Luke
"Vê lá se amanhã não me incomodas, miúdo." – Dennis resmunga e, antes que lhe respondesse torto, respiro fundo e procuro pela carteira na mochila preta. O homem solta um grunhido pelo tempo que estou a demorar, ao qual apenas ignoro. Não estou com disposição para lhe dar a atenção que ele quer.
"Veremos." – respondo simplesmente e saio do carro, depois de pagar o devido ao Dennis. Ele lança-me um aceno - apenas para parecer simpático - ao qual não retribuo.
Encaro o pequeno hotel onde estou hospedado, enquanto ouço o automóvel atrás de mim arrancar.
Começa a cair uma chuva miudinha e eu sento-me no passeio. Não me apetece ir já dormir e também não tenho fome. As bolachas da Rose satisfizeram-me. Decido deixar a água molhar-me as roupas e o cabelo. Sinto alguns fios caírem-me para a testa e pela primeira vez sinto-me estafado. A Alison está em Sydney (com um rapaz, disse-me Rose... não que eu tenha problemas com isso) enquanto eu estou aqui, e agora uma sensação estranha acolhe-me; a história do Dennis deixou-me com um mau pressentimento. Um tal de Henry que traiu a mulher e que já morreu. Não consigo deixar de pensar que é aquele Henry - o pai da Alison. Pode ser que esteja errado... acredito que esteja errado! Não o consigo imaginar a trair a Delilah. Lembro-me perfeitamente de como o seu cabelo encaracolado me fazia cócegas no pescoço quando ele me abraçava... Oh, e claro dos gelados! Era uma das pessoas que eu mais adorava. Faria de tudo para o ver de novo. Nunca imaginei que ele pudesse... É impossível! São apenas coincidências. Talvez amanhã pudesse procurar pelo Dennis e pedir mais informação. No resto da viagem de táxi não consegui dizer nem mais uma palavra. Analisava as opções na minha cabeça enquanto via a cidade de Brooklyn ficar para trás. Parece que o taxista ainda não se livrou de mim – ou eu é que não me livrei dele (acho que é mais isso).
Sinto-me arrepiado e ensopado, mas não quero entrar no quarto. Lá dentro, sinto-me sozinho – estou sozinho. Apetece-me chorar. Vou ligar à minha mãe. Pode ser que ela me ature... Contudo, sei que as lágrimas vão cair quando lhe começar a contar os factos. Decido ligar antes ao Michael; pode ocupar o meu tempo com perguntas a cerca da próxima cor de cabelo. Faço uma nota mental para lhe responder verde.
Retiro o telemóvel do bolso e abro o fecho da mochila deixando-o lá dentro de maneira a que a chuva não o possa atingir. Antes de o desbloquear lembro-me que em Sydney ainda deve ser de manhã (ou... já é de manhã? Não interessa). Pelas minhas contas devem ser seis da manhã. Ainda assim vou tentar ligar ao Michael; vai ficar de mau humor, mas paciência – ele tem de servir para alguma coisa.
Carrego no botão para ligar o telemóvel, mas o ecrã mantém-se preto. Verifico se não tinha carregado no botão do som e percebo que não. Pressiono de novo o botão e nada acontece. Arg, fiquei sem bateria. Parece que vou ter mesmo de entrar no hotel. Sei que vou receber olhares preocupados – ou talvez não – dos rececionistas, mas vou apenas ignorar.
Levanto-me vagarosamente e dirijo-me à entrada do edifício. Acelero o passo ao passar pela receção, não reparando na expressão da mulher que lá se encontrava, e em poucos segundos já me encontro no corredor onde está o meu quarto. Espero não ter encharcado o chão, penso. Os meus cabelos pingavam, tal como o meu pulôver.
A primeira coisa que faço mal entro no quarto é mudar de roupa e pôr a que tinha vestida no cesto da roupa suja.
Depois de já me sentir quente dentro do meu pijama, procuro pelo carregador do telemóvel.
Acho que o guardei na mala do portátil. Vasculho e... Não, parece que não.
Mesinha de cabeceira? Não...
VOCÊ ESTÁ LENDO
photograph » luke hemmings
Fanfiction"we keep this love in a photograph we made these memories for ourselves where our eyes are never closing our hearts were never broken and time's forever frozen still so you can keep me inside the pocket of your ripped jeans holding me close until ou...