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Luke

"Os meus pais vêm passar uns dias aqui a Brooklyn."

Depois da conversa com Lauren e de perceber que ela não tinha nada a esconder, decidi ligar à minha mãe (depois de já ter carregado o meu telemóvel com um carregador que a Alison tinha em casa que era compatível ao meu). Claro que não lhe perguntei sobre o meu verdadeiro pai, nem lhe dei a entender o rumo da conversa. Apenas deixei claro que tínhamos um assunto urgente a tratar. Relembro mentalmente a conversa.


"Estou, Luke?" – a minha mãe questiona, depois de atender a chamada.

"Olá, mãe."

"Estava a ver que nunca mais ligavas querido! Eu e o teu pai estávamos a ficar preocupados." – «Eu e o teu pai», pois claro.

"Mãe, precisamos de falar." – fui direto ao assunto. Percebo a hesitação do outro lado da linha; espero mais alguns segundos até que Liz comece a falar.

"O que se passa, filho? Aconteceu alguma coisa?" – a sua voz sai tremida e mesmo a milhares de quilómetros consigo sentir-lhe a preocupação à flor da pele. Não sei é se é preocupação comigo ou com ela.

"Não podemos falar sobre isto ao telefone. Achas que tu e... tu e o pai não podiam vir passar uns dias aqui a Brooklyn?"

"Aí?! Eu pensei que eras tu que estavas de visita, não eu. Não vinhas já esta semana, Luke?" – não está confortável com o rumo que a conversa está a levar. Apetece-me gritar; ela já percebeu que eu sei alguma coisa que eu não devia e por isso está a tentar mudar de assunto.

"Não, não vou. Encontrei a Alison e vou passar um tempo aqui com ela." – do outro lado da linha só há silêncio. Decido acabar com ele. – "Mas isso não interessa. Preciso que venham cá, porque tenho de falar com vocês. A sério. Não é uma conversa que se possa ter ao telemóvel."

"M...Mas Luke, ao menos conta-me o que é assim tão importante!"

"Já disse que não é um assunto que se fale ao telemóvel!" – agora estou zangado. Já estava, mas depois de ouvir a voz da minha mãe fiquei ainda mais.

"Eu... Eu vou falar com o teu pai..."

"Para de dizer isso." – e com isto desliguei a chamada.


"Os teus pais vêm cá? Como é que conseguiste?" – Alison, que entretanto se tinha sentado junto de mim no sofá, pergunta-me.

"Sou insistente. A minha mãe mandou-me agora uma mensagem a dizer que apanhava o primeiro voo de amanhã." – explico e mostro-lhe o ecrã do telemóvel com a mensagem exposta.

"Ah. Isso é bom... não é?"

"Não sei. Parece que vou ter de lidar com a verdade. Seja ela qual for." – murmuro a última frase e encosto a cabeça no sofá.

"Tu e eu. Pode já estar morto, mas continua a ser meu pai." – ponho-me direito num salto.

"Alison, não era isso que eu queria dizer... Eu sei que também não está a ser fácil para ti, foi apenas uma maneira de di..." – ela interrompe-me, colocando-me uma mão em frente da boca. Passados uns segundos volta a retirá-la e solta uma gargalhada.

"Eu não estava a dizer aquilo para te sentires culpado. Estava apenas a divagar, Luke."

"Oh! Ainda bem. Desculpa, mesmo assim." – digo e abro os braços, num convite para uma abraço. Alison concede-o e enterra a cabeça na curva do meu pescoço. O seu cabelo tinha um ligeiro aroma a frutos vermelhos, provavelmente proveniente do seu perfume.

photograph » luke hemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora