Diário de um injustiçado

15 de Novembro - confissões sinceras

Hoje pela manhã fui acordado por um militar, ele me acordou com calma e pediu que eu me arrumasse, segundo ele teremos uma visita importante hoje. Na prateleira do armário de vidro estava um uniforme todo branco com um colete laranja, o militar pediu que eu vestisse e assim fiz. Todos os presidiários estavam vestidos do mesmo jeito, parecia até uma comemoração ou a espera dos servos pelo seu chefe. Enquanto o convidado não chegava os militares trouxeram nosso café da manhã que por incrível que pareça foi um mini copinho com suco de laranja e metade de um pão com ovo. Eu caí de boca naquele prato, até então eu estava morto de fome. Quando eu terminei de comer os militares se colocaram em posição e um sacerdote veio em nossa direção, ele estava com um coroinha do lado, e tinha em sua mão um bíblia e um crucifixo. O padre passou de cela em cela e conversou com todos os presidiários, quando chegou na minha vez o padre olhou para os meus olhos e disse:

- É um prazer meu filho, Deus te abençoe! Eu me chamo Giovanni, qual seria o teu nome?

Eu então limpei as migalhas de pão da boca e respondi:

-É um prazer senhor padre, eu me chamo Toomas.

O padre então pediu que o coroinha se afastasse e ali começou uma das conversas mais importantes que eu tive na vida. O padre com grande amor e felicidade no rosto estendeu a mão e disse:

-Toomas, o senhor lhe chama. Estou aqui pois ele me chama a serviço, posso ouvir um pouco de sua história?

Ver o padre ali me fez lembrar dos domingos que eu ia com meus pais à missa. Era tão entediante, porém era maneiro ver os dois sempre juntos como uma família sabe? Eu então me sentei no chão e o padre me acompanhou. Depois eu segurei a mão do padre e comecei a contar minha história. Quanto mais eu contava mais contente ele ficava, nem se quer chegou a se assustar com alguns pontos em específico. Quando eu terminei ele disse:

- Toomas, se arrepende de seus pecados?

Não entendi a pergunta, até então aquilo não era muito bem uma confissão né? A minha falta de compreensão me levou a perguntar uma coisa ao padre:

-Padre Giovanni, mas eu não me confessei, nem sei ao certo quais são meus pecados.

O padre então abriu um sorriso e disse:

-Toomas, você contou de forma sincera a tua história e me disse quais foram os seus erros. Você se lembra de mais algum?

Depois disso eu apenas sorri e apertei as mãos do padre, naquele momento ele colocou as mãos sobre minha cabeça e me entregou o sacramento da confissão, foi naquele momento que eu vi que Deus não desistiu de mim, ele confia em mim.

O padre depois de atender todas as confissões rezou uma oração de ação de graças e saiu junto com o coroinha, depois disso eu me ajoelhei sobre minha cama e fui conversar com Deus, a conversa foi tão boa que nem vi a hora passar, simplesmente acabei dormindo ali, de joelhos mesmo, eu estava seguro.