Everywhere, Everything - Billie Eilish

Falling down

Bateu em sua porta com toda a força que tinha, repetidas vezes. Gritava por seu nome, soluçava e sentia seu coração despedaçado.

Billie não lhe atendia. E aquilo deixava Annelise pior do que já estava.

Em algum momento, sua mente lhe deu uma força. Annelise começou a fuçar a frente da casa de Billie, olhou as plantas, embaixo do tapete. Até que achou. Havia uma chave reserva.

Annelise abriu sua porta rapidamente, mesmo sentindo suas mãos tremerem a todo momento. Entrou em sua casa, fechando a porta atrás de si.

Gritou por seu nome, Billie não lhe respondeu. Olhou em todos os cômodos daquela casa, Billie não estava.

Entrou em negação, porque sabia que tinha estragado tudo. Mesmo não sendo sua culpa daquela vez, mas tinha estragado tudo. Corria risco de perder Billie, o amor de sua vida.

Seu celular tocou e sentiu esperanças, poderia ser Billie. Mas não era. Era Henry. Annelise franziu o cenho. Ainda com sua respiração desregulada, atendeu a ligação, tentando não chorar durante suas falas.

- Annelise, precisa ir ao hospital agora. Estou indo também.

- O que? Por que?

- O Senhor Broke, Lise - Annelise sentiu seu coração parar um instante - Ele teve um infarto. Me ligaram da biblioteca porque não estavam conseguindo falar com você.

Em alguns minutos, Annelise entrava no hospital com passos pesados e desengonçados. Foi até a recepção, não conseguia falar direito. Sua fala quase não saia, ela estava nervosa. Ela estava com medo.

Por sorte, Henry apareceu.

- Ela está comigo, veio ver o Senhor Broke - Disse para a recepcionista.

Foram pra sala de espera. Avistou Billie lá, que chorava baixo e estava encolhida em um canto. Estava tudo vazio, a não ser pela presença dos três ali.

Annelise quis ir falar com ela. Quis se explicar e quis ficar ao seu lado. Queria lhe abraçar, porque naquele momento, tudo parecia estar desabando. E ela não sabia o que fazer.

Sem que percebesse, suas lágrimas saíram sem aviso. Sentiu os braços de Henry lhe acolherem, chorou ali. Colocou tudo pra fora. Seu mundo parecia estar caindo, nada estava certo.

Tudo estava virando de ponta cabeça. E aquilo era culpa dela.

- Ei, vai ficar tudo bem - Disse Henry - Ele está em cirurgia. Vai ficar tudo bem.

Annelise levou seu olhar até Billie, que lhe fitava enquanto fungava algumas vezes. Annelise quis dizer a Henry que seu sofrimento não era só pelo Senhor Broke, mas era porque corria o risco de perder o amor da sua vida. E aquilo lhe doía tanto que ela mal tinha forças para falar algo.

Abraçou Henry com força, se despejando em seu abraço. Suas lágrimas saíam pesadas e sofridas, porque tudo aquilo era o que seu coração sentia.

- Familiares de William Broke - Os três olharam atentamente para o médico que estava ali.

O Senhor Broke não tinha familiares vivos, tinha apenas eles. Os únicos que os consideravam como parte da família.

- Tentamos e fizemos o melhor que poderíamos - Começou - Mas o infarto afligiu muito o coração dele.

- Vai precisar de outra cirurgia? Ele vai ficar bem? - Peguntou Annelise com sua voz falha e embargada. Sua garganta doeu.

- Podem fazer o que for para que ele fique bem - Disse Billie - Vamos pagar por tudo. Apenas o deixem saudável, por favor.

- Não vai ter dinheiro e nem tratamento nenhum que o faça melhorar - Disse o médico.

Annelise sentiu seu coração parar.

- William Broke morreu às nove e cinquenta e cinco da noite, após cirurgia. Eu sinto Muito.

E todo o amor e alegria que sentia dentro de seu peito há algumas semanas atrás, quando tudo estava bem, desapareceu. Toda a alma de Annelise foi tomada por dor.

Ela não chorou, ela ao menos falou algo. Ela apenas se sentou numa cadeira que tinha ali. Olhou para um ponto fixo da sala, e como um passe de mágica, lembranças passaram por sua mente.

Se lembrou de tudo, desde o dia que tinha chegado em Brantford.

E foi naquele momento que raciocinou o que tinha acontecido. Percebeu que o Senhor Broke tinha morriro, e não havia mais nada que pudesse ser feito.

Sua lágrimas começaram a cair, enquanto ela ainda estava paralisada. Seus soluços começaram a rasgar sua garganta. Ela não prestou atenção em mais nada, apenas na dor que tinha em seu coração.

Tudo havia desmoronado. E tudo era sua culpa.

Ela nunca se sentiu tão deprimida como se sentiu naquela noite.