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Quando chego no apartamento a Bárbara está em ligação com alguém

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Quando chego no apartamento a Bárbara está em ligação com alguém.

- Eu vou ver o que eu faço aqui - ela vira e me vê parado no meio da sala de estar - depois a gente se fala. Ele acabou de chegar. - desliga a ligação e guarda o celular.

- Estava falando com o seu amante? - pergunto com as mãos no bolso da minha calça e olhando-a sério.

- E te interessa? Eu não devo satisfação nenhuma da minha vida pra você ou você prefere me responder quem era aquela vagabunda que você tava comendo em cima da sua mesa no escritório?

Então foi isso.

Desvio o olhar para o piso sem acreditar que ela nos viu transando. É engraçado porque pela primeira vez na vida ela sentiu na pele um pouco do que eu senti.

- Eu não vou discutir com você. E você tem razão, você não deve satisfação nenhuma da sua vida, e eu não devo satisfações da minha vida para você. - dou as costas para ela e de repente sinto algo atingir as minhas costas com força.

Eu não tive tempo de reagir, Bárbara partiu para cima de mim com uma fúria enorme, dando socos e tapas em mim, tento me defender dos seus golpes ágeis sem que eu a machuque, senão pronto.

- SEU DESGRAÇADO, VOCÊ ME TRAIU! - os olhos cheios de lágrimas, os tapas não param.

Agarro os punhos dela com força lançando um olhar mortal para ela.

- E O QUE FOI QUE VOCÊ FEZ COMIGO SUA VADIA?

A solto para não machucá-la e no mesmo segundo sinto o meu rosto arder. Não acredito que essa desgraçada me deu um tapa na cara.

Me seguro para não voar nela. Vou até o quarto furioso, pego a minha mala no closet e começo pegar todas as minhas coisas, tudo o que é meu. E coloco alguns porta retrato dos meninos.

Deparo-me com eles quando saio do quarto ainda enfurecido, mas toda essa raiva some quando vejo eles parados olhando para mim confusos.

É a hora de falar com eles.

A Bárbara lança um olhar de desgosto e eu a ignoro. Ela sai da sala porque não me suporta no mesmo cômodo.

- Eu preciso falar algo muito sério e importante com vocês - aviso antes de engulir seco.

Os meninos havia acabado de chegar da escola, ainda estão de uniformes.

Sentado no sofá, os dois no meu colo, suspiro pensando em como contar.

- Então, vocês lembram do que eu disse para vocês outro dia? - assentem. - infelizmente eu e a mãe de vocês vamos morar separados agora.

- O QUÊ?! - Aaron se assusta com o que eu falei.

- Calma, a gente ainda vai se ver muito, você e seu irmão não precisam se preocupar. Eu só vou morar em outra casa e a sua mãe vai continuar morando aqui ou em outro lugar. Eu não sei. E vocês vão ter duas casas diferentes para morar.

Os dois ficam quietos tentando entender o que está acontecendo, eu sei que é um pouco complicado para eles entender o que é um divórcio, separação nessa idade, mas foi justo eu disser para eles.

- A gente não vai mais ver você? - Isaac pergunta com os olhinhos cheios de lágrimas e meu coração se parte em mil pedaços.

- Vão sim meu amor - passo a mão nos cabelos dele fazendo carinho. - só que nos finais de semana ou quando quiserem me ver. Entendeu?

Isaac me abraça de surpresa, ele começa chorar em silêncio e não tem como eu não ficar triste.

Eu odeio ver meus meninos sofrer.

- Desculpa filho - abraço ele bem forte afagando as suas costas.

Isaac é mais sentimental, se expressa mais, já o Aaron é reservado, mais fechado. E isso me preocupa porque deve está passando um milhão de coisas na cabecinha dele. Tanto na dele quanto na do Isaac.

- Eu quero você aqui com a gente papai - Isaac pede olhando nos meus olhos e não poder realizar o pedido dele me dói.

- Eu vou ver vocês todos os dias, tá bom? - enxugo as lágrimas dele. - e quando quiserem eu passo aqui para levar vocês para a minha casa.

- Você e a mamãe não se amam mais? - Aaron pergunta sério.

Eu balanço a cabeça em negação e ele me abraça também, abraço os dois bem forte.

- Eu amo vocês meus meninos. - os meus olhos se enchem d'água.

Ficamos alguns segundos curtindo o abraço.

- A gente não estava feliz, o melhor foi cada um morar em casas diferentes. Mas não se preocupem porque vocês podem falar sobre qualquer coisa comigo. - Sorrio e eles sorrir fraco. - Agora vão lá tirar o uniforme e tomar banho. Estarei esperando vocês. - Sorrio outra vez e eles obedecem.

Enquanto tomam banho com a ajuda da mãe, tomo uma taça de vinho na cozinha tendo flashbacks dos dois correndo felizes pela casa e eu atrás, brincando com eles, as pinturas das mãos na parede, a parede desenhada com giz de cera, tudo isso me faz chorar.

É doloroso abandonar esse lugar aonde construímos memórias inesquecíveis, claro que nesse mesmo lugar teve muita briga, muita bronca. Mas me dói abandoná-lo e saber que não entrarei mais pela aquela porta e não ver mais os meus filhos, após um dia cansativo de trabalho.

Quando a Bárbara aparece na cozinha disfarço que estava chorando limpando as lágrimas com a camisa.

- Eu preciso falar uma coisa com você.

Eu bebo um gole de vinho antes de respondê-la.

- Fala. - devolvo a taça vazia na mesa.

- Eu tô pensando em morar em São Paulo com os meninos.

A olho sério sem acreditar no que ela disse.

- Você não pode levá-los para longe de mim, você não tem esse direito. Eles vão sofrer muito, caramba, você não vê isso?! - me exalto um pouco.

- Eu tô pensando o melhor pra eles e pra mim.

- O melhor para eles é ficar no Rio perto de mim, isso que é o melhor para eles, não ir morar em São Paulo ou em qualquer outro lugar. - digo andando de um lado para o outro nervoso. - Escuta aqui, se eu descobrir que você levou os meus filhos para longe de mim, eu não respondo por mim.

Acho que nunca falei tão sério em minha vida.

- É o que vamos ver. - Bárbara dá meia volta e sai sentido a sala de estar.

Ela so pode está blefando, ela não séria louca de fazer isso. Ela não gostaria de conhecer o meu pior lado.

Vou até a sala de estar trincando o maxilar.

- Querem vir comigo meninos?

- SIM! - os dois respondem animados.

- Então vamos arrumar a mochilinha. - os dois saem correndo na frente.

- Você sabe que não pode fazer isso Wagner, já esqueceu do que a advogada falou?

- Não me esqueci de nada, mas vou aproveitar que hoje é sexta-feira para levá-los comigo. - explico.

Ela só resmunga e sai da sala. Eu ajudo os meninos fazer a mochilinha e depois vamos embora para a casa do tio Vladimir, ou melhor, padrinho Vladimir.

Minha morena | Wagner Moura & Camila PitangaOnde histórias criam vida. Descubra agora