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Pablo Gavi

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Pablo Gavi.
Julho, 2024.

O céu está azul, a lua não está em sua fase cheia, por conta disso, está um pouco mais escuro, mas as estrelas estão ali, milhares delas, não consigo nem contá-las. As encaro há horas, não consigo dormir, ultimamente a madrugada virou minha melhor amiga. O calor pode-se considerar como meu inimigo nesse momento, mesmo estando ainda em uma área aberta, ele incomoda. 

— Filho — me assustei com a voz da minha própria mãe, me sentei em um estalo, na cadeira que antes estava deitado. 

— Oi, mãe — respondi, depois que o susto momentâneo passou.

Desde quando Aitana saiu de perto de mim, parece que fiquei tenso novamente, mas não esperava ver minha mãe aqui, agora, acho que já se passa das três da madrugada. 

— Por que ainda está acordado? — se sentou na cadeira de praia, ao lado da minha, ela usa um roupão, seus cabelos estão presos, minha mãe nunca mudou. 

— Não consigo dormir. 

— Tem algum motivo, ou é apenas por conta que não está na sua casa? — indagou, com a voz baixa e calma.

Estranho essa sensação, porque aqui era para ser minha casa, porém não é.

— Eu estou com o Fermín e a Aitana, então eu conseguiria dormir em qualquer lugar — dei de ombros, não consigo manter contato visual com minha mãe, eu sinto vontade de chorar — ultimamente não estou conseguindo dormir, parece que o sono fugiu do meu corpo há semanas.

— Eu entendo, filho — sua mão veio em direção a minha perna e eu me esquivei no mesmo instante, não foi por maldade.

— A senhora não entende — mordi meu lábio inferior, deve ser para conter algumas lágrimas — posso te fazer uma pergunta? Dependendo da resposta, prometo te deixar em paz para o resto da vida.

Minha mãe me encarou como se eu não fosse ninguém, seu olhar é totalmente vazio, como se me visse e não se lembrasse de absolutamente nada, o mais triste, é que eu também não me lembro muito dela. Me lembro mais da minha tia, que me criou, como figura materna, do que da minha própria mãe. Mas sei que ela foi uma boa mãe para a minha irmã. 

— Pode, Pablo.

— Por que não me trata como uma mãe trata um filho? Por que não me olha direito nos olhos? Por que sempre sou tratado com estranheza? — saiu mais de uma pergunta e se dependesse de mim, sairia muitas mais, bufei pelo nariz, meus dedos das mãos se entrelaçaram e meu olhar ficou na mulher que está em minha frente.

— Porque quando eu te vejo, eu vejo o seu pai — respondeu, com a voz extremamente seca, porém rouca. 

E foi como se eu tivesse levado um tiro bem no meio do meu peito. Minha respiração falhou e tentei puxar o ar por mais de uma vez, até tudo se estabilizar novamente. Meus dedos se apertavam um contra o outro. 

Remember Me || Pablo Gavi Onde histórias criam vida. Descubra agora