87- O que chamam de final é apenas o começo

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7 anos depois...

- Você tomará o remédio semanalmente, de preferência na quarta. Não exceda a dose, o abuso causa dependência e isso é a última coisa que queremos, não? - A mulher de jaleco e coque mal armado, ostentando algumas madeixas negras na face, se levanta de sua poltrona antes de apertar a mão do paciente que ergueu o corpo da segunda poltrona.

- Muito obrigada, doutora. Nos vemos na próxima semana?

- Naturalmente. Cuide-se.

- Certo. Até breve, doutora!

- Até.

O silêncio ressurge após o barulho da porta de madeira maciça fechando-se. A mulher respira profundamente antes de retirar os óculos e dedilhar os dedos pelas mechas escuras, as devolvendo pelo emaranhado de fios ondulados.

Caminhou até a estante por trás até a sacada de seu escritório e pegou uma taça unida a uma garrafa de vinho suave. Despejou o líquido na redoma de vidro e descansou os lábios rosados na taça antes de sorver o líquido arroxeado. Direcionou-se até a sacada de seu escritório. A típica vista urbana de Londres já lhe era familiar até os minuciosos detalhes.

Apertou os lábios ainda umedecidos pelo vinho, sugando os resquícios da bebida alcoólica, apreciando o sabor refinado. Três batidas foram ouvidas, rompendo a bolha pensativa que havia se formado ao redor da psiquiatra.

- Doutora Hillary, o paciente das 16:30 confirmou o adiamento da consulta. - A secretária particular, notavelmente mais jovem, segurava um pequeno bloco de anotações.

- Certo, Suzune. Obrigada. - Hillary voltou seus olhos para os prédios de cunho empresarial e as ruas movimentadas. Aparentemente, teria o resto da tarde livre. Olhou as horas no pulso antes de pegar sua bolsa. Digitou algo no celular antes de sair de seu escritório.

•••

- A coleção dessa temporada será a minha favorita, com certeza! Eu adorei os esboços, você deveria ver! A Lavínia tem um talento nato!

Manuela sorria enquanto prendia um tomate cereja no garfo. Já fazia um ano desde que sua amiga inaugurara uma pequena boutique tendo como sócia uma estilista principiante. Ambas eram novas no cargo, mas graças a uma união profissional, a loja vinha faturando fartamente há seis gloriosos meses desde que Flávia havia financiado seu próprio apartamento para viver com Kaila.

A casa de Flora virara o lugar onde Manuela dava suas aulas semanais de violino, assim como sua ex-professora, após ter se mudado com Lysandre para uma casa mais afastada da cidade.

Emily havia decidido se mudar para a casa da avó e cuidar dela enquanto mantinha sua rotina escolar. O albino se encarregou de providenciar transporte para ela dada a distância do sítio da idosa para a cidade, emocionado com a atitude da mais nova.

Kaila havia começado a faculdade de moda. Pretendia ajudar a prima-irmã em seu novo negócio.

- Com certeza. Serei a primeira cliente, como sempre! - Manuela piscou para a amiga. Sorriram em cumplicidade.

- Como sempre! E você? Como está minha psiquiatra favorita? E a vida de casada?

- Em quase 8 anos até agora, tudo bem! Estamos buscando ser sempre compreensivos e maduros em nossa relação. No início, o ciúme por parte de ambos foi um incômodo, mas já superamos isso, felizmente! E quanto ao seu namorado?

- Maravilha! Estamos bem, talvez possamos considerar a ideia de casamento...

- Se for o caso, serei a primeira madrinha, certo?

Minha Querida Dama da Noite (Amor Doce - Lysandre)Onde histórias criam vida. Descubra agora