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Aitana López

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Aitana López.
Maio, 2024. 

Passei todos os dias das minhas tardes, no orfanato, eu não preciso ir todos os dias, mas não conseguia cogitar na ideia de deixar o Raphael sozinho, mas Berta realmente disse que não é para eu ir todos os dias e que Rapha, por mais que seja triste, está acostumado com isso, então eu respeitei a decisão dela, não tem muito o que eu possa fazer a respeito, mas ontem quando eu deixei o local, eu vi Raphael conversando com um outro garotinho e todas nós estávamos admiradas por conta disso, ninguém jamais esperou ver tal ato. 

Mas hoje não é um dia legal, vi que meu irmão ficou quieto no canto dele e foi trabalhar em silêncio, Sabina ainda não apareceu aqui em casa e muito menos o Gavira, espero que com ele, esteja realmente tudo bem. Hoje era para ser aniversário do Nico, há bons anos atrás, hoje seria o evento do ano, ele era apaixonado por seu aniversário e sempre tinha as maiores comemorações, porque Nico prestigiava a vida como ninguém. 

Ele sempre disse que a data de seu aniversário era a sua data favorita. 

*     

Estou sentada em frente ao túmulo do Nico, o mármore de sua lápide é bonito, mas tem uma pequena foto dele sorridente de quando era criança. Já faz um tempo que estou aqui, vim sozinha, trouxe umas flores para meu amigo e desde então, estou sentada aqui, procurando algum conforto. Nico nem está aqui mais, porém eu não consigo aceitar isso, deve ser por isso que por impulso estou arrancando as gramas ao meu redor com as mãos. Minhas lágrimas já estão caindo de uma forma involuntária e eu nem me importo mais com ela. 

Mas senti uma presença atrás de mim, meu corpo gelou por completo e eu fiquei tensa, quando virei minha cabeça bem devagar, pude ver o Gavira ao meu lado, em pé, com as mãos dentro do bolso, ele não me olhava, mas sim para lápide do seu melhor amigo. 

— Como sabia que eu estaria aqui? — indaguei com a voz baixa. 

Meu namorado não respondeu de imediato, ele se sentou ao meu lado e seu olhar está tão fundo, parece que alguém apagou a luz de seus olhos ou que a lâmpada queimou. Gavi respirou fundo ao meu lado, parece que está segurando o choro. 

— Todo ano você vem aqui — rebateu, baixo. 

— Mas como você sabe? Eu nunca vim aqui com você — perguntei novamente, meu cenho franziu por alguns instantes. 

— Todos os anos no aniversário do Nico, você traz as mesmas flores, fica sentada diante do túmulo dele por horas, chora e depois vai embora. Eu também faço a mesma coisa há anos, mas eu chegava aqui e esperava você ir embora, eu ficava no meu carro, porque eu não queria atrapalhar seu momento e eu sabia que naquela época, nós não nos dávamos bem — atestou, seu olhar desviou de mim e voltou a encarar o que estava em sua frente, suas mãos estavam trêmulas. 

Por conta desse gesto, deslizei minhas mãos e segurei as do Gavira, em um ato delicado, mas talvez para passar algum conforto para ele, ou pelo menos conseguir tentar passar algo. 

Remember Me || Pablo Gavi Onde histórias criam vida. Descubra agora