Capítulo 5: Uniformes

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Pela primeira vez, nossos uniformes de batalha seriam usados.

O Asas Iluminadas é permissivo quando se trata dos uniformes de missões. Tendo soldados com poderes e estilos de luta completamente diferentes, não poderia ser de outro modo. Todos nós consultamos estilistas renomados e nossos uniformes são custeados pelo governo, de acordo com como escolhemos os modelos.

Meu uniforme obviamente é à prova de fogo, conta com uma calça preta justa no corpo para facilitar a mobilidade com uma saia vermelho vinho que vai até o meio das coxas. Parte do meu uniforme é um cinto com uma pequena pochete, caso eu precise carregar alguma coisa pequena. Uso um casaco preto curto que só chega até o meio do meu abdômen, com tecido resistente para não me deixar vulnerável, porém flexível para eu me mover bem. A gola dele forma um “V” e há um capuz atrás, ele pode ser aberto e fechado na faixa bem na frente que tem a mesma tonalidade da saia. Por baixo disso, para meu abdômen não ficar à mostra, uso uma camiseta preta. As mangas do casaco terminam um pouco antes do meu pulso, com elásticos revestidos de vermelho nas pontas, e uso pequenas luvas vermelhas sem dedos. Nos pés uso coturnos típicos militares, são o melhor tipo de sapato para andar.

Me olhei no espelho. Aquele uniforme realmente havia caído bem, por mais que na hora eu tivesse a pretensão de escolher algo mais bruto e menos detalhado. A estilista havia insistido que eu me vestisse com um modelo mais tipicamente feminino, e até que a mudança não era ruim. Ela me explicou que os uniformes do Asas Iluminadas não eram somente desenhados para funcionalidade, eles também deveriam ser estéticos para elevar nossa reputação.

Depois de um mês no Asas Iluminadas, eu enfim o estava usando, pois agora era hora de pedalar até a sede e descobrir qual era a missão do meu grupo, inevitavelmente tendo que interagir com o engomadinho arrogante conhecido como Trevor Deucalion, com quem não falava nem mesmo nos treinos depois do nosso último combate.

Pedalando para lá, lembrei-me de que no recebimento da primeira missão de um grupo novato, é sempre obrigatório que os pais ou responsáveis legais estejam lá. Eu não sei o porquê deste regulamento, só sei que não me parecia muito animador que o prefeito Growin estivesse lá, e eu nem esperava que ele estivesse.

Cheguei à sede e seguindo as instruções que recebi, subi para o segundo andar, para a sala particular do general Lestat. A sala era ampla, com estantes de livros, troféus e medalhas expostos. A sala já estava aberta, Luary estava lá com seus pais. Lestat pelo visto ainda não havia chegado.

— Ah minha filhinha! Pelo Oleiro! Ficamos tão emocionados com sua primeira missão! Lembro de quando foi seu irmão mais velho! Nós quase choramos. — Sua mãe comentou emocionada. Ela parecia Luary só que mais velha e consideravelmente mais calejada de cirurgias plásticas.

— Estaremos pedindo ao Oleiro que tudo ocorra bem e sua missão seja um sucesso. — Seu pai comentou com um sorriso orgulhoso.

Eu revirei os olhos. A única coisa que eu conseguia reparar era no quão ridícula era a roupa que Luary havia escolhido. A roupa consistia numa faixa branca que cobria dos seios até a parte de cima do abdômen, um short preto que não chegava nem até o meio das coxas, e por cima um colete curto que estava amarrado com uma fita próximo do pescoço, mas deixando o decote amostra. Aquilo de forma alguma seria funcional para Luary estar protegida de ocasionais ataques, e não era nem mesmo para a mobilidade, a menos que ela tivesse a intenção de “acidentalmente” mostrar os seios durante um combate corpo a corpo. Quem foi o estilista desmiolado que ela consultou?

Percebendo que eu reparava, Luary riu sem humor.

— Gosta do que vê, galho seco? — Indagou, eu revirei os olhos e desviei o olhar. Luary sempre teve a mania de comentar sobre minha magreza excessiva. Seus pais seguiram seu olhar, me encarando com misto de repulsa e hesitação, passando a cochichar com Luary.

Herdeira de Sangue e Fogo [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora