capítulo 25: garotinha

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Pov: Narrador* anos atrás*

Enid lavava um corredor junto com sua mãe, tinha quatorze anos. Esfregava insistentemente o chão,seus joelhos já vermelhos ao ficarem em contato com o piso por tempo demais. Enquanto sua mãe lustrava as armaduras de decoração do corredor.

- Ei, Enid, vamos para o treino, quer ir com a gente?- Ernest perguntou animado para sua irmã mais velha que sentou sobre as pernas, enquanto respirava ofegante, afastando os fios loiros de seus olhos.

- Não, ela não quer ir - Esther respondeu ao garoto que olhou para sua mãe.

- Não quer?- Ermes, o outro garoto se aproximou do irmão, olhando para Enid que esboçou um sorriso de canto.

- Não, podem ir, mais tarde vocês me contam como foi - Enid disse vendo seu irmão caçula, Eduardo, se aproximar dos outros dois.

Os três estavam com suas roupas de treinamento e segurando espadas de madeira. Enid queria ir, queria lutar junto com seus irmãos ao comando de seu pai, mas não era menino, não nascera para a batalha, nascera para o lazer, para cuidar dos lares de quem iria para batalha, de sua família, mas nunca lutando por sua própria segurança.

Os garotos assentiram e foram em direção ao campo de treinamento. Eduardo ainda era novo, então apenas treinava batendo em bonecos de feno, já Ermes e Ernest já estavam com 12 e 11 anos, treinavam lutando contra outros recrutas.

- Eu queria ir - Enid disse sabendo que sua mãe lhe encarou.

- Você não pode, Enid - Esther respondeu sem lhe dar muita atenção.

- Eu sei...

[...]

- VOCÊ FOI PEGA COM UMA ESPADA, ENID!!!- Esther gritava irritada com sua filha que estava sentada a sua frente com o olhar baixo.

- Esther, ela sabe que está errada, não irá acontecer novamente - John tentou acalmar os ânimos de sua esposa que lhe olhou mortalmente.

- É inaceitável, John! Nossa filha agindo como um garoto!!- Esther disse para seu marido que suspirou.

- O fato de ela querer treinar junto dos outros não a faz um garoto, Esther, senão ela poderia ir - John disse vendo sua esposa se irritar mais.

Enid escutava calada a discussão de seus pais devido as suas ações ao querer aprender lutar também. Aquela discussão a deixava mais irritada, por que não podia? Não aceitava as regras daquele reino, não conseguia obedecer algo tão fútil e preconceituoso, não tinha pedras de gelo em suas veias, possuía sangue quente, vermelho como a chama de sua honra e determinação.

No dia seguinte a loira estava em outro lugar com a espada que roubara, a brandindo com movimentos que havia observado dos cavaleiros em seu treino. Seu pai a achara, assistiu sua filha brandir a espada com amargura e irritação.

- Sua mãe não vai gostar disso, Enid - ele disse vendo a garota ficar surpresa por sua presença.

- Pensei que tínhamos combinado que não iria acontecer novamente - John se aproximou.

- O senhor combinou, eu não - Enid respondeu ríspida o homem que pareceu surpreso pela tom de voz de sua filha.

John suspirou, encarou os olhos azuis de sua filha com carinho, pousou sua mão na cabeça de Enid, afagando seus cabelos.

- Estou tentando te livrar de encrencas, Enid - John disse calmamente para sua filha que largou a espada soltando um suspiro pesado.

- É injusto!- Enid disse vendo seu pai assentir.

SindayOnde histórias criam vida. Descubra agora