19 de Dezembro - Lavagem de roupas

4 1 13
                                    

Hoje o dia está bem gelado e está caindo uma leve garoa. Infelizmente o surto de gripe ainda não passou e muitos presos ainda estão ficando doentes. O senhor Derick avisou que os prisioneiros que estão em estado grave serão transferidos para evitar complicações e que os que estão contaminados ficarão em uma área de contenção já que essa gripe está realmente séria.

Pela manhã eu acordei com o Stein apertando o meu braço. Eu tenho tanta raiva disso, quando ele acorda primeiro ele simplesmente não sabe esperar, ele tem que vim me perturbar, porém o que eu posso fazer né? Eu apenas bato nele e depois vou perturbar o Vicente. Nossa manhã foi assim, um enchendo o saco do outro enquanto comemos biscoitinho de manteiga com leite morno. A cozinha felizmente está voltando e já estamos comendo um pouco melhor.

Hoje segundo o senhor Derick eu tenho uma audiência e fico surpreso que aqui dentro tem uma sala onde tem um pequeno tribunal. Essa audiência foi marcada para decidir alguns pontos da minha sentença e isso prova que o doutor Daniel fez um bom trabalho e sem dúvidas as minhas anotações serviram para algo, por mais que eu possa mentir nas linhas do diário a partir de uma certa análise é possível saber o que aconteceu e o que não aconteceu.

Pela tarde eu me preparei para esse momento. Coloquei um terno que eles me deram, passei cuspe no cabelo e tudo isso enquanto o Vincent me gravava, segundo ele esse momento era mais que especial, era um momento onde eu receberia uma sentença um pouco mais justa. Tudo estava indo bem. Eu estava ajeitando o terno, o Stein arrumava minha gravata e o Vincent gravava aquele momento, mas como um lapso o Vincent começou a ficar pálido e acabou caindo após se desequilibrar. Meu corpo no momento só conseguiu se tacar para trás e tentar segurar ele, mas não deu tempo, o Vincent caiu no chão mas ainda ficou consciente. Eu então olhei para ele e fui chamar o guarda,  porém o Stein tocou no meu ombro e disse:

-Não precisa Toomas.

Eu então com olhar confuso e fala confusa disse:

-Mas, mas porque? O Vincent está doente? Vocês não me contaram. Pera, você sabia também Stein?

O vincent então olhou para mim e disse:

-Está tudo bem, Toomas eu só estou um pouco fraco, acho que a gripe acabou me pegando também.

Depois disso sentamos ele na cama e eu o acompanhei sentando também. Posso até ser lerdo, mas algo não me cheira bem nessa história de gripe? Humm sei não, algo não está certo. Mas o que eu podia fazer? Eu apenas abracei ele, dei um beijo na testa dos dois e fui para a audiência com o terno todo amarrotado. Os militares então me tiraram da cela e me levaram até o tribunal. Lá dentro estava uma quantidade gigantesca de pessoas, desde os pais dos meus amigos até a esposa do guarda que eu feri. Todos estavam lá para depor.

O julgamento se iniciou umas cinco da tarde e foi até umas nove da noite. Tudo foi muito calmo e houve apenas muito choro e alguns gritos e discursos, principalmente por parte dos pais da Estella. A primeira parte da audiência foi em relação aos pais do Adrus. Eles estavam bem calmos e apenas contaram sobre o relacionamento do Adrus com a Estella e comigo, nada que fosse tão sério. Logo depois veio a audiência com a esposa do guarda que o tempo todo apenas chorou e disse como se sentia em relação a toda história, principalmente quando ouviu a minha versão, eu contei tudinho que na época acabou ficando para trás. A esposa dele chorava tanto e teve que sair porque começou a passar mal. Até aí estava tudo tranquilo, passamos pelos relatos dos carcereiros, ouvimos alguns militares e por fim chegou a vez dos pais da Estella. A mãe da Estella apenas permaneceu quieta, mas o pai da minha tão doce Estella soltou a voz e começou a falar as mesmas besteiras que falou nas minhas primeiras audiências. Ele falou coisas absurdas e terminou com um falso choro dizendo que o coração dele não aguentava tanta dor. Nesse momento eu apenas respirei, olhei para ele e disse com o rosto repleto de lágrimas:

Diário de um injustiçado Onde histórias criam vida. Descubra agora