Sinto os braços da Sandra me envolver por trás, num abraço carinhoso enquanto passo café. Sorrio para ela por cima do ombro, ela deixa um beijo na minha bochecha e vai para o meu lado.
A camisa cinzenta de manga curta esconde a marca das unhas dela nas minhas costas e no meu peitoral, a calça é moletom escuro.
Um lençol branco fino cobre o corpo excitante da Sandra.
- Como sempre você sendo prestativo.
- Eu tenho visita, preciso ser prestativo. Imagina, eu deixar você sem café da manhã? Isso seria inadmissível! - a Sandra rir do meu tom brincalhão, indo se sentar à mesa.
- É verdade. Ainda mais depois de ontem, estou com uma fome danada! - Derramo um pouco de café na xícara dela.
Infelizmente não tive tempo de fazer muita coisa, só o básico: omelete, pão na chapa e café.
- Eu também. - Sento na mesa depois de me servir, começando tomar café.
Nós dois fica em silêncio, não sei o que dizer para ela depois de ontem, não sei o que ela espera que eu diga.
A noite foi ótima, maravilhosa, repetiria se pudesse. Mas acredito que ela não vai aceitar depois de eu contar o que eu tenho pra contar.
Nem eu mesmo sei como dizer à ela. Eu espero que ela não fique com raiva de mim e entenda o meu lado.
Passo a mão na barba feita, balançando a perna constantemente, pensando em como dizer pra ela que vou embora hoje a tarde, que amanhã é meu último dia de férias, depois voltaria trabalhar.
- Quer me falar alguma coisa? - Ela pergunta após tomar um gole de café.
Incrível o dom que ela tem de saber quando eu quero falar alguma coisa, também deixo isso visível.
A olho sério parando de balançar a perna. Eu fico alguns minutos em silêncio pensando no que fazer, não é bom mentir pra ela e eu também não gosto de mentir.
- Então - suspiro - eu vou embora hoje à tarde, vou voltar pro Rio de Janeiro. Depois de amanhã eu já volto a trabalhar.
- Eu quero que você me responda uma coisa antes de ir. - franzo o cenho quando ela diz.
- O que? - de braços cruzados, lanço um olhar curioso para ela.
- O que a nossa noite significou pra você?
Ah, caralho.
- Sandra... A nossa noite significou bastante pra mim, mas... - Ela me interrompe.
- "Mas" o quê? - Pergunta séria.
- Mas não tem como isso dar certo.
A cadeira faz um barulho arrastando no chão quando Sandra levanta incrédula com o que eu disse.
- Eu vou embora, porque tá na cara que você só me usou.
- Não é isso Sandra, eu jamais faria isso com você - levanto da cadeira - mas tenta entender o meu lado. Eu descobri que estava sendo traído, não vai ser fácil me envolver com ninguém de novo.
Vai.
- Eu não sou ela, eu jamais faria uma coisa dessas com você e você sabe bem disso. - Os olhos dela marejam.
- Eu sei, você é totalmente diferente dela e de qualquer outra mulher que eu já conheci na vida, só que eu não posso ficar. - No seu rosto bonito e delicado escorreu uma lágrima, senti uma pontada de angústia no peito.
- Eu pensei que você ainda me amasse Wagner, mas pelo visto não me ama, nunca me amou. - o meu peito partiu em mil pedaços quando ela disse, doeu mais do que quando vi a Bárbara e o Rodrigo juntos.
- Eu te amei sim, no fundo você sabe que é verdade. - digo um pouco alto para ela escutar enquanto caminha em direção o meu quarto.
Não era isso que eu queria que acontecesse, pensei que ela fosse entender o meu lado; mas não.
Eu não posso deixá-la ir embora assim, desolada, pensando que a nossa noite foi uma noite qualquer, porque pra mim não foi.
Agarro o braço dela impedindo que ela abra a porta e vá embora.
- Por favor, não vai embora daqui com uma péssima impressão de mim. Eu te amei muito quando namorávamos. - falo olhando no fundo dos olhos dela.
- Me solta, eu não quero ouvir mais nada de você. - ela puxa o braço. - Agora, se você me der licença, eu preciso ir embora.
Ela abre a porta e vai embora, infelizmente estraguei tudo mais uma vez, e tudo porque não sinto que poderíamos viver um romance outra vez. Não queria fazê-la sofrer. Chorar.
A minha mãe me aperta em um abraço muito carinhoso, sentirei saudades enquanto estiver trabalhando.
- O meu filho, vem me visitar mais vezes, viu? Eu gosto da sua companhia - diz pegando a minha orelha e puxando de leve. - E traga os meninos! - completa.
- Pode deixar que eu vou trazer sim e vou vim visitar a senhora mais vezes. Agora eu preciso ir, só vim me despedir da senhora e pegar a minha mochila. - a mochila já está nas minhas costas.
- Que ótimo. Você vai de avião ou de helicóptero?
- Eu vou com o meu helicóptero, o piloto já deve está chegando no heliporto.
- Então, Deus lhe guarde. - minha mãe faz o símbolo da cruz em mim.
- Amém. - dou um beijo na bochecha dela e outro abraço.
A minha mãe é católica junto com umas tias minha, já eu sou da umbanda junto com alguns familiares do meu falecido pai e amigos, aceito orações e proteção de qualquer religião. Desde que não tenham preconceito com a minha.
Aperto firmemente a mão do meu piloto enquanto entro no meu helicóptero preto.
Eu sento na frente porque gosto de olhar a cidade de cima, admirar a paisagem linda diante dos meus olhos, também porque estou aprendendo pilotar helicóptero com o meu piloto. Ele não se incomoda que eu vá na frente com ele, pelo ao contrário, ele ainda me instrui.
De aniversário eu ganhei dele um manual "Como Pilotar um Helicóptero", de vez em quando, quando estou atoa, leio e faço algumas anotações importantes.
Eu quero ser independente nessa parte também, não gosto de depender dos outros pra nada, sou competente para fazer tudo o que eu sei e aprendi fazer.
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Minha morena | Wagner Moura & Camila Pitanga
RomansaUm advogado multimilionário se apaixona pela sua mais nova assistente jurídica após flagrar sua esposa o traindo. É uma história ficcional que não condiz com a realidade.