Sinday

capítulo 29: Verdade

Pov:Narrador*

O vento acariciava suas faces com carinho, fazendo seus cabelos voarem em sua onda refrescante, mesclando os fios negros e os loiros de maneira harmônica e complementar.

Esboçavam sorrisos libertadores, pois naquele instante estavam livres, naquele mísero instante não eram a princesa de Quiméria e a filha do comandante da guarda real, eram apenas duas mulheres de paixões latentes pulsando em seus corações uma pela outra, eram apenas Sinday.

Cavalgaram pela estrada até começarem a ser cobertas pelas sombras das copas das árvores ao adentrarem o bosque. Enid olhava em volta, vendo as árvores passar rapidamente, olhou para cima vendo o céu azul com algumas nuvens escuras se aproximando, iria chover. Enid não gostava daquela chuva, da chuva que precedia o inverno, pois era a maior mensagem mandada pelo inverno anunciando sua chegada.

Enid saiu de seus pensamentos quando Rupert começou a parar por Wednesday ter puxado seu cabresto. Quando o cavalo enfim parou, a morena surpreendeu a loira, quando pulou de Rupert caindo em pé no chão, mas soltando um baixo gemido de dor, enquanto cumprimia os lábios e fechava os olhos.

- Wednesday?! Você está bem?!- a loira pulou de Rupert com pressa preocupada.

- E-estou, foi apenas o choque da colisão, está tudo bem - Wednesday disse abrindo os olhos e se endireitando.

- Me diz o que viemos fazer aqui? Você ainda não se recuperou, não devia estar cavalgando - Enid perguntou com uma expressão penosa.

Wednesday lhe encarou por alguns segundos com certa curiosidade.

- Pelo o que vejo, realmente acha que pode mandar em mim, não é, Sinclair? - Wednesday disse puxando o cabresto de Rupert até uma árvore.

Enid se irritou, estava de fato preocupada com ela, e mesmo assim ela não ligava, não ligava pra seu próprio estado, não ligava para seu ferimento, a ignorância da morena deixava da loira extremamente indignada.
Enid a seguiu a passos rápidos a puxando pelo braço com força a obrigando lhe olhar nos olhos.

- Sim! Eu acho que posso mandar em você, ok! - Enid respondeu ríspida para a morena que lhe encarou com certa surpresa.

- Contando que esteja segura, arrisco a dizer que mando até no rei!

- Pare de agir como se não estivesse machucada, pare de agir como se fosse invencível, você não é! Você é incrível, mas é humana!- Enid dizia com certa amargura.

- Sabe o quão preocupada eu fiquei? Sabe o quão doloroso foi ver você naquela cama todos esses dias? Escutando os cavaleiros murmurando sua morte, as empregadas zombando que eu te perderia, sabe o quão horrível foi saber que a morte estava tão próxima? Sabe?- Enid perguntou com irritação na voz, enquanto tinha os olhos azuis marejados.

- Sabe o quão terrível foi te carregar até a comandante nos achar? A cada passo que eu dava era repleto de medo, um medo capaz de tremer meus ossos, o medo de te perder, o medo de eu vencer mais uma corrida da comandante e não poder correr até seus aposentos e lhe abraçar em comemoração, o medo de nunca mais ver você...

Enid abaixou o olhar, as palavras pareciam ter entalado em sua garganta e seu ar pareceu conter dificuldade em ser inspirado.

- Aquela estrada pareceu infinita, não importa quanto eu andasse, quantos passos eu desse, não parecia acabar. Quando a comandante nos achou e eu a disse que você estava apenas desmaiada, eu realmente desejei acreditar em minhas palavras, pois a idéia de te perder fazia aqueles pensamentos intrusos se calar, me fazendo encarar aquela situação nua e crua..

Enid levantou o olhar, lágrimas escorriam por sua face, dolorosas e sofridas, de um momento que apenas ela viveu, de um sentimento que apenas ela sentiu. Wednesday sentiu seu coração se comprimir, sentiu seu peito apertar, um sentimento quente veio até sua garganta lhe calando as palavras.