22- Segredos perigosos em mãos erradas

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O dia estava entrando no período da tarde, o dia estava com o típico frio de Londres, mas isso não impedia Carter de continuar seu trabalho. Deveria entregar o relatório a Raquel no dia seguinte a noite. Teria mais um tempo. Esperou que Manuela saísse do café para seguí-la. Tinha que garantir que realmente havia conseguido fazer seu trabalho 100% perfeito. Com todas as informações de Manuela.

A mesma se trocou no café e começou a andar em uma rua oposta da pensão, o que atiçou a curiosidade de Carter. Após um tempo andando, Manuela parou em frente a casa de Flora, cuja a mesma a recebeu com um abraço caloroso.

- Olá minha querida, como está? - Flora pergunta com sua voz serena.

- Muito bem! E a senhora? - Manuela retribui com o mesmo sorriso.

- Bem, vamos entrar?

As mesmas entram e Carter não vê mais nada. Ficar ali não iria adiantar nada, então resolveu arriscar. Usou uma escada velha presa na parede na lateral da casa de Flora que para alcançar uma das janelas. Elas não estavam no segundo andar. O leve sussurro de uma melodia serena produzida por um violino fez Carter erguer o rosto e ver que ainda havia uma janela para ser inspecionada. Apoiou o pé no último degrau da escada e em um pulo arriscado, conseguiu alcançar os dedos na quina do mármore da janela do último andar. Apoiou os dois pés no último degrau da escada e pressionou seu corpo a parede para que não caísse para trás. Observou através da janela levemente empoeirada, Manuela sentada em um banquinho tocando violino de frente pra Flora que estava sentada enquanto a observava e fazia algumas anotações em seu caderno. Carter observou todo o material ao seu redor. Estantes velhas com alguns livros empoeirados, fotos de violinos dos mais variados tamanhos e tipos. Fotos de grandes compositores de destaque no violino e piano como: Beethoven e Mozart. Manuela fazia aulas de violino com Flora. E pela forma que se tratavam e se olhavam... Se conheciam a um bom tempo.

Assim que Manuela foi embora, Carter a seguiu até a pensão. Ela iria para a boate. Ele voltou a casa de Flora.

- Boa noite! - E mais uma vez a máscara de bom garoto entrava em ação.

- Boa noite... Me perdoe a pergunta, mas nós nos conhecemos? - Flora pergunta desconfiada.

- Na verdade não... É que ouvi uma bela música vindo daqui e uma garota saindo em seguida e... Queria saber se aqui tem aulas de violino?

- Bem... Sim. Violino e piano. - Flora responde mantendo um tom profissional.

- Por quanto tá as aulas de piano?

- R$70.00

- Ok, muito obrigada...

- De nada, boa noite.

Flora havia percebido a máscara de Carter. A idade trazia experiência e Carter sabia disso. Sempre foi mais difícil enganar os idosos. Mas não iria desistir.

Esperou que a madrugada tomasse conta de Londres para manipular a trincadura da maçaneta da porta da casa de Flora. Entrou na casa silenciosamente e começou a vasculhar a mesma. Variados livros, inúmeros vasos de plantas e flores, infinitas folhas com partituras, instrumentos... Enfim, nada de útil. Subiu para o quarto que por ironia do destino estava com a porta totalmente aberta. Entrou silenciosamente no cômodo e uma bolsa velha em cima de uma mesa lhe chamou a atenção. Após vasculhá-la cuidadosamente encontrou documentos de identidade. Flora dormia profundamente, o que facilitou para Carter, que não teve dificuldade em ligar a lanterna do celular e tirar foto dos documentos.

Nome completo, idade, família, endereço, profissão... Já era o suficiente. Após dar um "jeito" na porta, foi embora. Olhou para o relógio. A essa hora as meninas já estariam terminando o trabalho. Era a hora exata. Carter foi até a boate e encontrou as meninas saindo. Acompanhou as mesmas camuflado pela escuridão. Observou de longe que de todas as meninas, Manuela tinha uma grande intimidade com uma em especial.

Minha Querida Dama da Noite (Amor Doce - Lysandre)Onde histórias criam vida. Descubra agora