Herdeira de Sangue e Fogo [COMPLETO]

Capítulo 45: Tesouro sagrado

No dia seguinte, eu fui para o Asas Iluminadas com a roupa que estava, para me trocar no vestiário.

Quando cheguei, já percebi pessoas ajuntadas focando inteiramente sua atenção em alguém que não era difícil deduzir quem era.

— Trevor, é sério que a Brooke perdeu o bebê? — Um rapaz indagou.

Trevor assentiu com o rosto sério.

— Sim.

— Nossa Trevor… eu sinto muito por sua perda. — Uma garota expressou com a voz emotiva.

— Obrigado. — Respondeu friamente.

Eu o olhei no meio das pessoas que se ajuntavam fazendo perguntas sobre a missão de resgate e aquelas que apenas observavam de longe e cochichavam entre si, cochichos que de fato eu preferia ter a audição ruim o suficiente para não ouvir.

Meu olhar se cruzou com o de Trevor por um instante e eu desviei o olhar, partindo para o vestiário, desviando de todas as pessoas que tentavam falar comigo ou falavam de mim.

Eu me troquei para meu uniforme reserva em uma das cabines do vestiário. Entretanto, quando ia abrir a cabine, uma voz me fez parar onde eu estava.

— Ouviu o que aconteceu com a senhora Deucalion? — Lana indagou. — Ao que parece, o veneno do terrorista Esefiano fez ela perder o bebê.

— Uma tragédia, de fato. — Outra voz feminina concordou.

— Aposto que depois dessa o conselho vai deixar o Trevor se separar dela. — Lana especulou. — Ela só tinha um papel: gerar filhos. E aparentemente não conseguiu.

— Não sei não Lana, será que o Trevor se separaria dela depois de ter se arriscado com o Ronan para buscá-la? — Inquiriu.

— O Trevor com certeza só foi resgatar ela por causa do bebê. Deve estar decepcionado por ter feito tudo átoa — Comentou com acidez.

Eu cerrei os punhos, recuei um pequeno passo para trás, querendo me encolher naquela cabine e não sair tão cedo. Passos rápidos e duros adentraram ao banheiro, e uma voz fina, porém agressiva, preencheu o ambiente:

— Cara, a sua bunda tem inveja da sua boca por tanta bosta que você fala! — Eu arregalei os olhos em sobressalto, ouvindo a inconfundível voz de Circe. — Se vai roubar o silêncio de um ambiente, deveria calcular uma forma menos porca de fazer isso!

— Ah, chegou a defensora oficial de meio-monstros. — Lana debochou.

— Eu só cansei de ficar quieta vendo gente como você fazer e dizer o que quer e sair bem. A Brooke acabou de perder o bebê dela, como você tem coragem de culpar ela por isso? — Questionou com indignação, eu arregalei os olhos.

— Ah Circe, cala a boca. Nada disso teria acontecido se você não caísse na lábia do Esefiano e fosse sequestrada. — Lana retrucou. — Até fico na dúvida se você de fato foi hipnotizada ou só ajudou ele porque achou ele bonitinho, só ficava suspirando pelos cantos!

— Você quer mesmo falar de dedo podre? Você corre atrás de homem casado, eu só queria viver um amor decente e verdadeiro, coisa que as pessoas dessa cidade não parecem conhecer. — Circe falou, com certo ressentimento. — Agora eu vou achar o Trevor, prestar condolências e perguntar como tá a minha amiga. Cansei de perder tempo com uma escória feito você.

Ouvi os passos de Circe ficando cada vez mais distantes, saindo do vestiário, no entanto os passos de Lana não saíam. As duas garotas continuavam conversando e eu resolvi sair da cabine, revelando minha presença antes oculta. Elas pararam de falar imediatamente quando me viram, me acompanhando com olhos surpresos e hesitantes. Eu guardei meu vestido no armário e simplesmente saí, sem falar com elas ou olhá-las nos olhos. Preferia evitar violência e constrangimentos maiores do que eu já fui obrigada a passar.