Hell Greatest Secretary!

Inesperado

Se alguém lhe dissesse há alguns anos que ele estaria vivendo em um hotel de propriedade da Princesa do Inferno, ajudando-a a redimir pecadores, Alastor teria rido. Se mencionassem a estranha relação que ele desenvolveu com o Rei do Inferno e uma jovem Overlord após ser libertado de um acordo com Eva, a primeira pecadora, ele ainda riria, mas depois provavelmente devoraria o fofoqueiro em questão.

O Demônio do Rádio ainda não podia acreditar que havia sido pego desprevenido. Ele nem percebeu quando ela se aproximou e, por isso, teve de suportar anos de tortura. A dor foi ruim o suficiente, mas o escuro, o completo isolamento de sons, cheiros e outras pessoas foi o que exigiu o maior preço. Ele não queria ceder, não queria entreter a ideia de que outro o possuísse, mas no fim foi o que aconteceu. Ele deixou os cuidados de Eva, mas não sem pagar o preço com sua alma e várias cicatrizes.

Se aproximar de Charlie foi uma tentativa de conseguir uma oportunidade de, se não se libertar completamente, afrouxar a coleira. Quem diria que seria o Rei do Inferno, alguém que sempre ouvia ser um recluso, desinteressado no governo e cujo desprezo por pecadores era bem conhecido, seria aquele que quebraria as correntes ao redor de seu pescoço.

Foi fácil de perceber no primeiro encontro que a relação entre pai e filha era tensa, e um ponto dolorido para o rei. O cervo não resistiu a apertar esses botões, testando até onde poderia ir antes de enfurecer o rei, confiante de que o medo do anjo caído de magoar a filha seguraria a mão do monarca, impedindo-o de ferir Alastor. Suas breves interações depois disso confirmaram algumas coisas, mas abriram muitas perguntas, o rei não sendo exatamente como tinha ouvido. A gata seguindo atrás dele com a capacidade de usar sombras era interessante também, não muitos pecadores tendo esse tipo de poder. Estava claro que o relacionamento deles era muito próximo, mais do que chefe e empregado. A dupla era uma curiosidade a ser observada.

Alastor ainda não tem certeza de por que concordou em lutar com Adão, mas ele fez isso. O primeiro homem era desleixado, um bruto, mas o cervo foi mais uma vez arrogante. Ele sabe agora que deveria ter sido mais sutil, aproveitado sua inteligência para enganá-lo ao invés de bater de frente. Infelizmente essa clareza chegou tarde. A energia santa quebrou sua bengala, um foco de seu poder, tornando suas habilidades erráticas e abrindo a brecha para o golpe que quase o matou. Ele ainda pode sentir a queimadura do poder angelical, e com tais ferimentos ele se viu sem escolha a não ser recuar, se esconder dentro de sua sombra pelo tempo necessário para os combates acabarem.

Quando o pecador não suportou mais e saiu da escuridão, a noite tinha caído e ao seu redor só havia ruínas. Ele cambaleou até os restos quebrados de sua torre, onde finalmente se permitiu colapsar, e se enfurecer. Ele quase morreu por aquele bando de tolos do Hotel. Por que ele fez isso?! Ele precisa soltar essa corda que o prende, abrir as asas de novo e mostrar ao Inferno que ele não deve ser provocado! Infelizmente, o ferimento é grave e o demônio desmaia enquanto tenta se remendar sozinho.

A próxima coisa que ele sabe é que está acordando em uma cama macia, um quarto luxuoso e a pecadora de Lúcifer está em uma mesa próxima. Seu peito dói, a sensação de queimação ainda presente, mas está enfaixado e o sangramento contido. Sua voz normal soa no quarto, aumentando ainda mais seu desconforto. Ele tenta agir normalmente, mas então menciona-se a coleira.

Alastor puxa as sombras, mas para sua surpresa e ainda maior desconforto, ela toma o controle dele. O pecador tenta desviar, fingir ignorância, mas é rapidamente informado de que um conhecimento anormal sobre Acordos faz parte dos poderes do pequeno rei e então é sumariamente ameaçado. Ele se pergunta se ela realmente é mais forte que ele ou se é o ferimento que lhe dá vantagem, mas no final, para seu imenso desgosto, não importa. Por enquanto, ele está nas mãos da gata e, sendo assim, nas de Lúcifer.