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Pablo Gavi

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Pablo Gavi.
Junho, 2024.

Sabemos como a morte pode ser a maior filha da puta arrogante existente, mas a única certeza é que um dia morreremos. Em um dia qualquer, vamos ver as pessoas que amamos, depois iremos encerrar o dia indo se deitar e não acordaremos mais, pelo menos é isso que deveria acontecer. A morte deveria vir até nós por conta da velhice, e irmos embora em uma manhã serena. 

Mas agora foi diferente.

Sabina faleceu em um nascer do sol, mas o dia está nublado, parece que o sol não foi avisado que deveria comparecer ao céu hoje. Mas foi em uma manhã tranquila e calma, como gostaria de ir embora.

Eu não consigo acreditar que minha amiga morreu. 

Não consigo acreditar que a garota que eu considerei e sempre irei considerar como minha única irmã, faleceu. 

Tem um vazio gigantesco dentro de mim, parece que uma parte de mim morreu de novo. Isso aconteceu na morte do Nico e até hoje essa parte nunca voltou para mim e acredito que jamais vá voltar.

Li no papel do óbito as seguintes palavras:

“Sabina Martinez 
14/10/2003 - 29/06/2024”

Eu vomitei depois de ler essas palavras. 

Vi os pais dela chorando de uma forma desesperada, a mãe dela berrava implorando para que isso fosse mentira, enquanto o pai tentava controlar sua própria esposa. 

Vi Pedri implorando para que isso fosse mentira, ele teve que ser dopado, porque parecia que ele iria infartar, ele socou a parede, depois chutou mais cadeiras e saiu xingando meio mundo, o pai dele teve que o segurar. 

Fermín caiu no colo da Victória e não conseguiu sair de lá até agora, eu escuto os soluços dele há minutos. 

— Nós iremos preparar o velório dela, eu entrei em contato com os pais do Nico e eles autorizaram ela ser enterrada no mesmo lugar que ele — escutei o pai da Sabina dizendo a mãe do Pedro — ela gostaria de ser enterrada com o amigo de infância.

E eu mexi a cabeça em negação, porque eu não conseguia aceitar, eu não quero aceitar. 

— Se precisar de qualquer ajuda, quero que conte comigo, não sei como deve estar sendo esse momento para você, mas posso ajudar em qualquer coisa — a mãe do Pedri rebateu, com a voz calma e baixa.

— Eu prefiro pensar que não perdi a minha garotinha — atestou, escutei a voz dele ficando trêmula — Sabina não morreu para mim e ela sempre estará viva.

Sabina era filha única. 

Encarei o Fermín, que se levantou da cadeira, vi as pernas dele bambearem e fui até o próprio, as lágrimas ainda escorrem por minhas bochechas e acho que elas não vão parar. 

Remember Me || Pablo Gavi Onde histórias criam vida. Descubra agora