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Alison

"Mas é impossível ele ter desaparecido!" – olho para Will, que já me ouvira a gritar a mesma frase mil vezes.

"Vamos encontra-lo, vais ver! O chão não tem buracos!" – o rapaz tenta acalmar-me, mas sem grande sucesso. – "Quando foi a última vez que o viste?"

"Ontem, quando me instalei aqui no quarto, fui à casa de banho guardar algumas coisas e quando me olhei ao espelho ele já não estava no meu pescoço!"

"Hum... eu tirei umas fotos nossas no avião. Pode ser que dê para ver se ainda o tinhas ou não. Já volto!" – Will exclama e sai do meu quarto, gritando depois, quando já estava a descer as escadas. – "E não desesperes!"

Não percebo como perdi o meu colar. O colar da minha mãe. Nos últimos 11 anos nunca saiu do meu pescoço, a não ser para dormir ou tomar duche, e logo agora que eu estou no outro lado do planeta ele lembra-se de desaparecer! Até quando Delilah ainda era viva eu andava com ele várias vezes! Não percebo o que aconteceu. Dou mais uma volta ao quarto, mas não há sinais da minha meia-lua prateada.

Estou a desesperar!

"Will, estou a desesperar!" – repito, agora em voz alta, quando o meu amigo entra no quarto.

"Estive a ver as fotos que tiramos... Já não tinhas o colar quando as tiramos. Tirei-as cerca de 20 minutos depois do voo começar, por isso é pouco provável que esteja no avião. Tens a certeza que o trouxeste contigo? Não o deixaste em tua casa?"

"Não, eu tenho a certeza que o tinha comigo quando chegámos ao aeroporto. No carro eu ia agarrada a ele! E quando estávamos à espera do voo também. Só pode estar no aeroporto... Ou no avião." – digo, murmurando a última frase.

"Se calhar podes pedir aos teus tios que passem pelo aeroporto. Talvez eles o encontrem. Embora, muito provavelmente, alguém já o tenha encontrado..."

"Eu não acredito nisto, como é que é..." – sou interrompida por uma voz vinda do piso debaixo.

"Pequeno-almoço!" – era a mãe de Will.

"Já vamos, mãe!" - o rapaz à minha frente grita de volta. – "Vamos comer alguma coisa, antes que vomites de nervosismo?"

"Sim... Vamos." - respondo, desviando os pensamentos do colar desaparecido da cabeça.

Will sai do quarto e desce as escadas, comigo nos seus calcanhares. 

Passei mal a noite. Não conseguia dormir e acabei por ficar a fitar o teto durante muito tempo a tentar encaixar todas as informações que me tinham dado naquelas últimas horas. Kate tinha-me dito que a morada desta casa correspondia à morada que a minha avó me tinha dado; o que quer dizer que esta é a casa onde a minha mãe morara. É um pensamento um pouco sinistro, a meu ver. Mas há uma coisa boa... Sei que a Liz era vizinha da minha mãe; portanto a sua casa era uma das que se encontravam de cada lado desta. O meu coração acelera com a possibilidade de Luke estar a poucos metros de distância de mim. Vou tentar arrecadar algumas informações sobre a vizinhança agora ao pequeno-almoço.

Dou os bons-dias aos pais e irmão de Will que já se encontravam sentados à mesa. Sobre ela, estavam torradas, biscoitos, pão, fruta, vários tipos de geleia e uma caneca com sumo de laranja. Sem dúvida que esta família leva a sério a regra do pequeno-almoço ser a «refeição mais importante do dia».

"Dormiste bem, querida?" – a mãe de Will pergunta e eu assinto com a cabeça, apesar de estar a mentir. Sento-me ao lado de Will, de frente para Simon. Este lança-me um sorriso resplandecente e eu atiro-lhe outro de volta.

"Come o que quiseres, Alison, não tenhas vergonha." – Julian diz e eu agradeço, pegando de seguida numa torrada e barrando-a com geleia de morango. Coloco um pouco de sumo de laranja no copo à minha frente e dou um gole na bebida; à espera do sabor um pouco amargo que a maioria das laranjas têm, fico surpreendida pelo paladar doce que sinto na boca.

Uma conversa divertida entre Simon e Will quebrava o silêncio da cozinha. O mais pequeno embirrava com o rapaz ao meu lado por este não lhe ter trazido nenhuma lembrança de Brooklyn. Quando apanho uma oportunidade decido perguntar o que já há muito estava na minha cabeça.

"Kate, Julian..." – começo, e os olhares de todos dirigem-se para mim. – "Vocês já sabem que eu vim para cá à procura de um amigo meu. Como a Kate me disse ontem, a morada desta casa corresponde à morada que lhe mostrei; ou seja, esta casa era da minha mãe... A minha mãe morou aqui até aos 18 anos e a sua vizinha era a Liz. Esta que é a mãe de Luke... Portanto, ele deve morar numa das casas que existem aqui ao lado. Por acaso vocês não conhecem nenhum Luke, ou nenhuma Liz? Ele tinha também dois irmãos mais velhos, mas não me lembro dos seus nomes..."

"Bem Alison, grandes coincidências." – Julian diz e respira fundo antes de continuar. – "Mas, infelizmente, não temos grandes notícias para ti... Aqui na vizinhança não existe nenhum Luke, nem nenhuma Liz. A casa que se vê da janela do teu quarto está desabitada há cerca de 1 ano e as pessoas que lá viviam antes eram oriundos de França. A casa que está do outro lado é ocupada há cerca de 11 anos, por uma família, mas não a que tu caracterizaste. Lembro-me que quando nos mudamos para cá, eles também se estavam a instalar lá. Não conhecemos a família que se encontrava lá antes... Talvez seja a que queres encontrar, Alison. Mas nós não temos nenhuma informação sobre a Liz ou o Luke."

"Oh! Certo... Obrigada." – murmuro, não muito animada com as novidades. Há minutos atrás pensava que estava a apenas alguns passos de Luke; agora posso estar a milhares de quilómetros.

Tento assimilar toda a informação. O que retenho da conversa é que a única maneira de descobrir mais alguma coisa a cerca da família de Luke é falar com a família da casa ao lado – aquela casa pode muito bem ter sido ocupada pelo rapaz que procuro.

E é exatamente isso que vou fazer.

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photograph » luke hemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora