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Esse seria o terceiro extermínio em que Ylwa passaria com Lúcifer. Eles pareciam estar desenvolvendo uma tradição com a garrafa de vinho da véspera, nenhum dos dois dado a beber, fora ocasiões especiais ou tensas. Nesse dia, entretanto, quando os anjos saíram do portal, ao invés de entrarem e ficarem fora da vista, os dois permaneceram na sacada, observando. Em um ponto, o rei materializou um maço de cigarros, surpreendendo a pecadora.

— Nunca te vi fumar. — ela disse.

— Não é algo que costumo fazer, mas estou me sentindo inquieto e isso, por alguma razão, ajuda a me acalmar. Melhor fumar do que arriscar ter um colapso. — o rei soprou uma nuvem de fumaça, olhando para o portal, antes de desviar os olhos para a companheira e oferecer o cigarro.

Ylwa considerou. Nunca tinha fumado, preocupada com sua saúde, mas não viu mal em experimentar uma vez, afinal, ela já estava no Inferno. Pegando o bastão da mão do rei, ela puxou a fumaça e imediatamente tossiu, odiando o gosto amargo.

— Credo! É pior do que pensei! — ela tossiu ainda mais, escutando a risada do rei e estendendo a mão para beliscá-lo.

— Não precisa me agredir!

Alfred trouxe uma mesa com água, chá e sucos, assim como vários biscoitos, saindo logo em seguida. Nenhum dos dois comentou, só olhou, ainda sem saber como ele sempre sabe quando precisam de algo.

— Você está bem? — perguntou o rei, sabendo que ela tinha muitas almas para abrigar naquele ano.

— Estou. Consigo segurar, por enquanto, mas vou ter que fazer algo sobre o próximo ano se continuar a pegar mais almas.

— Você pode recusá-los.

— Posso, mas a posse dessas almas é um bom impulso de poder e agora sou oficialmente uma Overlord, posso precisar do impulso. — ela parou, pensando, antes de dizer sua ideia. — Tive uma ideia maluca. Expansão.

— Oh? Você não tinha dito para aquela tal de Carina que não estava interessada em expandir?

— Carmilla. Eu disse que não expandiria para além das fronteiras marcadas, não mencionei expandir para baixo.

O rei piscou, confuso. Para baixo? Ele repetiu em voz alta.

— Uma cidade subterrânea. Consegui alguns engenheiros civis e arquitetos nos últimos meses e os coloquei para averiguar a viabilidade. Se expandirmos o suficiente, posso colocar todas as minhas almas lá para os extermínios. Também vai abrir espaço para quem não vive dentro do meu território se mudar. O que acha?

— Você é maluca. — respondeu o rei sem pensar. De onde ela tirou essa ideia? Porra, pode dar certo, esse é o mais maluco. — Pode dar certo, mas vai ser caro.

— Com a galeria pronta, o meu salário vai ser voltado para isso, além das porcentagens que vou receber dos negócios em que investi. Vou colocar as minhas almas para trabalhar, tenho algumas desocupadas, e sempre posso pagar com uma casa ou apartamento subterrâneo. 

Lúcifer bufou, divertido com o otimismo dela, o que era novidade, já que ela é bem realista no geral. Deve estar realmente animada com essa ideia. Ele aposta que o formulário de permissão já está em sua mesa.

— Falando na galeria, quando é a abertura?

— Mês que vem. Serão duas noites privadas, só para convidados, antes da abertura oficial. Uma para a realeza, ou seja, Pecados e Goetia, e a outra para os Overlords e alguns outros nomes importantes. Os convites serão enviados na próxima semana. Ainda quer me acompanhar?

— Claro, pelo menos para a primeira. — garantiu o rei. Ele até estava animado, afinal, gosta de coisas bonitas.

— Eu... hum... pensei em convidar a princesa. — Lúcifer olhou para ela, olhos arregalados. — Ela é um membro da realeza e pensei que seria um ambiente descontraído e controlado para você revê-la.

Hell Greatest Secretary!Onde histórias criam vida. Descubra agora