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Aitana López

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Aitana López.
Julho, 2024.

Eu não lembro da minha infância, em teoria. Algumas pessoas acham isso estranho, enquanto outras dizem que é comum. Sei que quando estava por volta dos sete anos, meus pais se separaram, minha mãe nunca quis ser mãe, mas eu acabei acontecendo e o sonho de viajar pelo mundo, foi travado, até que depois de um tempo, o sonho voltou e ela não quis mais ficar com meu pai e me levou para essa loucura junto. Segundo todos que já me conheciam na época, eu chorava todos os dias pedindo para voltar para casa, eu não me importava para onde estava, mas eu queria meu pai e o Fermín de volta, fiquei muito doente na época e minha mãe me trouxe de volta para Espanha, mas ela se foi e eu fiquei. 

Às vezes penso que ela não é muito comunicativa comigo por conta disso, eu realmente sempre tentei entender o porquê minha mãe nunca esteve presente na minha vida. Eu era apenas uma criança quando fiz minha escolha, mas não mudaria ela de forma alguma, eu trocaria toda a eternidade para viver com meu pai e meu irmão. 

Mas parecia que realmente, meu destino iria ser traçado na Espanha e não em qualquer outro canto do mundo, mas hoje em dia, nem tenho certeza se estou certa em pensar isso. 

Gavira está deitado ao meu lado, dormindo. Seu braço está esticado, parece que era na esperança de eu deitar com a cabeça sobre ele, sinto muito, mas não consegui. De madrugada, eu chorei, ele chorou e choramos juntos, hoje, dividimos a mesma angústia, que até algumas semanas atrás, eu não sabia o que era. 

Não quero estar aqui quando ele acordar, levantei da minha cama, com delicadeza, passei pelo banheiro, mas fui rápida o suficiente para ele não me ver caso acordasse, e desci escada abaixo. 

— Dia — Fermín murmurou quando me viu, logo quando entrei na cozinha, ele está encarando o fogão, com uma cara inchada de sono — tive um pesadelo e acordei… agora vou ficar paranoico por uns bons dias, mas você conseguiu dormir?

— Pode me contar que pesadelo foi? Porque ultimamente estou craque em ter pesadelos, agora conheço tudo sobre eles, até pesquisei na internet o que cada um significa e nem sei se tudo aquilo tem fundamento — dei de ombros e me sentei no banquinho de frente a bancada de mármore que temos no meio da cozinha, quando eu era pequena, odiava limpar isso — consegui. 

Eu realmente consegui dormir, há dezoito dias eu não dormia direito e hoje eu simplesmente apaguei. 

— Você e o Gavi morreram no pesadelo e eu tive que enterrar os dois e como castigo, eu não podia me matar, porque tudo o que eu fazia, era falho, acordei desesperado — virou me encarando e esticou um prato, com um pedaço de pão tostado — dormiu com o Gavira? 

— Que horror — murmurei e dei uma mordida no pão, nas últimas semanas está bem difícil para comer, parece que meu corpo não aceita comida, ultimamente tudo o que eu faço, acabo achando injusto — dormi, mas não é o que está pensando. 

Remember Me || Pablo Gavi Onde histórias criam vida. Descubra agora