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Deu muito errado. O extermínio acontecerá em 6 meses, e não um ano. Todo o Inferno estava em polvorosa; pecadores que acabaram de sobreviver já têm de se perguntar como farão isso de novo. Ylwa pode sentir o início de uma dor de cabeça. Ela tem a sensação nítida de que as multidões desesperadas vão correr até ela. Serão seis meses difíceis, e algumas regras novas terão de ser implementadas.

Leva horas para acalmar os ânimos em seu território e deixar instruções claras sobre como lidar com o possível influxo de almas. No momento em que termina, ela não se importa se já é meio da noite; suas sombras a carregam diretamente para Lúcifer, que está fazendo patos de borracha para aliviar o estresse. Parece que terá de encontrar um lugar para toda uma nova onda de patos de borracha, cada um com efeitos mais estranhos que o anterior. Que bom que não usa mais seu apartamento.

Ela deixa a pose e a dignidade desaparecerem, gemendo e se jogando sobre o rei, seus braços envolvendo os ombros largos e seu nariz se enterrando no cabelo da nuca, inalando o cheiro de maçãs e fumaça.

— Isso vai ser um pesadelo — ela diz.

O diabo larga o pato em suas mãos, levanta-se e, usando as garras agora livres, levanta as pernas da pecadora até estar carregando-a nas costas, o que é meio impressionante, considerando a diferença de altura. Lúcifer, sem dizer nada, carrega a mulher até o sofá do canto e a deixa descer no tecido macio, imediatamente se enrolando sobre ela. Os dois ficam lá por um tempo até Ylwa, com as mãos acariciando a cabeça do rei, perguntar baixinho.

— Eles podem fazer isso? Acrescentar datas assim?

— Não tenho certeza. Eu não estava no meu melhor quando o contrato foi escrito, e desde aquela época não precisei rever os termos. — O rei pensa, tentando se lembrar daquela época, mas só consegue visualizar o medo da guerra, olhos furiosos, corredores vazios, silêncios tristes e um coração pesado. — Talvez, se houver uma brecha que não me lembro.

— Onde está a sua cópia do contrato?

— Arquivada, eu acho.

A pecadora faz uma careta. Os arquivos são um maldito labirinto; mesmo que Lúcifer se lembre de quando, exatamente, foi assinado o Acordo de Extermínio, pode levar meses para encontrar. Não adianta pedir para materializar o contrato; o porão do palácio é tão protegido quanto o resto, até mais, já que abriga os Arquivos do Inferno. Nem o Rei pode remover algo, não sem saber exatamente onde está, e levando em consideração a época em que tudo isso aconteceu, ele não vai se lembrar.

Com um suspiro, ela cria uma quantidade realmente impressionante de servos de sombras, direcionando quaisquer outros dos já existentes, fora aqueles em funções essenciais, para a procura do contrato.

— Como Charlie está lidando com isso? — ela pergunta ao amigo.

Lúcifer geme, esfregando o rosto em cansaço.

— Nada bem. Ela sempre detestou os extermínios, desde o momento em que entendeu o que eles significam. Ela vai se exaurir tentando encontrar um jeito de parar isso.

A pecadora ronrona, considerando o que fazer. Foram algumas horas difíceis, e ela não dorme há alguns dias. Talvez um descanso ajude a pensar com clareza. Apertando os braços com mais firmeza ao redor do rei, ela os faz derreter em sombras, ressurgindo já na cama, cada um em seus pijamas favoritos. Ela se ajeita debaixo dos lençóis, espremendo Lúcifer contra ela.

— Vamos descansar um pouco. — Quando ele tentou argumentar, ela colocou um dedo contra os lábios dele, silenciando-o. — Não vamos resolver nada exaustos. Meus servos já estão procurando pelo contrato, e temos seis meses para inventar algo. Uma noite não vai levar à destruição do Inferno.

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