Minha Querida Dama da Noite (Amor Doce - Lysandre)

78- Um dia após o outro

- Entendo. Isso é tudo? - O investigador parecia tentar sondar a alma da mulher à sua frente.

- Sim. O que eu tinha de dizer, já disse. Dá para me liberar logo? - Hadassa mantinha uma postura de superioridade, olhando o oficial à sua frente como se este fosse nada mais do que um verme.

- Levem-na. - O homem disse para o policial ao lado antes de se retirar.

- Isso foi tudo que ela disse? - O delegado fixou as orbes alheias.

- Sim. Ela chantageou o ministro para ajudá-la também, já que havia descoberto sobre a rede de bordéis. Mas não tinha nenhum contato com Sílvia, além de saber que era a gestora do bordel onde a atual de seu ex-noivo era explorada, todas eram, sob ameaça de morte destas ou dos familiares. No caso da senhorita Hillary, a ameaça de matarem a Rosa Parker. Coisa que a própria Raquel ou... Hadassa, como esta se nomeia, confessou ter feito.

- Entendo... Isso fecha de vez o caso, já que não encontramos nenhum elo entre ambos os casos. O caso de Sílvia será investigado individualmente. A confissão da ré foi recolhida. Agora encaminharemos tudo para o tribunal. O caso Albuquerque termina aqui.

- É... Parece que sim.

Claire ouvia a conversa atrás da porta de um dos escritórios. Raquel, ou melhor, Hadassa, não havia entregado Carter. Mas por quê?

Ela sabia que Carter havia trabalhado para Manuela por um tempo, poderia tentar levá-lo para a merda também. Aparentemente... O desejo de uma vingança repentina para com Carter era maior do que imaginava. Ela o queria pegar desprevenido, mostrar que havia descoberto sua parceria com Manuela e depois, matá-lo. Mas ela queria ter esse prazer. Hadassa viu seus inimigos aumentando, mas não se abalou ou recuou, ela queria isso. Queria sentir o prazer de uma onda enorme bem na sua frente e vencê-la. Queria provar para todos que mesmo todos eles não eram páreo para ela. Ela queria correr o risco de se arruinar em prol dessa sensação.

Felizmente, o veredito não foi a seu favor. Contudo, isso só prova o quão doente é a mulher naquela sala. Não se importa de passar por cima de inúmeras pessoas em prol do seu prazer pelo perigo. Alguém que obsessivamente persegue riscos, embora aprecie a sensação da vitória ainda mais que o próprio risco em si. Porque é na vitória que ela sente o prazer orgasmático de estar acima do mundo.

- Tão narcisista... - Ross se aproximou da janela e percorreu os olhos pela paisagem urbana à sua frente. - Aparentemente... Não se rebaixaria ao nível de entregar seu hacker. Não posso dizer que a entendo totalmente... Mas pelo menos isso acabou. Depois de todo esse maldito tempo, finalmente acabou. - Sussurrava para si mesma.

Claire suspirou profundamente ao perceber o efeito de suas palavras. - Pirralha. Você gosta de comida italiana? No mesmo horário.

O Novikov estava mais lotado do que o costume, as mulheres estavam sentadas no canto do recinto enquanto bebiam e desfrutavam de suco de framboesa.

- Entendo... Isso significa que o caso está encerrado, certo?

- Sim... Irei esperar o Sparks conversar comigo antes de tomar a iniciativa. Não quero parecer desesperada demais. Por agora... Vou só fingir que estou seguindo o fluxo até que ele venha até mim.

- E em quanto tempo você acha que ele vai lhe chamar?

- Daqui a uns dois dias, talvez. Ele vai querer checar e rever tudo antes de conversar comigo.

- De fato... Após isso, você voltará para Chicago, certo? - Lara desviou os olhos para a janela.

- Sim. Missão cumprida, certo?

- É... Cumprida... - Lara perdeu o olhar na bebida rosada e nos cubos de gelo que boiavam nesta.

A conversa foi interrompida pelo garçom que trouxe o pedido de ambas.