Sammy, Lilise

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prontinho, considero isso uma maratona hein. em breve tem mais capítulos novos (amanhã).

beijinhos e boa leitura! amo todos ❣️
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Quando Billie foi embora, Annelise se sentiu deslocada (mesmo estando em sua própria casa). Sabia que o que tinha que ser feito era se sentir ao lado de Sam e conversar com ela, mas não foi isso que fez.

Annelise se trancou em seu quarto, e já que naquele dia era feriado, sabia que não sairia de lá até o dia seguinte.

Ela pegou seu livro e mergulhou nas letras, criando um novo cenário em sua cabeça. Ela adorava aquela sensação. Annelise via os livros como uma saída de seus problemas, criava uma vida nova com base neles.

Lia para sair de sua realidade, para viver coisas que não viveria na vida real, e para chorar com frases que ela nunca ouviria. Aquilo fazia seu coração doer lá no fundo, ela sabia que aquela obsessão por livros era, no mínimo, preocupante.

Passei no mercado, comprei sorvete vegano de menta e chocolate, Foi a mensagem que recebeu de Billie.

E obviamente você vai me esperar pra comer com você, Foi o que respondeu.

Passou o resto de seu dia com os olhos grudados nos livros. Ao menos tinha criatividade para escrever um de seus poemas, estava fragilizada e sabia que não escreveria por um tempo.

Na noite daquele dia, ouviu batidas em sua porta, batidas lentas e com um pequeno espaço de tempo. Ela se atentou, sabia que era Sam. Mas ela não queria abrir. Se abrisse, teria que olhar em seus olhos, e se fizesse aquilo, choraria.

Mas mesmo assim, se levantou e abriu a porta, obsevando Sam parada na frente de sua porta.

- Queria dormir com você - Foi o que disse, em um completo fio de voz.

Annelise apenas deu espaço para que ela passasse. Antes de se deitar, foi até o banheiro e escovou seus dentes. Não iria comer nada, porque estava sem apetite naquele momento. Se comesse, vomitaria.

Apagou as luzes e se deitou com Sam, ao seu lado. Com o quarto escuro, não pôde ver seu rosto, mas pôde ouvir suas fungadas baixas. Se sentiu culpada. E ela ao menos sabia o que fazer. Não sabia como agir.

Por isso, ela ficou calada, ficou parada, paralisada. Seus pensamentos vagaram, viajaram para o passado. Fechou seus olhos quando sentiu eles arderem. Se lembrou de quando eram crianças, das viagens em família, dos passeios, das sempre mãos dadas entre elas.

Queria voltar pra aquele momento. Queria tanto. Annelise tinha medo de sua vida adulta, porque ela não tinha mais Sam como tinha antes, e ela ficava amedrontada com aquilo.

- Onde vai?

Sam perguntou quando Annelise fazia menção de sair cama.

- No banheiro - Foi o que disse.

- Mentirosa - Murmurou.

Ela a conhecia tão bem.

- Vou comer biscoitos com geleia - Respondeu.

- Vou com você.

As duas foram, com passos leves e devagares, mesmo que morassem sozinhas. Se sentaram no chão da cozinha, com um pote de biscoitos e um outro de geleia. Comiam aquilo todas as madrugadas quando eram crianças.

Comeram em silêncio, apenas ouvindo o barulho dos biscoitos se quebraram. Annelise olhava pra Sam as vezes, apenas para matar a saudade que tinha que encarar seu rosto. Quando Sam olhava de volta, desviava o olhar.

Sentiu seus olhos arderem, sua garganta apertar. Queria chorar, porque sentia falta de sua Sammy.

- Dormi com o Henry... há alguns dias atrás na casa dele.

Annelise a olhou, não sabia o que falar.

- Foi bom? - Foi a única coisa que disse. Sam apenas assentiu.

- Ele foi bem respeitoso - Disse.

- Eu estou namorando Billie - Disse Annelise.

- Que bom, Lilise - Sam sorriu - Ela ama você, dá pra ver - Annelise sorriu de volta. Suas lágrimas caíram.

Quando foi limpar, Sam se aproximou, limpando por ela. Annelise encarou Sam, que também tinha seus olhos inundados. Annelise quis chorar mais, queria abraçar ela e dizer que a amava. Queria ser consolada por ela, queria dizer o quanto amava Billie, o quanto se sentia especial. Queria que ela soubesse o quanto foi amada na noite passada. Mas tinha vergonha.

Pela primeira vez, se sentia com vergonha de Sam.

Samantha a guardou com seus braços, Annelise chorou em seu peito. Soluçou, a apertando com toda a força que tinha, porque não queria que ela se afastasse.

- Me desculpe - Disse Sam - Não queria que fosse assim, eu juro. Eu te amo tanto, Lilise.

- Sammy - Fungou - Eu não consigo, desculpa. Não consigo me acostumar com essa ideia, não quero viver sem compartilhar minha vida com você. Eu quero que você confie em mim de novo, que me conte seus segredos. Por favor, não me deixe assim.

- Lise-

- Eu tentei me acostumar, juro que tentei. Mas me sinto frágil. Temos um idioma só nosso, Sammy, e eu não consigo falar ele com mais ninguém. Descobri o namoro de vocês pelo celular, vocês conversavam desde antes e não me contou nada. Eram coisas que a gente falava quando era mais nova, Sam, que prometemos que contaríamos uma à outra.

- Eu te contei - Disse em um fio de voz - Senti que você era minha Lilise agora, por isso contei. Mas não ia contar enquanto você estava brava comigo, Lise. Não quero ficar desse jeito com você, me diga como consertar tudo - Sua voz embargou - Você é minha melhor amiga, Lise, eu te juro. É a pessoa que eu mais confio no mundo. Eu só estava com vergonha.

- Não tem que ter vergonha de mim, nunca tivemos.

- Eu sei, mas você só falava sobre Billie, Annelise. O tempo inteiro era sobre ela. Eu não sabia o momento de te contar, porque você parecia não ligar para o que eu sentia, você só sabia falar dela - Annelise lhe encarou - E isso não é ciúmes. Eu apenas não queria te incomodar.

Annelise sentiu um peso em seu coração.

- Por um momento pareceu que ela era mais importante do que eu.

Everywhere, Everything - Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora