tudo bem quando Will pegou no irmão ao colo e o levou até ao seu quarto, deixando-o lá a dormir com ele, para não ocorrer outra vez o mesmo incidente. Quando me deitei de novo na cama, adormeci imediatamente.
Sento-me no degrau do escorrega – parece que já não é só o sítio de pensar de Will – e observo o nascer do sol (que já nasceu há algum tempo).
Dou mais umas trincas na maçã e retiro o meu telemóvel do bolso dos calções.
Desbloqueio-o e procuro pelo número na lista de contactos. Carrego na letra «L» e logo o encontro. Luke.
Não tive coragem de lhe ligar ontem. Acho que foi pelas súbitas novidades; estava em choque. Ainda não acreditava que Luke estava em Nova Iorque. E ainda não acredito. Há com cada coincidência... Porque é que ele tinha de encontrar a fotografia ao mesmo tempo que eu? Egoísta, penso, e logo dou uma risada interior aos meus pensamentos absurdos – como se ele tivesse culpa.
Carrego no verde e, com as mãos a tremer, encosto o telemóvel ao ouvido. Espero cerca de 10 segundos, até que... O número que tentou contactar, não está disponível. Por favor, tente...
Solto um grunhido e desligo a chamada. Como a mulher ia dizer, tento mais tarde. Em Nova Iorque devem ser cerca de 21h00, talvez possa já estar a dormir e desligou o telemóvel. Ou não tem bateria. Ou muitas outras opções.
Guardo de novo o telemóvel no bolso, não esquecendo antes de verificar se este tinha som; Luke poderia ligar-me entretanto.
Acabo a minha maçã e volto para dentro de casa, deitando o caroço da peça de fruta no caixote do lixo existente na cozinha.
Ouço ruídos vindos da sala e encaminho-me até lá em bicos de pé. Acabo por passar por cima de um certo sítio do soalho, fazendo com que este guinche. Amaldiçoo-me a mim própria por ser tão desastrada; já sabia que aquela tábua fazia barulho.
Chego à porta de acesso à sala e entreabro-a para espreitar para dentro da divisão.
Tudo acontece demasiado rápido: num momento vejo um vislumbre da sala, no seguinte sinto uma grande pancada na cabeça e depois já estou deitada no chão com uma mão na testa – vou ficar com um galo.
"Alison! Oh meu Deus, estás bem?" – era Will. Sinto um dos seus braços rodear-me o tronco e o outro, os joelhos. Segundos depois já me encontro içada e entregue à força do rapaz. Abro o olho direito e percebo que ele me olha com preocupação. Anda um pouco e quando já nos encontramos no centro da sala, deita-me no sofá. Com algum esforço sento-me e logo sei que foi má ideia. Uma tontura atinge-me e sinto que vou desmaiar. Aguento-me e, depois de cerrar os olhos com alguma força, abro-os de novo e dirijo a minha atenção para o rapaz ao meu lado.
"Mas que raio aconteceu?" – pergunto, um pouco alto de mais, e volto a baixar a voz depois de sentir a minha cabeça a latejar com o som.
"Eu não faço ideia. Eu ouvi um barulho na cozinha e fui ver o que era. Mal abri a porta vi-te a cair no chão. Acho que levaste com ela na cabeça." – faz um trejeito com a boca e toca-me na testa. Afasto-me mal sinto a dor atingir-me o resto do corpo.
"Estamos destinados a magoarmo-nos um ao outro." – eu digo, depois de me lembrar que na manhã anterior o tinha feito queimado a mão.
"Sim..." – ele solta uma gargalhada e levanta-se do sofá. – "Eu vou buscar um bocado de gelo, já volto."
"Pode ser um saco de ervilhas congeladas, se preferires." – afirmo, apenas com um olho aberto. Ele fita-me e abana a cabeça em divertimento.
"Andas a ver muitos filmes, Ali."
O rapaz volta segundos depois com um saco de ervilhas na mão.
"Parece que gostas dos filmes que eu vejo." – retruco e Will ri-se passando-me o saco. Encosto-o à minha cabeça e aprecio a temperatura fria contra a minha, quente.
"Estás melhor?"
"Já consigo abrir os dois olhos, acho que é um bom sinal." – Will gargalha de uma maneira deliciosa, arrepiando-me os pequenos pelos dos braços.
Retiro de novo o telemóvel do bolso e volto a marcar o mesmo número.
"A quem vais ligar?" – Will questiona e eu levanto o dedo indicador, pedindo-lhe que espere um pouco.
O número que tentou contactar, não...
Começo a ficar preocupada. Ele está tão longe da família e dos amigos. Sozinho no meio de Nova Iorque? Não é boa ideia. Não é propriamente o local mais seguro do mundo. Tenho medo que lhe aconteça alguma coisa... Ou que já tenha acontecido.
"Will, eu vou voltar para Nova Iorque." – nem eu esperava ter decidido isto tão rapidamente.
"Alison! Acho que a pancada está a fazer efeito."
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hey, hey :)
não publiquei ontem af, peço desculpa, não tive tempo para escrever.
mas... novo capítulo! espero que tenham gostado.
e como não tenho mais nada a dizer...
adoro-vos,
inês ^^
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photograph » luke hemmings
Fanfiction"we keep this love in a photograph we made these memories for ourselves where our eyes are never closing our hearts were never broken and time's forever frozen still so you can keep me inside the pocket of your ripped jeans holding me close until ou...