72- A união faz a força

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Após a visita feita por Lara à sua irmã mais velha quatro dias atrás, conversar com a agente e desabafar foi inevitável. Esta, por sua vez, ouviu a mais nova atentamente e sugeriu que ambas fossem conversar diretamente com o psiquiatra da prisão que atenderia Raquel daqui a quatro dias, após a consulta ter sido solicitada por Lara.

Por motivos óbvios, a rosada sentia que Hadassa não daria o ar da graça tão cedo. Mas obviamente, este não era o único problema a ser resolvido. Embora não conhecessem o rosto de Claire, sabiam da existência desta na cidade. E Lara seria o anzol para atrair a isca.

A rosada não teve opção a não ser conversar com a amiga por webcam através de um novo notebook, o qual Lysandre mandou Simone comprar antes de chegar ao trabalho e enviar para Lara por correio. A menina Albuquerque só pôde tocar em seu novo aparelho quando estava na mansão, especificamente em seu quarto. Afinal, todo cuidado é pouco. Com as investigações acirradas, ainda mais para descobrir o endereço eletrônico de quem havia mandado todas as supostas provas contra Raquel, Lara foi intimada a permanecer na mansão com toda a família por questão de precaução por parte da família e segurança.

O amontoado de pessoas de protesto em volta da mansão Albuquerque resultou em um muro completamente pichado e sujo de ovos, dentre outros alimentos e tintas, antes que a polícia interviesse. Raquel permanecia na prisão. Lara aprisionava-se cada vez mais em seu quarto. Não conseguia evitar um leve remorso. Tudo bem que Raquel, desde criança, sempre foi um poço de arrogância, crueldade e soberba, mas Lara jamais imaginou que isso era um mecanismo de defesa e revolta da irmã. Obviamente, isso não justificava as atrocidades feitas por ela, mas ainda sim... A insinuação da segunda personalidade de Raquel martelava em sua cabeça.

"Todo vilão tem sua origem. Assim como todo herói. Mas quem de nós duas é a vilã aqui?"

Lara e Raquel nunca se deram bem. Adriele fazia companhia à mais velha antes de se afastarem também... Mas dentre todos na família, por que o peso parecia ser maior na rosada?

"Dentre nós duas..."

Por que somente entre elas?

Os questionamentos pareciam querer sair da gaiola mental de Lara e gritar em torno do cômodo. Suspirou pesadamente. Saiu de seu quarto e, em passos pesados, caminhou até o escritório de seu pai e serviu-se de uma dose de tequila. Roger adentra seu escritório nervoso e presencia sua filha em tal situação.

- Sabe que é menor de idade, não é?

- E isso lhe interessa? Por que se importar agora?

- Já não basta a encrenca de sua irmã? - Perguntou Roger, encarando Lara no centro da sala.

- "Encrenca"... Você meramente chama de "encrenca"... - A mais nova diz, sentindo o estômago revirar com a repugnante indiferença de seu pai.

- Óbvio que aquilo não é verídico. Não podemos deixar que arruínem nosso império! - Roger diz exaltado com o comportamento de Lara.

A garota soltou um riso nasal. Se ele soubesse quem fez tudo aquilo... - Fale por você. Sei que não sabe, mas hoje completo 18 anos. Não preciso mais carregar esse sobrenome imundo. Tão pouco viver aqui. Diferente do resto das mulheres desta casa, não me acomodei em seu dinheiro. Eu conheço intimamente o conceito de "trabalho". Tenho o suficiente para sair desta merda de país e recomeçar. Longe de tudo aqui e principalmente de vocês. Com licença.

- Vai se arrepender disso... - O homem disse quando a garota alcançou a maçaneta.

- Pelo contrário, Roger... Meu único arrependimento é não ter partido daqui antes. Assim, poderia ter evitado tanto sofrimento.

Minha Querida Dama da Noite (Amor Doce - Lysandre)Onde histórias criam vida. Descubra agora