Minha Querida Dama da Noite (Amor Doce - Lysandre)

14- Conflitos

"... O que eu estou fazendo? Eu... Por que estou fazendo isso com ela? Eu sinto alguma coisa por ela? Não faz nem um mês que nos conhecemos e estou a ponto de... Beijá-la. O parque. Foi lá que nos encontramos. Manuela é uma prostituta. Não porquê quer. Simplesmente não encontrou uma saída. Ela não me falou isso mas eu soube. Soube quando a encarei fixamente. E pelo que eu me lembre, eu me sensibilizei com a situação dela... Nos tornamos bons amigos... E agora... Estou prestes a beijá-la. O que... O que eu fiz?O que eu fiz durante esse tempo que conheci Manuela? Eu... Fui ao seu local de trabalho por acaso... Comecei um estranho jogo com ela, onde a mesma deveria adivinhar meu nome... A levei em uma galeria... Flertei com ela... Lhe mandei presentes... Desde que a conheci estive o tempo todo lhe tratando como se fosse minha namorada. Como se fosse... A minha mulher."

 Müller, sem que percebesse... Começou a se afastar de Manuela com os olhos arregalados. Manuela que já mantinha a postura de medo diante da aproximação repentina de Müller, se intensificou ainda mais quando ele se afastou.

" Desde o momento em que conheci Manuela... Naquela noite... Desde aquela noite não olhei mais para nenhuma mulher... Não apreciei mais a beleza de nem sequer uma dama londrina que não fosse Manuela... Me sentia culpado ao fazer isso e de certa forma, mesmo que tentasse ver beleza em outras moças não conseguiria. Não há beleza maior que a de Manuela. Desde de que conheci Manuela... Sinto uma extrema necessidade de vê-la a todo momento, quando estou no trabalho, quando escrevo poemas, quando componho músicas, quando saio pela cidade... A vontade de vir para a pensão ou para seu trabalho simplesmente para vê-la se torna maior a cada momento! Ver seu sorriso... Seu rosto angelical... Seus olhos melancólicos e cintilantes... Me acalmam. Me fazem relaxar diante de meus problemas. Me fazem esquecer tudo. Tudo e todos... E... Por um instante... É como se existisse apenas eu e ela... Desde de que conheci Manuela... Todos os meus pensamentos, todo o meu ser está sempre voltado para ela... Sem que eu perceba. Ela não é nada minha mas sinto como se fosse tudo. Enquanto preparava esse dia especial... Quando pedi ao dono da loja de brinquedos para fazer aquele caça palavras com duas letras do meu nome... Quando escrevi aqueles bilhetes para ela... Quando lhe dei aquela rosa... Quando lhe mandava aquelas mensagens... Em momento algum parei para pensar o que diabos estava fazendo. Só... Queria ver seu sorriso reluzente, o brilho ofuscante de seu olhar. Estive alucinado por ela o tempo todo. O que está acontecendo comigo?!"

- Eu... Desculpe! Desculpe mesmo! Eu não tinha a intenção de... Te desrespeitar dessa forma! Mil perdões! - Müller abaixa a cabeça em sinal de perdão.

- Lys... andre - Manuela falou já que não sabia seu nome completo.

Müller levantou sua cabeça ao ouvir seu nome ser pronunciado daquela forma tão doce e melancólica. Seu coração acelerou. Suas pernas falharam. Ouvir aquela mulher a sua frente falar seu nome de forma tão dócil...

Se aproximou novamente de Manuela.

- O que disse? - Ele perguntou enquanto olhava ela intensamente.

- Lysandre... Esse é o seu nome... - Ela sorriu.

- Como soube?

- Aquele caça palavras que você me deu... Tinha 8 palavras... Deduzi que tinha 8 letras seu nome... Raquel falou a última letra, "E"... Seu nome é de origem grega e em um dos romances de Shakespeare, "Noites de Verão", Lysandre é o protagonista que foge com sua amada para se casarem longe de Atenas... É meu romance favorito! Não tinha certeza, mas hoje... No jantar... Senti que sim, esse era o seu nome!

Lysandre estava impressionado. Manuela era realmente... Muito inteligente... E isso só a deixava mais encantadora.

- Manuela... - Ele se aproximou ainda mais dela.