26

341 43 15
                                    

Era difícil dizer quanto tempo eles ficaram no chão, agarrados, até Lúcifer se acalmar o suficiente para notar o seu entorno. Mas quando isso aconteceu, o rei se segurou na pecadora por mais um tempo, aproveitando o som que, nos últimos anos, se tornou uma grande fonte de conforto. Por fim, ele afastou sua cabeça do peito da gata, olhando para ela com olhos inchados e expressão cansada, apenas para se assustar com o pelo chamuscado no rosto, peito, braços e pernas dela.

— Você está machucada! Me desculpe, eu devia ter me controlado melhor, eu não quis... — exclamou o loiro, tentando se afastar mais, sentindo-se extremamente culpado e constrangido.

— Calma. — Ela o puxou de volta, acariciando o cabelo. — É só um chamuscado, não estou realmente ferida. Amanhã já estará de volta ao normal.

Ele tentou se afastar por mais um tempo, antes de desistir, não querendo usar muita força. O loiro ficou lá, nos braços da amiga, absorvendo o que tinha descoberto. Em um momento, a gata se levantou, ainda carregando o rei, e foi para o banheiro, onde encheu a banheira de água quente.

— Vamos lá, vamos lavar essa bagunça. Você vai se sentir melhor. — disse ela, colocando-o suavemente no chão.

Lúcifer se despiu e escorregou para a água, apreciando a temperatura perfeita. Ele olhou para Ylwa, que passava a mão pelas partes queimadas de seu pelo, tentando ver o estrago.

— Entra comigo? — perguntou Lúcifer.

Ela tirou os olhos do espelho, observando o monarca e sorrindo suavemente para ele, concordando. Tirou as roupas sem constrangimento e deslizou atrás do loiro, puxando-o de volta para seu peito. Eles ficaram lá até a água esfriar, quando saíram e se vestiram com roupas confortáveis. Ela com uma bermuda de algodão e uma camiseta larga em preto, ele com um par de shorts brancos e uma camiseta preta roubada da gata. Os dois voltaram para o quarto destruído, mas felizmente recuperável, unindo seus poderes para reparar o estrago. Algumas marcas de queimadura não saíram, mas era o suficiente para se sentarem na nova cama e conversarem.

Lúcifer contou seu encontro com Eva, com voz baixa e triste. Ele passou por todas as informações, hesitando no que ela disse sobre ele, mas contando mesmo assim, sabendo que não adiantava esconder que algo o incomodara depois de tamanho colapso.

— Então, quem está interferindo com as comunicações com o Céu é Lilith. — disse a pecadora, uma das mãos apertando a de Lúcifer em conforto.

— Parece. — ele concordou, olhando para as mãos unidas.

Ylwa se manteve em silêncio, sabendo que isso era difícil para ele e que o diabo precisava pensar sobre tudo. Por fim, ele olhou para cima e disse:

— Vamos reunir todas as provas que pudermos e nos preparar para a reunião com o Céu. Levando em consideração a situação, eu consegui argumentar para que o encontro fosse realizado aqui, na embaixada, ao invés de lá em cima.

Ela assentiu, concordando. A gata já tinha começado a reunir evidências, então não era uma surpresa. A reunião ser aqui, por outro lado, foi um tanto imprevisto, mas pensando bem, fazia sentido. Lúcifer não concordaria em fazer esse encontro no Céu, e eles não gostariam de se encontrar no Inferno. A embaixada, enquanto fisicamente estava no Anel do Orgulho, foi construída com poder celestial, o que a fazia o mais próximo de um terreno neutro quanto era possível sem ir para outro plano de existência, como a Terra, e nenhum anjo quer ver o diabo caminhando pela Terra.

Plano montado, eles decidiram relaxar pelo resto do dia, usando um portal para chegar até a suíte de Lúcifer no hotel. Os dois não se deram ao trabalho de mudar de roupa, estando confortáveis o suficiente com os poucos moradores para não se sentirem realmente constrangidos. Eles deixaram o quarto e, enquanto Lúcifer foi atrás da filha, desejando vê-la e se tranquilizar de que estava bem, Ylwa foi até o bar.

Hell Greatest Secretary!Onde histórias criam vida. Descubra agora