09.

4.9K 349 342
                                    

Aitana López

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Aitana López.
Janeiro, 2024.

Nunca vi uma chuva tão feia na minha vida e chega a realmente me assustar. Estou dentro do carro, junto com Gavira, minhas pernas estão dobradas e os pés em cima do banco, eu mexia no meu celular até alguns minutos atrás, mas eu fiquei realmente com medo, já sou paranoica, chovendo com milhões de raios, fiquei mais paranoica ainda. 

— Vamos conversar como duas pessoas normais e não discutir? — Gavira perguntou, fazendo eu levantar minha cabeça para ele, senti quando minha sobrancelha se arqueou — eu não tenho nada para fazer, você também não e ficar dentro desse carro, nessa chuva, está me deixando deprimente, e eu só quero conversar, sem brigar. 

Eu achei esse gesto dele bem estranho e por certo lado, até suspeito, mas eu também quero conversar com alguém e infelizmente a única pessoa que está aqui comigo, é Pablo Gavira. Às vezes conseguimos nos suportar, e acho que teremos que fazer isso nesse momento. 

— Teremos trégua até sairmos daqui — estiquei minha mão como se fossemos selar um acordo. 

Pablo apertou minha mão, assentindo com a cabeça. 

— Qual seu maior sonho Aitana? — sua voz saiu baixa, eu o encarava, já  garoto, estava com a cabeça no encosto, mas olhava para frente, observando aquela chuva. 

— Entrar na faculdade, arranjar um namorado legal, que me ame, depois conseguir sucesso na minha carreira, casar com esse cara legal, e ter uns filhos, eu não quero uma vida grandiosa, eu quero coisas simples — engoli em seco enquanto dizia aquelas palavras — qual seu maior sonho Pablo? 

— Sonho maneiro — respirou fundo antes de prosseguir — na realidade não sei qual meu maior sonho, quero ser incrível no futebol, quero que as pessoas lembrem do meu nome, mas também acho que mereço uma família, quero dar o amor que nunca deram para mim. 

Achei profundo e acho que ele realmente está esquecendo quem está ao lado dele, jamais escutei Gavi dizendo palavras dessa forma, parece que está prestes a chorar, realmente, a chuva deixou ele bem deprimente. 

— É um sonho bom também, tem grandes chances de se tornar realidade — respondi, todos os sonhos têm essas chances, mas só a pessoa vai tornar isso realidade. 

— O seu também tem — me encarou, vi que sua mão pousou em cima da sua calça. 

— Tenho medo daquilo que Juan fez, todos aqueles anos, ser amor e o amor dos meus sonhos, não existir — o encarei de volta, acho que é a primeira vez que nós dois nos encaramos de verdade, sem ser em uma briga — é difícil do meu sonho ser realizado.

— Aquilo que Juan fazia, não era amor Aitana e você sempre soube disso, como todos nós que estávamos ao seu redor — sua testa estava levemente franzida, sua cabeça continuava encostada, mas virada para mim — às vezes você até já encontrou esse amor, ou vai encontrar, mas o que é para ser seu, um dia vai ser, mesmo que demore anos. 

Remember Me || Pablo Gavi Onde histórias criam vida. Descubra agora