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13

Luke

"Alison... aquela Alison?" – eu pergunto para ninguém em particular.

"Não sei em que Alison estás a pensar, filho." – a minha mãe diz. – "Mas sim, é provavelmente essa Alison."

O meu irmão Jack chega-se para a frente e pega na fotografia.

"Eu lembro-me dela. Ela veio passar um mês à nossa antiga casa, juntamente com os seus pais. O Henry e a Delilah. A Delilah era a melhor amiga da mãe."

"Sim, era essa Alison em que estava a pensar..." – murmuro.

"Isso já foi há imenso tempo, querido." – Liz diz. – "Pensei que isso já não te incomodasse. Por isso é que juntei o álbum aos outros."

"Não me incomodou. Só não estava à espera de encontrar esta foto assim de repente. Intriguei-me porque era óbvio que ela me era alguma coisa." – pego na fotografia e viro-a – "Senão não estaria aqui atrás o meu nome."

"Eu lembro-me dessa fotografia." – o meu pai começa. – "Fui eu que a tirei. E o teu nome está aí, porque na outra metade da fotografia estás tu. Se reparares, está uma mão no ombro dela. É a tua. E essas palavras atrás foram escritas pelo Henry, o pai da Alison."

Viro a foto e olho com mais atenção. Realmente, é possível observar uma mão no seu ombro esquerdo.

"Vocês não tiveram mais contacto com os pais dela? O Jack disse que a mãe era muito amiga da Delilah...?" – eu meio que pergunto.

"Sim éramos muito amigas, conhecemo-nos em pequenas quando ela se mudou para Marrickville. Quando tinha 21 anos conheceu o Henry e foi com ele para Queens. Continuamos a falar quando engravidei do Ben e depois do Jack. E quando engravidei de ti Luke, ela estava grávida ao mesmo tempo. Da Alison. Então, quando vocês já tinham 5 anos convidei-a a passar umas férias na nossa antiga casa em Marrickville. Eles vieram para cá e tu e a Alison deram-se bem logo desde o início. Ficaram ambos muito tristes quando ela se foi embora. Passados dois anos, tinham vocês 7 anos, era suposto eles virem outra vez passar cá as férias... mas não apareceram. Tentei contactá-los, mas ninguém respondia. Nunca mais soube nada da sua família. Passaram-se também muitos anos, até mudamos de casa e tu foste-te esquecendo dela."

"Então... ela vive em Queens?" – eu pergunto depois de ouvir a história toda.

"Não sei filho, já se passaram 17 anos, pode ter mudado de residência." – foi a vez do meu pai falar.

"Certo..." – eu sussurro, mais para mim próprio do que para alguém que estivesse sentado à mesa. O almoço já há muito estava acabado e os pratos ainda se encontravam na mesa.

"Luke, deixa-me ver uma coisa na fotografia por favor." – Ben, que tinha estado calado o tempo todo, pede e eu estico o braço por cima da mesa, entregando-lhe a foto.

O meu irmão mais velho, já com a fotografia na mão, examina as palavras que estão escritas atrás.

"Mãe, esta morada é da nossa antiga casa, não é?" – ele pergunta.

"Sim é. Sabemos porque essa foto foi tirada lá e acabamos por escrever aí alguns dados para recordação."

"Vocês sabem onde está a outra parte da fotografia?" – eu pergunto dirigindo-me aos meus pais.

"Nós apenas tínhamos essa fotografia guardada e quando convidamos a Alison e os pais a passarem as suas férias cá pela segunda vez – quando eles não apareceram – enviamos-lhes a tua parte da foto juntamente com uma carta. É provável que eles ainda a tenham." – Andrew conta.

"Certo... eu gostava imenso de a voltar a ver." – murmuro.

"Um dia poderás ir a Queens e quem sabe se não a encontras." – Liz diz com um pequeno sorriso. – "Aliás... Andrew, nós tínhamos a morada da Delilah, não tínhamos?"

"Sim, é verdade. Eu vou procurar lá em cima, já volto." – ele diz levantando-se da mesa e eu não consigo conter o meu entusiasmo.

"A sério? Têm mesmo a sua morada!?"

"Penso que sim, mas filho, já te dissemos que a Alison pode ter mudado de casa."

"Sim, eu sei, mas é um ponto de partida."

"Bom, enquanto o vosso pai vê se encontra a tal morada eu vou buscar as nossas sobremesas."

A minha mãe dirige-se à cozinha e os meus irmãos começam uma conversa sobre o assunto de há instantes. Não consigo deixar de pensar que talvez a possa reencontrar. Não me lembrava dela pela fotografia, mas depois de tudo o que os meus pais me contaram, tudo se tornou mais claro na minha mente.

Os meus pensamentos são interrompidos por uma voz vinda do andar de cima.

"Encontrei!" – era a voz do meu pai.

Segundos depois o meu pai já se encontrava ao nosso lado com um bloco de notas na mão e a minha mãe chegava momentos depois com um tabuleiro exibindo cinco taças de uma (de certeza) deliciosa mousse de chocolate. Entregou uma a cada um de nós e sentou-se depois seguida pelo meu pai.

"Encontrei a morada!" – ele repete e estende-me o pequeno bloco de notas com palavras escritas:

Morada de Delilah: 214th Street & 90th Ave Queens Village, Queens, NY 11428, EUA

Sempre disse a mim mesmo que a 1ª coisa que faria quando atingisse a maioridade era tirar a carta de condução.

Mas talvez uma viagem de avião fosse uma melhor opção.

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