capítulo 44: vingança

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Pov:Narrador*

"O inverno era a tristeza dos deuses com as ações humanas", essa frase um dia fora proferida na presença do rei. Os cidadãos acreditavam plenamente nela, pois era um senso comum de gerações.

No entanto, o rei Gomez Addams, o ditado como "o leal", se levantou e encarou o tal cidadão com seriedade.

"Não há motivos para os deuses terem se aborrecido conosco" - o rei proferiu olhando ao homem que escutava com atenção.

"Meu pai, o rei conhecido como "o justo", me disse quando eu o perguntei o motivo de vivermos em constante inverno " - o rei dizia com um tom nostálgico e respeitoso ao antigo rei.

"O inverno é uma proteção dos deuses a Quiméria. Pois nenhum reino possui nossa resistência, ninguém seria mais forte que nós, porque o inverno nos desafia sempre e conseguimos sobreviver de cabeça erguida"- Gomez proferiu as palavras com confiança.

O homem olhou admirado ao rei que esboçou um sorriso perverso.

"Não devemos reclamar do inverno, caro cidadão" - o rei brilhou os olhos em satisfação.

"Afinal, quando o céu está coberto por aquelas nuvens tão escuras quanto fuligem e a imensidão tão embaçada pelo constante cair de neve, é quando os corvos podem voar sem serem vistos"- o homem engoliu em seco ao ver a expressão do rei que esboçava tamanha alegria e confiança que convencia todos ao seu redor.

Aquela conversa ficara entre os cidadãos por diversos anos, muitos plebeus se candidataram a se tornar cavaleiros do brasão do corvo para um dia poderem voar nos dias escuros de inverno.

O rei não havia mentido, Enid percebeu isso naquela manhã.

Como ordenado por John, naquele dia eles haviam montado o acampamento para na manhã seguinte entrarem em batalha. O exército de Murart marchou rumo ao exército de Quiméria ainda em meio a madrugada, pois assim que os alcançasse, entrariam na luta.

Os soldados seguiam o comandante que mostrava o caminho com precisão de onde estaria o exército de Quiméria, porém quanto mais avançavam, mais nítido estava para todos onde estava o tal exército.

Os olhos da loira brilharam ao reflexo do Sol que nascia lentamente no horizonte. Respirava com dificuldade, engolira em seco ao o cenário que deixava nítido onde aqueles cavaleiros do brasão negro estavam.

Os murmúrios entre os cavaleiros começaram a ficar um tanto quanto mais alto, porém Enid não escutava, não ligava para eles. Estava entorpecida em uma admiração sem igual pelo exército que gostaria de estar lutando ao lado.

O Sol se ergueu inundando o horizonte com seus raios claros, a neve que antes era tão branca quanto lã nas roupas mais nobres e finas, estava negra como petróleo.
Havia corpos afundados na neve, elmos amaçados, espadas manchadas, bandeiras pisadas, uma verdadeira representação da crueldade que era a guerra que assolou aquele local.

- Por que a neve está preta?- Ermes perguntou olhando com certo receio o caminho.

Enid escutara com nitidez a voz de seu irmão, iria responder sua pergunta, porém seu pai a interrompeu.

- Quando o sangue quente e vermelho, dos corpos dos soldados cai sobre a neve branca e gelada. Ela se torna tão escura e desagradável quanto a carnificina que fora feita aqui - John respondeu friamente, sua voz era rouca e forte chamando a atenção de Enid ao olhar gélido que seu pai possuía ao ver tal cena.

- Para conseguir deixar o caminho desse jeito, eles devem ter lutado por horas em meio ao cair da neve, o frio devia estar intenso para o sangue ter ficado dessa cor - John comentou observando com atenção.

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