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Pablo Gavi

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Pablo Gavi.
Novembro, 2024.

Eu já pensei em desistir mais vezes do que imaginei. Não sei o que acontece comigo, talvez eu tenha que pagar por algo e por isso o sofrimento é meu melhor amigo. A culpa de Nico ter morrido, talvez seja algo que ainda me incomoda demais e faz com que tudo ao meu redor seja completamente cinza. Desde quando meu melhor amigo morreu, não aconteceram muitas coisas boas em minha vida, depois de um tempo, eu só aceitei todas elas e assim, continuei respirando. 

Minha casa não é meu lugar de conforto, também acho que não pertenço a lugar nenhum, não mais. Eu perdi essa percepção há alguns meses, apenas não saio de Barcelona porque eu amo de corpo e alma o time pelo qual eu jogo, se não fosse isso, eu nem estaria mais nesse país. 

— Gavira, independente da situação, você não pode surtar por absolutamente nada — Estela me encarou, seus olhos me incomodam, eles são tão verdes, que me remetem a outra pessoa — as coisas mudaram e tem que aceitar e acabou. 

— Para você é fácil falar — rebati, minha voz saiu mais grosseira do que imaginei, que merda. 

— Não, não é fácil falar, passei por uma dor parecida com a sua, mas meu namorado está morto, então não diga besteiras — sua voz saiu firme, seus passos a trouxeram para mais próxima de mim — você sabia que isso poderia acontecer e talvez tenha acontecido e o que pode fazer a respeito? Absolutamente nada. Tem que deixar a garota ser feliz, porque alimentar algo que não existe mais, vai acabar te matando, você estava tão bem nos últimos meses! 

Eu estava realmente, ou melhor, parcialmente bem nos últimos meses. Mas é só eu ver aquela garota com olhos verdes, que meu mundo entra em um colapso absurdo, mas tento não demonstrar mais isso. 

Segui em frente? Segui, mas nem sempre é fácil. 

— Às vezes eu tenho umas recaídas, tudo bem? Foi difícil tentar superar a Aitana nesses últimos quatro meses, eu consegui em partes, mas tem uma parte de mim, que sempre vai me matar — minha voz vacilou quando disse o nome dela, puxei meu ar para continuar a frase — eu iria preferir que ela me odiasse novamente. 

— Não deve ser fácil e eu entendo, mas você não pode se esquecer, que seu melhor amigo é irmão dela. Ele a ama? Sim, mas Fermín também te ama — a garota esticou sua mão e segurou a minha, delicadamente — para com isso Pablo. 

— É, eu sei. 

Meu olhar ficou distante, parecia que minha visão havia ficado turva, pressionei meus dentes de baixo contra os de cima e senti meu maxilar travando. Apertei um pouco da mão da Estela, que continuou parada ao meu lado, apenas respeitando o meu silêncio. 

(...)

Há quatro meses atrás decidi que não poderia mais manter a Aitana por perto, foi a decisão mais esperta da minha vida? De forma alguma, mas eu precisava estar longe dela, eu tinha vontade de morrer quando estava ao lado da garota, porque quando a encarava, não via absolutamente ninguém, eu não via mais a Aitana que um dia foi minha e de mais ninguém. Sabia que ela não iria se apaixonar por mim e quando eu percebi isso, precisei ir embora.

Remember Me || Pablo Gavi Onde histórias criam vida. Descubra agora