White Dahlias

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- Oi, Billie - Disse sonolenta.

- Oi, anjo. Te liguei pra saber se já estava acordada - Respondeu.

Alguns dias haviam se passado, Billie e Annelise estavam bem. Mas o que sentia em seu coração, aquela sensação ruim e desnecessária, lhe atormentava todas as noites.

- Se não me ligasse, eu ia me atrasar - Respondeu, se levantando da cama - Acho que hoje vão me demitir - Bocejou.

- Credo, Ann. Por que tá dizendo isso?

- Eu ontem derramei café numa cliente sem querer - Murmurou.

- Está tão desligada do mundo esses dias. O que está havendo, anjo? - Annelise suspirou.

- Nada, só estou cansada. Quero que chegue logo o natal, quero descansar - Foi o que respondeu.

- Sei que está mentindo pra mim - Ouviu um suspiro após a fala de Billie - Está se sentindo mal? As crises voltaram?

- Não, não é isso - Bufou - Só estou sentindo um pressentimento ruim esses dias - Espremeu os lábios, pegando a escova de dente e o creme dental - Mas tudo pode mudar, né?

- Quer conversar mais sobre isso, meu amor? - Annelise sorriu, mesmo sabendo que Billie não veria.

Amava seu carinho, seus cuidados. Amava seu amor. Seu amor por ela parecia transbordar cada vez mais. Ela nunca saberia explicar realmente o quão amava Billie.

- Não precisa. Acho que é bobeira da minha mente - Ligou a torneira, molhando a escova - Vou desligar, tá? Vou me arrumar.

- Tudo bem. Qualquer coisa estou aqui pra você, ok? Eu te amo muito, meu amor.

- Eu te amo mais ainda - Desligou.

Quando foi trabalhar, seu coração começou a gelar, porque tinha medo do que poderia acontecer. Precisava de seu emprego, e por mais que tentasse manter uma autoconfiança em relação ao seu desempenho, sabia que realmente não foi uma funcionária boa durante aqueles dias.

Ao contrário do que pensou, não foi demitida. Apenas foi chamada na coordenação, teve que ouvir uma longa conversa sobre separar sua vida pessoal do trabalho. Suspirou em alívio, porque não precisaria trancar a faculdade por falta de dinheiro.

Quando chegou em casa naquele dia, mandou mensagem pra Billie. Lhe disse que estava tudo bem, e que estava morrendo de saudades. Tinha combinado com ela de que iria pra sua casa quando saísse da faculdade.

Quando pegou o metrô, abriu seu livro e passou os olhos pelas letras que tinha ali, mesmo sabendo que não se concentraria. Seu coração lhe avisava que aconteceria algo, mas talvez o pior fosse não acontecer e ela ficar com aquela sensação guardada dentro de seu peito.

Suas aulas se passaram de maneira lenta, apenas porque ela estava morrendo de saudades de sua Billie. Quando finalmente tudo acabou, parou para comprar café numa cafeteira que tinha por ali por perto.

Avistou Oliver indo em sua direção e aquilo a fez engolir em seco. Xingava internamente a moça do caixa por ela não processar o pagamento logo. Annelise só queria sair daquele lugar.

Quando finalmente finalizou a compra, pegou de café e fez menção de sair do estabelecimento. Mas Oliver estava parado em sua frente.

- Oi, Lise - Annelise suspirou - Podemos conversar um pouco?

- Desculpe, mas não. Tenho que me apressar - Passou por ele, caminhando rápido e saindo da cafeteria.

Bebeu longos coles de café, enquanto andava até a saída da faculdade.

- Annelise! - Ouviu a voz de Oliver, andou mais rápido - Por favor. Me dê um minuto - Ela parou, se virou pra ele.

- Um minuto - Disse.

- Vi sua mensagem, te respondi mas a mensagem não chegou. Deduzi que tinha me bloqueado e por isso não falei com você esses dias, mas queria poder me explicar ou pelo menos tentar te dizer algumas coisas.

- Que coisas?

O garoto se aproximou.

- Estou apaixonado por você - Annelise engoliu em seco, lhe fitando intrigada - Não queria te deixar numa situação ruim com sua namorada. Me perdoe. Espero que tenham se resolvido.

- Por que está me dizendo isso?

- Porque precisava saber se ainda tinha alguma chance com houve - O olhou indignada.

- Como se atrave a me dizer isso? Eu namoro. Amo minha namorada e não a largaria por nada. Agora se me der licença.

Fez menção de se virar, mas sentiu seu braço sendo puxado. No minuto seguinte, seus lábios estavam sendo colados sobre os de Oliver. Annelise quis se afastar. Ela tentou se afastar. Mas ele a segurou com força, enquanto forçava sua boca na dela.

Sentiu um nó crescer em sua garganta. Quando se afastaram, quis chorar, quis fugir. Se virou, mas a visão que teve foi pior do que qualquer coisa.

Billie estava ali.

Estava com um buquê de Dálias brancas em suas mãos enquanto tinha seu rosto vermelho e seus olhos cheios de lágrimas.

Annelise andou até ela, sentindo seu peito inflar. Billie negou com a cabeça, enquanto andava para trás e deixava algumas lágrimas caírem.

Annelise soluçou, correu em sua direção. Billie se virou, jogando o buquê numa lixeira que tinha ali perto e correndo para fora da vista de Annelise.

Quando se sabe, sabe.

Everywhere, Everything - Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora