Capítulo 23: Longe do Oleiro

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O olhar de Cassandra se voltou para mim.

— Brooke, o quanto ouviu da nossa conversa? — Inquiriu.

Eu engoli em seco.

— Desculpe. Acho que ouvi mais do que deveria. — Baixei a cabeça.

Cassandra sorriu minimamente.

— Tudo bem, você não ouviu nada que não pudesse. — Adentramos à caverna e enfim percebi uma mudança no ambiente: o caixão que antes ficava no meio foi jogado para o canto, e haviam duas poltronas marrons aparentemente antigas no meio da caverna. Cassandra percebeu meu olhar curioso e falou: — Gostou? Elas estavam bem baratas em um bazar. Resolvi comprar para nossas reuniões.

Eu sorri minimamente.

— São bonitas. — Observei, e então uma súbita curiosidade surgiu em minha mente: — Você mora aqui?

Cassandra riu levemente e balançou a cabeça.

— Não, esse é só um lugar especial pra mim, que logo logo terá outra utilidade. — Ela sorriu, se sentando em uma das poltronas. — Enquanto você se preparava para seu casamento, eu arranjei uma casa para mim na cidade. É pequena mas é confortável, boa para se morar sozinha. — Ela suspirou profundamente, percebi seu olhar levemente melancólico. — Eu reabri minha loja de doces. Deveria passar lá um dia.

Eu sorri minimamente.

— Me manda o endereço depois. Eu vou com certeza. — Garanti, me aproximando e me sentando na outra poltrona. — E… sobre o que vamos falar hoje? — Indaguei.

Cassandra espremeu minimamente os olhos.

— Estou te sentindo meio abatida, Brooke. Aconteceu alguma coisa? — Indagou.

Eu engoli em seco.

— Apenas… uma briga de casal. — Resumi.

Cassandra me olhou de forma atenta.

— Quer falar mais sobre isso? Sei como pode ser complicada a vida de uma recém casada. — Falou.

Eu balancei a cabeça e baixei-a, encarando meus joelhos.

— Não precisa se incomodar, não foi nada demais. — Falei. — Não é nada que eu já não esperasse casada com o Trevor.

Cassandra franziu levemente as sobrancelhas.

— Ele machucou você? — Inquiriu, com seriedade.

Eu balancei a cabeça.

— Não. Isso também me surpreende. Ele nunca gostou de mim. — Falei.

Cassandra assentiu.

— Imagino que seja complicado pra vocês dois. Se precisar falar sobre qualquer problema, Brooke, não hesite em falar comigo. Acredito que possa confiar mais em mim do que no conselho, certo? — Aventou.

Eu assenti.

— Sim, com certeza.

— Brooke, eu preciso saber: você conhece as histórias antigas, certo? — Cassandra indagou.

Eu afirmei com a cabeça.

— Sim, conheço.

Ela esboçou um pequeno sorriso pretensioso.

— Qual é sua favorita? — Questionou.

— A de Ravi, o Grande. — Falei.

Cassandra riu levemente.

— Acho que todo mundo gosta dessa. Chega a ser um clichê, mas não posso negar que é uma história grandiosa. — Cassandra falou. — Ravi era o tipo de pessoa que todos querem sentir que são. Ele era bom, era firme, era esperto. Tinha um poder fraco, foi desprezado por isso, mas não viu isso como um limitador de seu potencial e perseverou até ser considerado o mais forte. A parte interessante que ninguém fala sobre isso, é que Ravi era parte da Ordem do Oleiro.

Herdeira de Sangue e Fogo [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora