35- Uma dupla formidável

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Lysandre vira o quinto copo de Whisky da noite. Estava frio e o céu ameaçava desabar em cima de toda a Londres. Após deixar o teste que Raquel havia respondido com Lara no ponto de encontro deles, Lysandre não pensou duas vezes antes de ir ao bar de sempre. Desde que Raquel começou essa chantagem, é como se a mesma trouxesse seu passado sombrio a tona de forma avassaladora.

Isso não era nada bom.

Lysandre bebia para tentar esquecer, mas parece que a cada copo que virava as lembranças vinham com mais intensidade. Mas ele não queria parar. Ele precisava sentir. Precisava sentir o gosto amargo e forte do álcool rasgando sua garganta e queimando seu estômago. Pediu uma garrafa de Bourbon, e mais uma rodada se iniciava.

Quando estava quase sem domínio sobre si mesmo, algo cai de seu bolso. Ao pegar, Lysandre percebe que é uma foto de Emily. Sorri docilmente ao lembrar de sua meiga irmã. Tão gentil, fofa, delicada e meiga... Um verdadeiro anjo! Um anjo com uma asa quebrada. Obra da própria família que sempre a ignorou, assim como fez com Lysandre. De repente, uma saudade amarga o. Então ele finalmente percebe que já faz tempos que não visita sua irmã. O peso na consciência começa a lhe atormentar. Emily era a única razão para frequentar aquela casa, e agora, aos poucos, estava abandonando a irmã mais nova.

Se levantou pagando pelas bebidas e foi em direção ao seu carro. O álcool exalava de seu corpo de tal forma que qualquer um que passasse do seu lado poderia sentir, mas ele não ligava. Precisava ver Emily. E tinha que ser agora.

Dirigia lentamente pelas ruas de Londres, já que não se encontrava em condições para realizar tal feito. Sua cabeça latejava e seu corpo estava quente, consequências previsíveis que o excesso de álcool no corpo podia causar.

Assim que adentrou a mansão Müller, estacionou o carro de qualquer jeito. Cambaleou até o hall da entrada e foi subindo as escadas lentamente, prezando pelo silêncio na casa. No entanto, não adiantou muito. Uma voz amarga coberta de soberba e desprezo lhe chama.

- Lysandre...

O mesmo já sabia quem era. Mas não estava em condições de ouvir a mesma naquele momento. Só queria ver a irmã.

- Não quero conversar agora, quero apenas ver a Emily.

- Ela já está dormindo.

- Eu sei. Não vou acordá-la, quero apenas vê-la.

Sua voz estava regada ao álcool e a rispidez.

- Estava bebendo? Consigo sentir o cheiro de Whisky daqui.

- Que bom pra você, Constance... Agora, se me der licença...

- Você ainda vai se arrepender de como trata a mim e a sua própria família.

Lysandre deixa um riso seco e irônico escapar. Se vira para a mulher de roupão a sua frente com uma escuridão no olhar. A mágoa possuiu seu ser.

Caminhou lentamente até a mesma. Quando estava cara a cara com esta, mergulhou profundamente seu olhar coberto de rancor no de Constance, que transbordava de orgulho.

- Entenda uma coisa, Constance... Não somos uma família. E nunca iremos ser. O que vive nessa maldita casa se trata apenas de um grupo de seres miseráveis e vazios que buscam veemente preencher seu vazio com dinheiro e luxo, mas não adianta. Isso não preenche. E vocês agonizam em silêncio por causa disso. Vocês morrem aos poucos cercado de riqueza sem valor. Vou me retirar, boa noite.

Pegou a mão esquerda da mulher delicadamente e depositou um beijo frio na mesma. Logo após, se virou e saiu sem olhar pra trás. 

Constance o assitia com uma expressão indecifrável.

Minha Querida Dama da Noite (Amor Doce - Lysandre)Onde histórias criam vida. Descubra agora