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O julgamento de Lilith foi a conversa do Inferno por semanas. Levando em consideração suas posições anteriores, não era possível manter tudo em silêncio, então, ao invés disso, o rei fez um anúncio oficial para as fontes de notícia. Uma declaração foi enviada às principais emissoras dos sete anéis, assim como para jornais e revistas. Alastor até anunciou todo o caso em sua transmissão, e se alguém notou que ele falava como se estivesse lá pessoalmente, bem, ninguém comentou.

O rei do Inferno não correu para resolver a prisão da ex-esposa. Lilith ficaria bem por mais alguns dias e ninguém conseguiria alcançá-la dentro da sombra de Ylwa. Não, o que importava para o rei era garantir que sua filha estava lidando com a situação. Charlie entendia a necessidade da prisão e do isolamento de sua mãe, compreendia, mas ainda estava triste. Levou alguns dias para recuperar sua energia normal e Lúcifer se manteve próximo durante todo esse tempo, desejando assegurar à princesa de que não estaria sozinha e seu pai ainda estava ao seu lado.

Quando sentiu que ela estava melhor, o diabo abriu suas seis asas e voou para o oeste da Cidade do Pentagrama, diretamente em oposição à casa de Cain e Eva. Ele voou uma longa distância, muito além do que qualquer um ousaria ou sobreviveria, até um precipício. Lá, ele pousou e analisou o local. Era uma falésia encontrada ao lado do mar de fogo, a longa queda terminando em chamas líquidas de fogo infernal. Acenando para si mesmo, Lúcifer estendeu seu poder e criou uma casa. Ela era confortável, mas não luxuosa, feita da pedra vermelha facilmente encontrada no Inferno e esparsamente mobiliada. Ele alisou o terreno, fortalecendo os poucos nutrientes presentes, criando um círculo de terra fértil de cerca de 500 metros de diâmetro ao redor da casa. Logo além desse limite, longos espinhos cresceram, criando uma floresta intransponível com 5 quilômetros de comprimento, isolando aquele lado do círculo do orgulho, do deserto que compunha a maior parte de seu território.

Satisfeito com a configuração montada, ele flexionou seu poder mais uma vez e estabeleceu as proteções mágicas, garantindo que nada pode sair ou entrar sem sua permissão, além de garantir a manifestação de suprimentos semanais para que a primeira mulher não morra de fome. Com tudo pronto, o rei do Inferno abre um portal para seu escritório, onde Ylwa estava cuidando de alguns papéis atrasados. Vendo o retorno do loiro, ela se levanta e pergunta:

— Pronto?

— Sim. Vamos acabar com isso.

Os dois cruzam o portal novamente. A gata olha em volta, analisando o que seria essencialmente a prisão de Lilith por um longo tempo. Ela estaria confortável o suficiente, mas o isolamento seria o verdadeiro castigo. Sem querer perder tempo, a Overlord estende sua sombra, praticamente lançando a outra mulher para fora, fazendo-a cair de joelhos pela brusca mudança.

Lilith leva um momento para se orientar, não sabendo quanto tempo ficou em meio à escuridão, mas logo ela se recupera e olha ao redor, nariz se torcendo em desgosto.

— A partir deste momento você não poderá deixar a área designada, seja tentando passar pelos espinhos ou pulando no mar. Suprimentos o suficiente para uma semana aparecerão na mesa a cada sete dias. Qualquer pedido ou possível visita deve ser aprovada por mim ou alguém de minha confiança. — Disse Lúcifer, cada uma de suas palavras selando o destino da ex-rainha. — Sinta-se livre para se fazer em casa, você ficará aqui por muito tempo.

A mulher abriu a boca, para o que o rei não tinha certeza. Para pechinchar? Talvez zombar ou reclamar. No entanto, o diabo não lhe deu chance, agarrando o braço de Ylwa e passando pelo portal de volta ao Palácio, fechando a única saída de Lilith atrás dele.

Lúcifer suspira de cansaço, sentindo o braço da gata se soltar de seu aperto, apenas para se envolver ao redor de seus ombros. Ele fica lá, nesse meio abraço por algum tempo, antes de se sacudir.

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