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Há algumas semanas de distância do extermínio, pouco antes de sair do Palácio na véspera de seus dois dias de "folga", Ylwa pergunta ao rei:

— Você quer me visitar amanhã?

O rei pisca, não esperando o convite repentino. Ele não esteve no território de Ylwa desde que assinaram o contrato, apesar de estar um pouco curioso sobre o que mais ela mudou, então era uma oportunidade que ele iria agarrar.

— Claro, não me importo, mas por que o convite? — questiona o diabo.

— Tenho uma surpresa para você. — responde a pecadora de forma misteriosa antes de desaparecer em sombras.

O dia seguinte viu o rei sair de um portal para dentro do apartamento de Ylwa antes mesmo do amanhecer terminar de iluminar o Inferno. Foi com um sorriso malicioso que o diabo andou pelo corredor, passos suaves para não alertar a moradora. Abrindo uma das portas, ele viu um quarto de hóspedes não utilizado, então seguiu em frente, passando pelo que sabia ser o banheiro, até a última porta. Espiando lá dentro, ele viu um quarto escuro com uma cama que mais parecia um ninho com a quantidade de cobertores e travesseiros. O rei esperou, tendo certeza de que não havia despertado a amiga, e vendo apenas uma pequena contração na orelha visível, se aproximou e pulou em cima.

As sombras engrossaram, o quarto esfriou ao ponto do congelamento e um som grave de rosnado encheu o ambiente por um instante antes de Ylwa perceber quem era e tudo voltar ao normal. Ela gemeu em aborrecimento, esfregando o rosto com uma das mãos enquanto beliscava a ponta afiada da orelha do gargalhante rei.

— Idiota. — ela resmungou antes de agarrá-lo e rodar na cama, prendendo o rei embaixo dela.

— Isso foi divertido! — disse Lúcifer, passando as mãos pelo pelo macio das costas. — Você não pode me chamar de idiota, eu sou seu rei! E com quantas vezes você me assustou é justo.

— Tudo bem. — respondeu a pecadora, largando o monarca e se levantando. — Imagino que a culpa seja minha, não te dei um horário.

Os dois saíram do quarto e Lúcifer se fez confortável na sala enquanto a demônia se arrumava e comia. Meia hora depois eles saíram do apartamento, descendo as escadas normalmente e deixando o prédio para trás. O dia já tinha começado, os pecadores na rua eram os pássaros matinais saindo para trabalhar e as corujas noturnas que estavam voltando para casa depois de uma noite de farra. Os dois caminharam tranquilamente até chegarem a um parque, o mesmo da última vez, mas agora realmente parecia o que era chamado.

O que antes era um espaço vazio estava cheio de arbustos vermelhos, árvores altas e escuras, flores assustadoras, bancos de pedra e onde ficava o buraco, agora havia um lago, cercado por uma grade de ferro. Lá, nadando suavemente, estavam vários patos.

— Ooohh!!! — exclamou Lúcifer, animado. O diabo correu até a grade para ver mais de perto.

Os animais eram muito semelhantes aos patos-reais encontrados na Terra, mas onde nos machos a cabeça é de um verde brilhante, no Inferno a cor é de um vermelho vivo. Outra diferença é que eles são maiores, mais próximos do tamanho de gansos. Enquanto Lúcifer observava, um pato chegou perto o suficiente para o rei pegar.

— Eu não faria isso... — o pato cravou os dentes na mão do rei. — ... se fosse você. Eles têm dentes afiados.

— Eles são adoráveis! — disse o rei, acariciando o animal agarrado a sua mão, tentando arrancar um pedaço, mas falhando em perfurar a pele angelical. — O que eles comem?

— Peixes, principalmente. Eu consegui permissão da Overlord Rosie para trazer não apenas alguns patos, mas também um pouco da vida aquática do lago de Canibal Town. Existem algas vermelhas aí, elas absorvem o enxofre e são comida para os pequenos peixes que vivem no lago. Os patos comem os peixes, mas se tiverem a chance, vão comer qualquer coisa que caia no lago.

Hell Greatest Secretary!Onde histórias criam vida. Descubra agora