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Aitana López

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Aitana López.
Novembro, 2024.

Eu sinto tanta falta do meu pai que não consigo nem explicar de uma forma clara a qual as pessoas entenderiam. Mas é estranho, a parte que eu não lembro a morte dele é a que mais causa dor em mim, porque não sei como foi a nossa despedida, meu irmão não gosta de falar sobre isso e eu também nunca pergunto. Não sei se ele deixou algo para mim ou me disse algo que eu não poderia esquecer de forma alguma. Porém me pergunto todos os dias como a minha vida estaria se ele estivesse aqui.

Agora, estou afundada em minha cama, com Fermín ao meu lado, chove em Barcelona, devem ser lágrimas por conta de todas as tristezas que ocorreram em minha vida. Não sei porque o tempo mudou absolutamente do nada, mas foi em questão de no mínimo quatro horas para mudar o cenário de um céu estrelado para um onde raios e trovões dominariam todo o cenário.

Quando Pablo foi embora, depois de ter me dito tudo aquilo, eu me senti um pouco culpada por ter dito aquelas palavras, mas percebi que estamos destinados a estarmos longe um do outro e não podemos fazer nada para mudar isso. Para piorar a situação, me senti como se eu fosse uma criança ainda, não amo o Gavira, mas as palavras dele me atingiram porque me remeteram a uma época que eu odeio. 

— Fermín — cutuquei meu irmão, que se virou na cama, um pouco assustado, percebi que havia o acordado — volte a dormir, desculpa.

— Pode dizer, Aitana — respondeu, com a voz sonolenta — sou curioso e não vou conseguir dormir mais. 

— Será que um dia seremos felizes? — indaguei, minha voz saiu baixa, um sussurro talvez fosse a melhor forma de explicar — um dia seremos genuinamente felizes? 

— Ninguém é genuinamente feliz, Aitana. Um dia seremos felizes, mas isso não anula o fato que já fomos felizes também, só não estamos em um momento bom. Eu sei que parece o fim do mundo e que tudo está dando errado, mas já fomos felizes um dia e não podemos deixar que essa felicidade suma de dentro do nosso peito — respondeu, se virou na cama, o colchão afundou um pouco mais e pude o encarar, não perfeitamente — todos dias iremos ter momentos felizes, como tristes. 

— Tenho medo dos dias tristes se tornarem mais constantes ainda — fechei meus olhos com uma certa força e depois os abri em seguida.

— Isso pode acontecer e é triste, mas para isso existe ajuda — bocejou enquanto dizia, mas tentou disfarçar.

— É eu sei… eu preciso tentar dormir agora — menti, mas sei que meu irmão está morrendo de sono — boa noite, Fer. 

— Boa noite, Aita.

(...)

Quatro semanas depois.

Tenho oficialmente dezenove anos. Isso é assustador, porque eu não lembro de como foi ter dezoito anos, na realidade, parcialmente não me lembro nem de como foi ter dezessete anos. Não fiz absolutamente nada nesse dia, passou em branco, como eu queria, mas estudei bastante enquanto as horas do dia o qual eu celebrava meu aniversário passavam. Fermín tentou fazer com que eu saísse e o resultado foi falho, Victória também tentou e não conseguiu também. 

Remember Me || Pablo Gavi Onde histórias criam vida. Descubra agora