Capítulo 9: Chances de uma vingança

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Após finalizar a filha de Dazai, Trevor estava machucado e fraco demais para usar a aura dourada, havia gastado muita energia para regenerar a si mesmo de golpes que em qualquer outro ser humano seriam fatais.

Também desconfiava que a influência de Dazai em suas emoções talvez estivesse minando a força de sua magia.

Olhou para Brooke. Ela estava caída, desmaiada e sangrando, mas não havia o que fazer além de esperar os reforços de Circe chegarem, afinal a aura dourada não estava funcionando.

O rádio em seu bolso apitou, ele rapidamente atendeu. Era Circe.

— Houve um problema mas os reforços da polícia já estão a caminho, estamos vindo do bairro ao lado, chegaremos em cerca de cinco minutos. — A garota o notificou. Trevor fez uma careta descontente e assentiu.

— Circe, avise a polícia de que a casa caiu. A Brooke já sabe de onde veio. Ela está desmaiada. — Trevor avisou, com o tom seco e sério, quase pesaroso. Circe emitiu um ruído de espanto e ficou em silêncio alguns instantes antes de responder:

— Certo. Avisarei. — Circe concordou, e então desligou o rádio.

Agora Trevor tinha outro alvo. Ele olhou para Dazai que corria para o lado de onde tinham vindo no corredor, com grunhidos desesperados. Trevor riu sem humor, seguindo-o a passos rápidos sem sequer precisar correr, Dazai o olhava aterrorizado por cima do ombro, até chegarem novamente dentro da secretaria, onde o corpo de Luary e Marienne ainda jaziam sobre o próprio sangue.

Dazai se agachou com rapidez e tirou a arma de fogo que estava acima do corpo de Marienne, e apontou para Trevor com as mãos e os olhos trêmulos, com a expressão de nítido pavor.

— Para trás ou eu vou atirar! — Dazai balbuciou, suas mãos trêmulas causavam em Trevor um prazer sádico.

— Atire se tiver coragem. — Desafiou. — Tudo que vejo é um homem covarde que não mata com as próprias mãos.

Dazai atirou, porém não foi muito difícil para Trevor simplesmente desviar da bala. Dazai grunhiu de pavor e Trevor o chutou na cabeça, fazendo-o cair contra um armário da secretaria e derrubar a arma. Trevor agilmente pegou a arma e apontou para Dazai, com grande frieza transparecendo em seu rosto.

— Por favor, eu só fiz tudo que fiz pela minha filha! Lorde Hamartía foi o único que nos estendeu a mão, eu não tive escolha! — implorou, pressionando o próprio corpo contra o armário de ferro na secretaria, encurralado como um rato de laboratório. — Lorde Hamartía, por favor…

Trevor elevou seu rosto, sem mudar um centímetro de sua expressão, enquanto interrompia sua frase com três tiros certeiros na cabeça do mandante dos suicídios.

Ainda com a arma em mãos, Trevor andou novamente até onde Brooke estava. Checou seu pulso. Ela ainda estava viva. Observou como aquela garota impetuosa e alvo de sua sede de vingança contra Hamartía e o Abismo estava indefesa, como ninguém questionaria se naquele momento ele fizesse o que sempre desejou internamente, mas nunca teve chance.

A arma em sua mão ainda tinha uma bala. Se a matasse com aquela arma, poderia facilmente culpar algum dos outros assassinos.

Trevor apontou a arma para a cabeça de Brooke, entretanto, seu dedo hesitou em puxar o gatilho para trás. Se recordou das palavras que vagamente ouviu em seu estado de paralisia depressiva dentro da redoma de fogo.

“Mas eu também jamais poderia fazer parte do Abismo! Não importa quem é meu pai, eu nunca estarei do lado de gente incapaz de chorar!”

Lembrou-se de vê-la defendendo-o. Lutando bravamente apesar de também estar machucada. Lutando contra eles mesmo depois de saber sua origem. Cooperando com ele e escolhendo sua humanidade.

Ele não sabia o que havia despertado-o de seu coma depressivo justamente na hora em que ela havia declarado sua recusa ao abismo, mas aquilo havia dado tempo de Trevor, enquanto se recuperava, perceber que Brooke aparentemente não era um monstro.

Matá-la agora não significaria se vingar de Hamartía e do abismo, até porque monstros não são capazes de amar. Não tiraria nada de Hamartía caso a matasse. Seria tão podre quanto matar uma inocente.

Ele subiu a mira da arma e atirou na parede do fim do corredor, desperdiçando a última munição e jogando a arma longe. Ele rasgou o tecido do próprio sobretudo e começou a estancar o sangue de Brooke no abdômen e no ombro, próximo ao braço mecânico. Por mais que usasse a aura dourada para quase tudo, também sabia o básico de primeiros socorros.

E então, Circe e os reforços da polícia chegaram.

Calma Trevor...
Um soldado implacável recusou matar a pessoa que é alvo da sua sede de vingança por honra e gratidão. O que acharam desse capítulo? Se gostaram, deixem a estrelinha e saibam que amo responder comentários.
É isso, até o próximo!

Herdeira de Sangue e Fogo [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora