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Alison

A única coisa que consigo fazer neste momento é perscrutar o rosto do rapaz à minha frente, com um sorriso idiota estampado na cara - não consigo controlar, ainda que o tente esconder, ele volta a aparecer sem eu dar conta. Do que me lembro dele, não mudou nada; a não ser ter ficado significativamente mais alto e – se é que é possível - mais bonito. Lembro-me que tinha ciúmes de uma rapariga que vivia na casa em frente da dele. Chamava-se Amanda, se a memória não me falha, e era certamente a rapariga mais bonita do bairro. Ela costumava aparecer no jardim dos pais do rapaz com pulseiras de amizade. Mas nunca me deu nenhuma; era sempre tudo para Luke. Uma vez eu caí enquanto andava de bicicleta e a Amanda nem se deu ao trabalho de pedir ajuda. Deixou-me ali no meio do chão, com imenso sangue a escorrer-me do joelho. Ainda tenho a cicatriz! E ainda guardo ressentimentos!

Dou mais uma trinca no meu cupcake de chocolate e menta – igual ao de Luke; ao que parece ele também adora aquele sabor – e pego num guardanapo, limpando depois a boca da minha prima que entretanto tinha ficado toda suja de chocolate. Ao princípio a menina não ligou muito a Luke, mas quando este lhe ofereceu uma pastilha elástica que tinha no bolso, passou a adorar o rapaz.

Enquanto dou atenção a Chloe, ouço Will e Luke falarem sobre Sydney. Esqueci-me que as origens dos dois são as mesmas. O loiro diz que não se está a habituar de maneira nenhuma ao clima daqui, enquanto que o outro lhe admite que ao início lhe aconteceu o mesmo e que ainda ponderou em voltar para o seu país.

Observo-os e noto nas diferenças existentes entre ambos; era quase como olhar para duas pinturas onde numa delas estava representado o Verão e na outra, o Inverno. Luke, com aquele cabelo loiro fazia lembrar o Sol, enquanto que Will era uma espécie de Branca de Neve masculina – e, tal como a personagem, deslumbrante.

Um pensamento ocorre-me e, apesar de o querer mandar embora por achar ser mentira, percebo que é verdade: eu não queria que a relação de amizade que tenho com Will crescesse para outra coisa... porque estava à espera de Luke.

"Alison?" – o loiro chama-me, fazendo com que os meus devaneios fiquem para depois.

"Sim?"

"Está tudo bem?" – ele questiona, semicerrando os olhos e eu aceno com a cabeça. Encolhe os ombros e chega-se um pouco para a frente. Abre a boca para falar, mas é interrompido por Chloe.

"Eu gosto tanto destes bolos!" – olho para a rapariga a meu lado e reparo que já está cheia de chocolate outra vez. – "Posso comer outro, Ali?"

"O que é que o pai disse, Chloe?"

A sua expressão entristece e os seus braços cruzam-se no peito.

"Só posso comer um, senão depois não como o almoço..." – ela murmura e dá um gole no sumo de laranja.

"Pois é. Vimos aqui noutro dia, está bem?" – questiono e ela dá um ligeiro aceno com a cabeça, desviando depois a sua atenção para Will.

Pelo canto do olho, percebo que Luke me fita. Dirijo o meu olhar para ele e um sorriso torto forma-se nos seus lábios.

"Alison... eu preciso de falar contigo." – ele diz e baixa o seu olhar para a mesa. Começa a brincar com a palhinha que está dentro do copo. Está incomodado com alguma coisa.

"O que se passa?" – questiono e ele volta os seus olhos azuis para mim. Suspira fundo e endireita os ombros.

"Eu tenho vindo a descobrir bastantes coisas sobre ti, bem... sobre nós, enquanto estive aqui." – ele começa e eu franzo o sobrolho com curiosidade. – "Mas antes, podes-me falar um pouco de ti?"

"Não sei se há muita coisa a dizer. Parece que já sabes que os meus pais morreram, não é?"- Luke faz um trejeito com a boca e acena com a cabeça. – "Depois do acidente, fiquei em coma três meses e vim viver para Brooklyn com a minha tia quando acordei. Entretanto ela casou-se e esta pirralha apareceu. – explico e faço cócegas na barriga de Chloe. – "Nunca tive oportunidade de estar contigo de novo, porque apenas os meus pais tinham os contactos . Mas nunca me esqueci de ti, Luke. Só te tentei procurar agora, porque encontrei uma fotografia com algumas informações atrás. Informações essas que não me foram muito úteis, mas, felizmente, o Will era amigo do Ashton."

Os olhos do meu amigo de infância arregalam-se.

"Tu conheces o Ashton? Ashton Irwin?" – pergunta ao rapaz de cabelos escuros.

"Sim, esse mesmo. Somos amigos há bastante tempo." – este responde, enquanto tenta fazer uma trança a Chloe – até que tem jeito.

"Há com cada coincidência." – Luke devaneia e eu não consigo deixar de concordar. Não sei quantas vezes pensei a mesma coisa durante este último mês.

"E tu? Como vão as coisas lá em Sydney?"

"Normais. Não se passou muita coisa entretanto. A minha mãe não teve mais nenhum filho." – rio-me com o comentário, mas Luke deixa uma expressão séria no rosto. – "Mudamos de casa alguns meses depois daquele Verão em que não apareceste. De Marrickville fomos para o centro de Sydney. Mas agora vivo sozinho num apartamento ."

"O Ashton já me tinha contado." – a expressão séria não abandona os seus olhos e o seu maxilar tenso. – "Mas, tu querias contar-me alguma coisa... não era?"

"S... Sim queria." – mantém o olhar baixo. – Como te disse, tenho descoberto bastantes coisas. Por acaso, durante a viagem de avião até aqui, conheci um homem que era amigo do teu pai. – e a curiosidade voltou. – Chama-se Dennis. Ele trabalha como taxista aqui nas redondezas. Ele contou-me umas coisas não muito... agradáveis. No meio de uma conversa ele falou-me de um homem que tinha engravidado uma amiga da mulher." – desta eu não estava à espera.

"Mas o que é que isso tem a ver..." – sou interrompida pelo dedo indicador de Luke que me indicou que esperasse. Pelo canto do olho percebo que Will também se intrigou devido ao rumo da conversa e que virou a sua atenção para o rapaz sentado a seu lado.

"Ele não me disse mais grande a coisa, a não ser que o homem se chamava Henry." – semicerro os olhos. – "Lembrei-me do teu pai, mas nem coloquei a hipótese de ser ele. Ainda assim, fui falar com o Dennis no dia seguinte." – Luke respira fundo e quase que lhe consigo ouvir o bater do coração daqui. – "Ele disse-me que a mulher do tal Henry tinha engravidado de uma menina na mesma altura. E que quando nasceu lhe deram o nome de Alison. – agora é o meu coração que acelera. – E que a amiga da mulher dele se chamava Liz. E que o terceiro filho que ela ia ter era de Henry. Alison, eu dei mil voltas à cabeça para tentar encontrar alguma falha no meio disto tudo, mas são demasiadas coincidências! Aquele Henry é o teu pai, e aquela Liz é a minha mãe. E se o que Dennis me contou é verdade, então nós somos..."

"Meios-irmãos?!"

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hey, hey :)

nem consigo contar as vezes que reescrevi as frases deste capítulo hahaha.

espero mesmo que tenham gostado.

adoro-vos,

inês ^^

photograph » luke hemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora