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Aitana López

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Aitana López.
Março, 2024.

O primeiro amor na vida de uma garota, é o pai. Eu sempre entendi o que essa frase significava, mesmo que muitas pessoas não tenham tido a dádiva de aproveitar o amor que um pai poderia dar ao seu filho. Meu pai não foi a primeira pessoa a me decepcionar, porque ele nunca fez isso, mas ele me apunhalou pelas costas, quando morreu e me deixou sozinha, jamais imaginei perder meu pai, por mais que essa seja a ordem da vida, eles irem primeiro, para depois os filhos, nesse exato momento, eu queria que fosse ao contrário. É injusto uma pessoa que amava tanto a vida, ter ido dessa maneira. 

Eu recebi a ligação do hospital nesta tarde, ninguém me atendia e então eu resolvi ir sozinha, não sei se isso foi bom ou ruim, mas tive que escutar aquelas palavras sozinha, e eu me senti a pessoa mais solitária de todo o universo, parecia que meu coração havia sido roubado do peito e todo o meu ar, tinha ido embora, uma pena que meu ar, também roubado, não foi ao meu pai, para ele ter alguns dias a mais de vida. 

“Nós do hospital sentimos muito, mas seu pai, senhor Rubim, veio a falecer essa tarde”

Essa frase vai ficar perambulando por minha mente e sei que ela estará presente em meus piores pesadelos. 

— Aita — escutei a voz calma e baixa da minha amiga — eu e Pedro estamos saindo para comprar algo para vocês comerem, Fermín está no quarto dele, mas pediu para ficar sozinho, você quer que eu faça alguma coisa? 

— Onde o Gavi está? — sussurrei. 

— Deitado no sofá, lá embaixo. 

— Pode pedir para ele subir, por favor? 

Sabina concordou e saiu do quarto, em silêncio. 

Pedro trouxe as coisas do meu pai que estavam no hospital, eu e Fermín não queremos ver nada ainda, não tive coragem nem de entrar no quarto dele, talvez eu seja fraca, ou talvez eu seja apenas uma garota que acabou de perder o pai, e infelizmente parece que essa porra vai me matar da pior forma possível. Pela primeira vez, eu vi meu irmão desmoronar e eu não consegui fazer absolutamente nada, porque eu comecei a chorar de uma forma desesperadora vendo ele daquela maneira. 

— Me chamou? — Gavi parou na porta do quarto. 

O pai do Gavira é um merda, nunca assumiu a paternidade da maneira que tinha que fazer e sempre soubemos disso, meu pai assumiu essa responsabilidade, não por obrigação, mas porque amava o Gavi, eu percebi que Pablo está querendo aparecer o durão, que não quer chorar, mas mesmo com todos os nossos problemas, isso não pode acontecer de maneira alguma, ele tem que pensar em si próprio também. 

— Quer ficar sozinho? — perguntei, o encarando de relance. 

— Não quero atrapalhar seu irmão — respondeu, com a voz baixa, seu olhar também era cabisbaixo. 

Remember Me || Pablo Gavi Onde histórias criam vida. Descubra agora