- Então você resolveu voltar parcialmente para a fotografia mesmo tendo certeza de que é a música que lhe define como um todo? - Os olhos analíticos do psicólogo repousavam na silhueta feminina no divã de camurça branca.
- Sim. É como me permitir reconstruir a imagem que tenho do meu passado. Não quero que a dor do luto me defina ao ponto de bloquear minhas memórias e boas lembranças. A fotografia traz muitos momentos maravilhosos ao lado da minha mãe e por isso...
- Por isso você acredita que voltar a um velho hábito anterior a ela será como uma "cura" para suas barreiras em relação ao seu passado. Mesmo que este defina sua relação com sua mãe e não você como Manuela. A fotografia define a menina Hillary ao lado de sua mãe, compartilhando da mesma paixão. Mas não a mulher Hillary. A mulher Hillary é alguém diferente que desenvolveu uma nova paixão. - O homem fazia algumas anotações freneticamente.
- Exato. A fotografia define minha relação com minha mãe. Os primeiros anos da minha infância foram os melhores e foram nesses anos que conheci a fotografia antes da música. A música simboliza minha fase de crescimento, quando comecei a me definir... Eu ainda amo fotografia mas... Ela não me define e não me acolhe como a música fez.
- Entendo, senhorita... Pretende estipular um tempo para esse novo hobby? Ou devo dizer... Auto terapia?
Manuela olhou para seu psicólogo antes de sorrir calmamente.
- Auto terapia. Pretendo manter enquanto sentir que meus complexos ainda perduram. Então... Quando eu sentir que superei o lado ruim do meu passado, quando sentir que restaurei minhas memórias boas... Poderei focar na música.
- A fotografia é a chave para você se superar, certo? Superar o passado para que a música acompanhe seu futuro? - O Dr. Mendisson lançou a última pergunta da consulta do dia.
- Exato.
- Promissor. Parece que a senhorita encontrou seus próprios meios de se ajudar. Aparenta estar acostumada com isso... A sempre depender de si mesma para buscar suas próprias soluções. Geralmente este tipo de habilidade não tem boas origens, mas é uma excelente arma para enfrentar a vida. Devo parabenizá-la por isso. - O psicólogo se levantou ao mesmo tempo que Manuela.
- Eu agradeço, Dr. Mendisson. - A mais nova sorriu enquanto se despedia.
•••
- O tempo em que nós tivemos juntas foi pouco, mas ao mesmo tempo, suficiente para saber que ter a sua amizade foi um alento para mim, Lara. - Manuela abraçava o corpo jovem com ternura.
Lembrava-se de tudo que a rosada havia feito por si e sabia que com Raquel, teria sido ainda mais caótico sem a ajuda da mais nova e sua amiga investigadora.
- Foi um prazer trabalhar com a senhorita. Sinto muito que nossa amizade tenha sido construída sob situações tão tensas e inusitadas, mas antes isso do que não ter a sua amizade. - Lysandre abraçou a mais nova calorosamente.
Sentiria falta daquela ousadia debochada que só Lara tinha.
- Eu agradeço de coração por tudo. Não deixem de me visitar, okay?
- Com certeza iremos. Ainda mais quando houver exposições! - Manuela disse animada com a ideia de ver o talento da menor em várias molduras.
- Realmente. Não se esqueçam de nós também! - Bauffremont acariciou os fios rosados no topo da cabeça da menor que sorriu. O via como um irmão mais velho depois de tudo.
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Minha Querida Dama da Noite (Amor Doce - Lysandre)
FanfictionManuela Darcy vinha de uma família rica. Era uma das melhores da escola e a melhor no seu curso de violino. Após a morte de seus pais em um acidente onde o avião caiu ao mar, aos seus 7 anos, ela teve a guarda transferida a avó, que morreu mais 7 an...