Arco I. Capítulo 1: O ódio

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Da minha torre, eu posso ver uma cidade decadente cheia de pessoas que fingem ser significativas

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Da minha torre, eu posso ver uma cidade decadente cheia de pessoas que fingem ser significativas.

Cheia de pessoas que escondem sua podridão enquanto apontam para o que consideram mais podre. Pessoas que evocam o tão falado Oleiro para arrogar seu privilégio de serem a raça escolhida. Pessoas que contam histórias da velha era heróica onde o Oleiro levantava seus heróis em prol das pessoas que o adoravam, uma era que desde a fragmentação dos reinos nunca mais voltou.

O vento faz meu vestido de baile esvoaçar. Apesar de eu raramente me vestir de forma especificamente feminina, aquele vestido combinava comigo. Escarlate, esvoaçante, longo, leve, com mangas compridas e largas, e um decote quadrado. As mangas compridas e largas serviam muito bem para esconder meu braço mecânico.

Me virei para o espelho rachado na parede do meu quarto. Eu estava razoavelmente aceitável, por mais que não me considerasse bonita. Meu cabelo crespo estava cheio e lindamente cacheado, o creme artesanal dava belos resultados. Minha pele escura se harmonizava com o tom do vestido. Já colocara minhas luvas brancas, era hora de ir.

Fiz fogo em meus pés para descer pela abertura do meu quarto, sem precisar descer pelo restante da torre abandonada. O raro poder do fogo pelo qual tanto me abominavam, o fogo que tanto temia, muitas vezes me era muito útil. Aquela era uma velha torre de vigia abandonada, que tinha partes da escada quebradas no meio, passíveis a tropeçar, e muitos metais enferrujados que já me causaram muitos problemas no passado. Dava trabalho descer pelos escombros daquele lugar que chamava de lar. Quando estava muito frio, para facilitar minha vida ou para me defender, o fogo era útil.

E agora era hora de deixar meu refúgio onde nenhum cidadão da cidade-estado de Torinco se prestava a ir.

— É Brooke… é agora ou nunca. — Falei comigo mesma, suspirando profundamente.

Mas eles não podiam evitar me ver quando eu passava pelas ruas e ia para a academia de magia. E agora não poderão evitar me ver nunca mais, pois logo começará minha cerimônia de nomeação para as Asas Iluminadas.

Se havia algo que minha rara magia de fogo podia fazer, era ajudar as pessoas. Defender os inocentes e melhorar o mundo. E no exército Asas Iluminadas, a legião de magos guerreiros de Torinco, eu teria essa possibilidade.

Peguei a bicicleta improvisada que fiz com peças de um ferro velho, e apesar do meu vestido chique, pedalei até o evento. Seria ilusão de minha parte esperar que alguém me desse carona, mesmo que minha torre ficasse distante da base militar onde ocorreria a cerimônia. 

Essa gente não merece você. Deveria queimar um deles e tomar um veículo decente para si uma voz do fundo da minha mente me sugeriu, e eu suspirei profundamente.

— Eu não sou assim.

Enquanto eu pedalava pela cidade, eu via algumas pessoas na rua me olharem com repulsa. E se engana quem pensa que é pela minha bicicleta feia e enferrujada, caindo aos pedaços. Eu só a tenho faz um ano, e tem dezesseis que eu sou alvo disso.

Herdeira de Sangue e Fogo [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora